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Mark Zuckerberg: “Queremos ligar todas as pessoas do mundo”
Bill Gates, fundador da Microsoft, teve a visão que deveria existir um computador em cada secretária. Passados mais de 30 anos, agora é a vez de Mark Zuckerberg querer ligar todas as pessoas do mundo através da Internet.
Faltavam quinze minutos para as 18h, em Espanha, 17h em Portugal, já o auditório estava cheio para ouvir Mark Zuckerberg. O fundador do Facebook foi cabeça de cartaz do primeiro dia do World Mobile Congress que arrancou esta segunda-feira, 24 de Fevereiro, em Barcelona.
E à hora certa, o auditório da “Grand Fira” parou para ouvir o jovem que se tornou multimilionário e que há poucos dias anunciou a maior aquisição da história da sua empresa: o WhatsApp.
E os smartphones,tablet e PC estavam prontos para captar o momento, em que Zuckerberg iria falar na Europa. Uns tiravam fotografias, outros filmavam e no ecrã a pergunta. “Whats Next?” (O que acontecerá a seguir?)
E o arranque da conversa não poderia ser outra coisa senão a aquisição milionária do WhatsApp, a aplicação de mensagens instantâneas que o Facebook comprou por 16 mil milhões de dólares, mais três mil milhões em acções diferidas.
Mark Zuckerberg repetiu vezes sem conta que uma empresa que consegue ligar mil milhões de pessoas em todo o mundo tem esse valor e muito mais. O fundador do Facebook acredita que o futuro passa pela conexão de todas as pessoas.
“É uma grande empresa e é muito importante para nós”, reiterou o empreendedor. E esta foi uma aquisição grande o suficiente para a empresa acalmar. E comprar o SnapChat, outro serviço de mensagens instantâneas que apagam pouco tempo depois de alguém as visualizar? “Primeiro temos que digerir esta”, disse.
O responsável acrescentou: “eu e o Jan (co-fundador do WhatsApp) estamos muito entusiasmados e com esta aquisição a equipa do WhatsApp pode dedicar-se unicamente a ligar mais gente e não a outras coisas acessórias”.
Quanto ao futuro Mark Zuckerbeerg deslocou-se a Barcelona para falar da Internet.org, o projecto que ambiciona ligar todas as pessoas do mundo, ou pelo menos grande parte delas.
“A maior parte das pessoas do mundo não tem acesso à Internet. Há muitos telemóveis no mundo, mas com isso assumimos que todos têm acesso à Internet e isso não é verdade”, afirmou.
E nesse caminho, o projecto de Zuckerberg é tornar serviços básicos na Internet gratuitos, como hoje temos o número de telefone para o serviço de emergência. ”Nenhuma empresa pode transformar a internet só por si e por isso estamos ligados a parceiros que partilham a nossa visão”.
“Ter acesso à Internet é ter acesso a mais saúde, ter acesso a condições de financiamento, a mais educação e criar mais emprego e podemos diminuir a taxa de mortalidade”, defendeu Mark.
Na visão do fundador do Facebook serviços gratuitos na Internet vão ajudar a que mais pessoas estejam ligadas, que o custo de infra-estrutura baixe e que novas receitas surjam. “Na maior parte dos serviços não precisa ter uma grande largura de banda. Os serviços básicos podem ser encarados como serviços de mensagens”, detalhou.
“Ainda não temos todas as respostas, mas o modelo pode funcionar. Queremos ter mais três ou cinco parceiros para poder fornecer serviços básicos de forma gratuito”, disse.
E como se faz dinheiro com este projecto? “Há muitas pessoas que estão em sítios com 2 ou 3G de largura de banda e que não têm um plano de dados porque não vêem necessidade. Eles podem querer aceder ao Facebook, ao Whatsapp, a notícias, ou a um canal de meteorologia e isso criar outras necessidades”.
O Facebook está a fazer já um pequeno projecto nas Filipinas, mas promete não ficar por aqui, desde que encontre os parceiros certos para a sua visão. “Estamos muito confiantes que, mais cedo ou mais tarde, seremos rentáveis.”
“Não temos capacidade para trabalhar com todos os parceiros, mas queremos mais cinco”, admitiu Zuckerberg. Para já, “o que queremos experimentar é testar a nossa visão. Ainda temos mais um mês para ver como é que o modelo funciona com mais parceiros”.
O empresário admite que este é um projecto que não terá um “break even” rápido, mas “se fizermos algo bom para o mundo, de alguma forma iremos tirar dinheiro daí, foi assim com o Facebook”.
* Jornalista em Barcelona a convite da SAP