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Zuckerberg tem de assumir responsabilidade pelo papel do Facebook, diz Bruxelas

Mark Zuckerberge deve assumir a sua responsabilidade pelo papel da rede social perante os desafios globais, disseram os comissários europeus da Transparência e do Mercado Interno durante uma reunião com o fundador do Facebook.

17 de Fevereiro de 2020 às 22:12
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Os comissários europeus da Transparência, Vera Jourova, e do Mercado Interno, Thierry Breton, disseram esta segunda-feira ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, que deve assumir a sua responsabilidade pelo papel da rede social perante os desafios globais.

Estes dirigentes europeus insistiram com Zuckerberg para que comece a autorregular-se, antes que o façam os governos, sintetizou a jornalista Laura Zornoza, da Efe, no artigo que assina sobre os encontros.

Além de Breton e Jourova, Zuckerberg também se reuniu hoje com a comissária da Concorrência, Margrethe Vestager.

Tanto Jourova como Vestager são vice-presidentes da Comissão Europeia.

Nas reuniões foram discutidos assuntos como a agenda digital europeia, a proteção da democracia, a luta contra a desinformação e a necessidade de garantir eleições livres.

A visita de Zuckerberg a Bruxelas é a primeira desde que compareceu no Parlamento Europeu no seguimento do escândalo Cambridge Analytica, há quase dois anos, e coincide com um debate, cada vez mais intenso na capital comunitária, sobre a fiscalidade dos conglomerados digitais e a transparência no funcionamento destas plataformas.

Em encontro com jornalistas, posterior ao que teve com Zuckerberg, Thierry Breton declarou: "Quando estás na posição da Facebook, precisas de antecipar o papel que jogas nas nossas sociedades e economias, e não esperar que os reguladores, os governos e os parlamentos te digam o que tens de fazer".

O comissário com a pasta do Mercado Interno sublinhou que, durante a conversa, que durou 45 minutos, falaram muito sobre a "responsabilidade" que estas empresas devem assumir, a qual considerou "muito importante", adiantando que está "dececionado" com o seguimento que plataformas como a Facebook deram às recomendações de Bruxelas sobre o controlo de conteúdos ilegais ou como lidar com a desinformação.

"Disse-lhe que não somos nós que temos de nos adaptar a estas empresas, mas são estas empresas que têm de se adaptar à União Europeia", insistiu o comissário, que disse ter acordado com Zuckerberg futuras reuniões sobre estes assuntos.

A respeito do Livro Branco sobre Regulação de Conteúdos em Linha, que a Facebook apresentou com as suas propostas para dar o tiro de partida de uma nova legislação com este propósito, Breton lamentou que seja um documento "muito escasso" quanto à responsabilidade que devem assumir as plataformas digitais e que omita o domínio da Facebook neste mercado.

A vice-presidente Vera Jourova disse a Zuckerberg que pretende que a Facebook faça "um esforço extra para ajudar a defender" as democracias, insistindo que a rede social "não pode evadir a sua responsabilidade".

Segundo fontes comunitárias, Jourova explicou a Zuckerberg que este esforço adicional "requer rever a transparência e a vigilância dos algoritmos", para evitar que as decisões se tomem de forma opaca.

A comissária checa também avisou que nem a definição de uma regulação europeia sobre o setor vai solucionar "todos os problemas".

Nas suas palavras, "a Facebook e o senhor Zuckerberg devem colocar-se a si mesmos a pergunta do que querem ser como empresa e que tipo de valores querem promover", salientando: "Não depende de os governos saber se a Facebook quer ser uma força para o bem ou para o mal".

Também a vice-presidente com o pelouro da Digitalização, Margrethe Vestager, se reuniu hoje com Zuckerberg, mas apenas transpirou da reunião que tiveram "uma boa troca de opiniões sobre assuntos da atualidade no setor digital", segundo fontes comunitárias.

Vestager converteu-se nos últimos cinco anos à frente da pasta da Concorrência em uma castigadora de multinacionais, como a Facebook.

Durante o seu mandato impôs a esta rede social uma multa de 110 milhões de euros, por proporcionar informação "incorreta ou enganadora" sobre a aquisição da aplicação móvel de mensagens WhatsApp.

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