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Tecnológicas são "aspiradores de dados", mas "o que estão a sugar não é lixo, é ouro", avisa Vestager

Num discurso em Berlim, Vestager criticou duramente as práticas das gigantes tecnológicas pela forma como coletam os dados e os usam, o que poderá colocar em causa a concorrência a nível europeu.

EPA/Lusa
27 de Agosto de 2019 às 13:35
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A ainda comissária europeia para a concorrência considera que as empresas tecnológicas são "aspiradores robôs" que sugam os dados valiosos dos utilizadores de formas que podem afetar a concorrência. 

Num discurso feito esta terça-feira, 27 de agosto, citado pela Bloomberg, Margrethe Vestager foi clara: "A forma como estas empresas [tecnológicas] coletam e usam os dados pode colocar em causa a concorrência". Estas gigantes tecnológicas são como "aspiradores robôs" que estão a conseguir ir a "todos os cantos do nosso mundo digital sugar dados". "O que estão a sugar não é lixo, é ouro", avisou.

Mas a comissária foi mais longe ao afirmar que as "plataformas como a Google e a Facebook coletam os dados dos consumidores não apenas das publicações de que gostamos no Facebook ou as pesquisas que fazemos no Google, mas muito mais coisas inesperadas". Ou seja, por vezes, sem os utilizadores saberem, essas empresas têm acesso a dados que em nada estão relacionados com as suas aplicações.

Um exemplo dado por Vestager na conferência no Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, em Berlim, é o da aplicação Onavo - que oferece uma VPN (rede privada virtual) - que manda ao Facebook informação sobre outras aplicações e websites acedidos pelos utilizadores nos seus aparelhos tecnológicos.

As empresas que atuam na internet têm "uma tentação óbvia para ajustar a forma como a sua plataforma funciona para favorecer os seus próprios serviços em detrimento de outros [concorrentes]", afirmou Vestager, assinalando que tal pode levar a infrações na lei da concorrência. A investigação que decorre desde julho sobre a Amazon passa exatamente por essa conduta anti-concorrencial na plataforma construída pela empresa norte-americana.

"Estamos agora a ver se a mesma coisa pode ter acontecido em outras partes do negócio da Google, tal como a ferramenta de pesquisa por vagas de emprego conhecida como Google for Jobs", referiu ainda a comissária europeia, que nas últimas semanas esteve em contacto com sites de recrutamento para saber as práticas da Alphabet (dona da Google), de acordo com a Bloomberg. Nos últimos anos a empresa norte-americana tem sido alvo de várias multas de Bruxelas por colocar em causa a concorrência.

Margrethe Vestager está nos últimos meses do seu mandato enquanto comissária europeia, o qual começou em 2014. A 31 de outubro, o atual Executivo liderado por Jean-Claude Juncker irá cessar e dar lugar à Comissão de Ursula von der Leyen, onde Vestager será vice-presidente. Contudo, não se sabe quais serão as pastas atribuídas à dinamarquesa, nomeadamente se poderá manter a concorrência, área que a catapultou para um lugar de destaque na política europeia.
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