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Escândalos e dívidas fazem da Oi caso de alerta para investidores

Há um ano em recuperação judicial, a Oi reforça a ideia de que o Brasil é um lugar perigoso até para os investidores mais experientes.

Reuters
02 de Julho de 2017 às 11:00
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Nas duas décadas que se passaram desde a sua privatização, a gigante das telecomunicações foi forçada a realizar aquisições desastrosas e transformou-se num depósito para a dívida dos seus accionistas controladores. A empresa foi utilizada pelo Governo do Brasil para implementar medidas de cunho político e submetida a regulamentações que a deixaram sem fundos. 12 meses depois do maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil, ainda não há nenhuma solução à vista.

 

Os investidores que hoje ponderam apostar na Oi deviam estudar a história da operadora para compreender como pequenos grupos de accionistas e um governo interventivo podem alterar drasticamente o destino de uma empresa brasileira. Accionistas sem direito de voto que apostaram na Oi viram evaporar quase 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros ao câmbio actual) em valor de mercado sem que pudessem fazer nada enquanto uma minoria com poder de voto dilapidava o potencial de uma enorme rede de fibra óptica espalhada por um país maior que o território continental dos EUA.

 

"Até mesmo antes de ela nascer, a Oi foi saqueada pelos accionistas controladores", disse Mauro Cunha, presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), que defende os direitos dos accionistas minoritários e conta com gestores de recursos como Will Landers e Luis Stuhlberger no seu conselho consultivo. "Ainda estamos à espera que alguém seja responsabilizado."

 

Afogada numa dívida de 19 mil milhões de dólares, a única operadora de telecomunicações nascida no Brasil está a lutar para chegar a um acordo com credores, accionistas e possíveis investidores. Dois planos de reestruturação, um em Setembro e outro em Março, foram rejeitados pelos detentores de títulos.

 

Possíveis investidores

Possíveis investidores, como a Elliott Management, de Paul Singer, e o bilionário egípcio Naguib Sawiris, têm rondado a companhia, oferendo uma injecção de capital em troca da oportunidade de assumir as rédeas. Já o investidor Nelson Tanure amealhou uma participação de 7% na Oi e demonstrou como é fácil ganhar poder com uma fatia pequena, controlando duas das 11 cadeiras da administração.

 

"Houve uma série de equívocos, entre os quais aquisições erradas, má gestão e carência de investimentos. Mas essa fase pertence ao passado", disse Tanure, cujo fundo Société Mondiale é o segundo maior accionista da Oi. "Bem gerida, com investimentos saudáveis e as alianças correctas, a Oi voltará a ter o destaque no mercado que nunca deveria ter perdido."

 

Fez um ano que a Oi pediu protecção judicial contra os seus credores. A Oi está a analisar outra revisão do seu plano de reestruturação com o objectivo de realizar a assembleia geral de credores até Setembro. Se as partes chegarem a um acordo sobre um plano - o que ainda é uma grande dúvida -, quem ficar no comando deverá tomar decisões que beneficiem todos os lados da equação. Como a Oi não paga dividendos há três anos, agora todas as acções têm direito a voto. Mas a empresa ainda poderá ser susceptível aos caprichos de uma minoria preocupada com os seus próprios interesses.

 

"É muito barato comprar o controlo da Oi hoje", disse Raphael Martins, sócio do escritório de advocacia Faoro & Fucci, no Rio de Janeiro, que defendeu os direitos dos accionistas minoritários na Oi. "Se uma reestruturação conseguir reduzir a dívida da companhia a níveis razoáveis, será um óptimo investimento."

Título original em inglês: Scandal, Debt Turn Brazil’s Champion Into a Cautionary Tale

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