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Associação dos operadores de telecomunicações critica UE por excesso de regulação

GMSA partilha a visão de que são necessários menos operadores, isto numa altura em que os EUA, China e Índia não vão além dos quatro por país e a Europa soma perto de 100.

Mats Granryd lembrou que é comum os operadores esbarrarem na regulamentação da União Europeia
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A associação mundial dos operadores de telecomunicações (GSMA) voltou a vincar que o excesso de regulação, especificamente o da União Europeia (UE) é um travã ao progresso do setor. A visão foi partilhada pelo diretor-geral do GSMA, Mats Granryd, e também pelo presidente da Telefónica, Marc Murtra, durante uma sessão no Mobile World Congress, que decorre em Barcelona. 

Contudo, a ideia é partilhada por todos os operadores do setor, indicado que a regulação aplicada às telecomunicações é demasiado intensa. Outra das críticas de Granryd focou-se na extensa quantidade de 'players' que atuam no setor europeu. 

Marc Murtra, que deverá substituir José Álvarez-Pallete em abril, explicou que o setor está a procurar maior capacidade, necessidade de investimento e inovação constante. Algo que é muitas vezes travado pelo Velho Continente.

Embora o diretor-geral da GSMA tenha sustentado ao longo da sua participação que as empresas europeias se estão a tentar posicionar na linha da frente e a investir em tecnologia, Murtra lembrou que, por vezes, esbarram na regulamentação, o que pode agravar a posição dos operadores europeus face aos seus concorrentes. 

"Não há indústria como esta", sustentou o responsável da associação, embora refletindo a existência de um excesso de 'players' no mercado europeu e nos países. "Quantas redes de fibra são suficientes? Quanta infraestrutura devemos ter replicada", questionou o diretor da GSMA.

"Claro que precisamos de competição. Esta é um artigo de fé para cada regulador, governo e mesmo para a indústria. Mas a Europa não precisa de ter 100 operadores e os países não precisam de ter cinco ou seis operadores. Devemos permitir a consolidação da indústria", atirou Granryd. 

A visão de Mats Granryd chega em contraciclo com a opinião, por exemplo, de Sandra Maximiano. Em fevereiro de 2024, a presidente da Anacom disse que o ideal para Portugal seria ter cinco operadores, para fortalecer a concorrência. Este valor compara com os atuais quatro - Meo, Nos, Vodafone e Digi -, sendo que a espanhola MasOrange poderá estar interessada no mercado português.

"Ligamos quase seis biliões de pessoas. Estamos permanentemente a crescer e inovar. Mas ainda precisamos de completar a jornada do 5G, aumentar receitas, apostar em oportunidades como Open Gateway e Inteligência Artificial e precisamos de planear o futuro das faixas de espectro. 

"Em 2024 atingimos dois mil milhões de ligações e tornámos o 5G o mais rápido. Das mais de 300 redes de 5G, apenas 61 tinham implementado o 5G stand alone até ao fim do ano passado. Temos de terminar o trabalhar de conseguir capacitar as empresas a acrescentar 4,7 biliões de dólares à economia global", sustentou o líder da associação de telecomunicações. 

Ainda assim, o retorno do investimento feito pelos operadores ainda é "difícil". "O mobile capex tem aumentado, mas as receitas não conseguem acompanhar e as perspetivas não parecem positivas, com a ameaça do gap continuar a crescer", sustentou Granryd. 

"Os estudos mostram que a nossa indústria financia 85% das infraestrutras de conectividade móvel. Claro que podemos ter orgulho nas nossas redes por serem a base das economias digitais e, com todo o crescimento que tem sido visível, pensaria-se que as receitas também cresceriam, mas isso não tem acontecido". Mats Granryd sublinha que "algo tem de mudar" para que não aconteçam "terríveis consequências". 

E Granryd vai mais além no seu pensamento: "Podemos adicionar 3,5 biliões de dólares à economia mundial até 2030 se fecharmos o fosso de uso de conectividade digitais. Já existem infraestruturas, por isso temos de colocar o pé no acelerador para conseguirmos crescer". 

De facto, um estudo recente da McKinsey aponta que a IA Generativa tem a capacidade de adicionar cinco mil milhões de dólares à economia mundial, um valor que cresce substencialmente "até aos 100 mil milhões de dólares à indústria das telecomunicações todos os anos". 

Já Sunil Bharti Mittal, chairman da indiana Bharti Airtel, é da opinião que indústria das telecomunicações "está a carregar o fardo de construir a infraestrutura digital em todo o mundo", sejam elas "torres, rádios, fibras, cabos submarinos ou centros de dados". 

"Precisamos de fazer um 'reset' a esta indústria que serve o mundo. Empresas que nos fornecem rede, como a Ericsson e a Nokia, precisam de regressar aos seus dias de glória para servir a indústria. Todo o ecossistema está a lutar pela sobrevivência", adiantou Bharti. 

Depois dos reguladores terem ouvido o apelo à redução das "elevadíssimas" tarifas de roaming, o GSMA pede agora aos governos e reguladores para baixarem as taxas aplicadas a toda a indústria e ainda espectro a preços acessíveis. 

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