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CEO da Altice Portugal ao lado dos maiores operadores europeus em apelo a Bruxelas
Numa carta aberta, 20 líderes de operadoras de telecomunicação na Europa, entre as quais Ana Figueiredo, renovaram os apelos para o pagamento de "uma contribuição justa" por parte das "big tech".
Os operadores querem ver as chamadas "big tech", nome dado a empresas como a Google, a Alphabet ou a Netflix, a pagarem uma "contribuição justa" pelo uso das redes, alegando que estas "são responsáveis por uma grande fatia do tráfego".
"A chave para este debate é investimento. A União Europeia estimou que serão necessários pelo menos 174 mil milhões de euros de novos investimentos até 2030 para atingir os objetivos definidos. O setor não é atualmente forte o suficiente para alcançar esse objetivo, com muitos operadores a mal conseguirem recuperar o investimento. Ao mesmo tempo, o tráfego de dados tem crescido a uma taxa média de 20%-30% por ano - impulsionado por um pequeno número de gigantes tecnológicas", referem os líderes das operadoras na carta, a que o Negócios teve acesso.
A implementação de um mecanismo que obrigue a uma contribuição por parte das "big tech", alegam, deve ser "bem definida e direcionada", abrangendo apenas os maiores geradores de tráfego. De fora, consideram os operadores, devem ficar os fornecedores de conteúdos e de aplicações de menor dimensão.
Tal medida, acreditam os 20 líderes das maiores operadoras europeias, "restabeleceriam o poder de mercado ao longo da cadeia de valor", ao mesmo tempo que endereçam as assimetrias atuais. "Atualmente, as 'big tech' pagam praticamente nada pelo transporte de dados nas nossas redes, estando longe de cobrir o custos necessários para expandir as redes e alcançar as ambiciosas metas da UE", acrescentam.
Sem alterações à regulação no setor, garantem os operadores, "a UE arrisca-se a falhar os objetivos" e, como consequência, "ficar ainda mais para trás a nível global".
Além de Ana Figueiredo, a carta aberta conta com o apoio de Margherita Della Valle, do grupo Vodafone, Christel Heydemann, da Orange, Timotheus Höttges, da Deutsche Telekom, e José María Alvarez-Pallete, da Telefónica.
A obrigação de uma "contribuição justa" por parte das gigantes tecnológicas tem vindo a ganhar força nos últimos meses, tendo Bruxelas lançado uma consulta pública sobre quem deve financiar as redes de alta velocidade - e outros -, no início do ano.
Em Portugal, os três principais operadores apoiam a medida, tal como deixaram claro no último congresso da Associação Portuguesa das Comunicações (APDC). "Deve haver um diálogo e uma negociação. Existe um desequilíbrio grande, a nossa pressão regulatória é muito superior", afirmou a CEO da Altice, que faz parte da Associação Europeia de Operadores de Redes de Telecomunicações (ETNO), na altura.
Também o CEO da Nos, Miguel Almeida, assumiu no evento querer igualdade, dizendo que será "impossível continuar estes investimentos e assegurar preços aos cidadãos sem que este crescimento do investimento seja repartido".
"Não vai resultar se for uma negociação sem apoio do ponto de vista regulatório", acrescentou Luís Lopes, CEO da Vodafone Portugal.