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O futuro da tecnologia de consumo apresenta-se em Las Vegas
Imagine um futuro onde os seus ténis se apertam sozinhos, o frigorífico avisa-o quando tem de ir às compras e o seu despertador acorda-o com cheiro de croissants acabados de fazer. O futuro é agora e está a ser apresentado em Las Vegas numa das maiores feiras de tecnologia do mundo, a CES 2016.
Começou oficialmente a feira de tecnologia de Las Vegas – CES 2016 – um dos eventos mais importantes do mundo no sector. No entanto, já muitas marcas apresentaram as suas novidades. Tecnologia inteligente – smart - é o grande mote desta mostra, onde se encontra de tudo: desde ténis que se apertam sozinhos, a electrodométicos inteligentes, carros que parecem ter vindo directamente de 2050 para Vegas.
Mais de 3.600 expositores, 200 conferências e mais de 170 mil visitantes. Foi assim a CES 2015 e não se espera menos da feira de tecnologia de Las Vegas este ano, que abre portas oficialmente esta quarta-feira, 6 de Janeiro, de 2015.
"O tema para o CES 2016 parece ser: tudo é ‘smart’ ", escreve Madhumita Murgia, correspondente do The Telegraph em Las Vegas, explicando que é possível encontrar, a poucos metros de distância uns dos outros, balanças inteligentes, termómetros inteligentes, ferros a vapor também inteligentes e até os primeiros ténis inteligentes, os Digitsole.
O vasto leque de produtos na CES 2016 revelam que a tecnologia de consumo está num período de transição, considera um analista consultado pela CNBC. "Estamos num ponto de viragem no que toca à tecnologia de consumo, e as coisas que impulsionaram a tecnologia de consumo no passado vão cair", considera Drexel Hamilton, analista da Brian White.
A análise é sustentada pelos números apresentados pela Associação da Tecnologia de Consumo, organizadora da CES 2016. Em 2016 os dispositivos móveis, televisões e computadores representação 51% da receita de 287 mil milhões de dólares da indústria, mas outro tipo de tecnologias começa a ganhar terreno. Defende a organização, citada pela CNBC, que "o catalisador de crescimento na indústria são inovações como wearables, realidade virtual e drones".
A "internet das coisas" será um grande impulsionador desses novos produtos, já que permite transformar itens de todos os dias em máquinas inteligentes e conectadas em rede. "Este ano é mais sobre evolução do que sobre revolução", concluiu Brian Blau, analista da Gartner, citado pela CNBC.
A empresa britânica Smart – que lançou em 2013 uma chaleira que se pode ligar através de uma aplicação no telemóvel, de onde é possível também regular a temperatura – revelou este ano novos produtos como uma câmara para o frigorífico que permite tirar fotos em tempo real do conteúdo e enviar para o telemóvel, ou bases de frascos inteligentes que avisam, com base no peso do mesmo, quando tem de ir às compras porque o produto está no fim.
"Os sensores explodiram nestas últimos dois anos, assim sendo, os produtos analógicos estão agora a ser substituídos por versões digitais", explicou Shawn DuBravac, da Associação de Tecnologia de Consumo, citado pelo The Telegraph.
No que toca a electrodomésticos inteligentes, foi apresentada uma nova máquina de lavar a loiça da Whirlpool que pode ser colocada a funcionar remotamente, o frigorífico da LG que tem um painel exterior que mostra tudo o que está no interior e cuja porta abre automaticamente quando alguém se aproxima, e um frigorífico da Samsung que tem um ecrã exterior ligado a uma loja virtual onde é possível encomendar novos produtos a partir de casa.
Outro dos produtos apresentados a fazer sucesso nesta feira é o SCiO, um scanner de comida que consegue determinar todos os ingredientes e calorias em cada uma das suas refeições.
No que toca a drones – também estrelas nesta CES 2016 -, o The Telegraph destaca o drone Lily Robotics, vencedor do Prémio de Inovação CES 2016; o drone gigante com uma câmara 4K e transmissão Wi-fi até 1,2 km da chinesa DJI; e o Disco Drone, da Parrot, capaz de viajar a 80 quilómetros/hora, com uma câmara de filmar 1080p e que pesa apenas 700 gramas.
Quando o tema são carros, não faltam também novidades. A produtora de chips Nvidia começou a semana com o anúncio do lançamento do supercomputador de bordo para carros que conduzem sozinhos e que já está a ser testado por marcas como a BMW, Volvo, Ford e Audi.
A start-up chinesa Faraday Future revelou o seu supercarro eléctrico, o FFZero1, de design futurista e modular. O carro permite incorporar o smartphone no volante e tem um computador de bordo ligado à internet.
No campo dos werables, destacam-se também alguns produtos como o anel The Oura que mede a qualidade do sono; o termómetro inteligente Withings Thermo, que usa sensores de infravermelhos para determinar a temperatura quando apontado à testa de alguém; os ténis Digitsole, que não só apertam automaticamente os atacadores, como contam calorias e medem a temperatura dos pés; a coleira que permite monitorizar através do telemóvel a actividade desportiva do seu animal de estimação; ou o soutien desportivo OMbra, criado pela empresa OMSignal, equipado com sensores biométricos capazes determinar a distância percorrida, o esforço físico exercido e a fatiga acumulada.
Se este é o tipo de coisas que se esperaria ver numa feira de tecnologia, há outras que o poderão surpreender.
A LG apresentou um ecrã OLED fino como uma folha de papel e flexível o suficiente para ser enrolado como um jornal. Com uma resolução de 1200x810ppi, pode "oferecer aos utilizadores de e-readers uma experiência muito similar à do papel no futuro", escreve o The Telegraph.
De referir ainda o skate eléctrico da Blink-Board, controlado através do smartphone e capaz de viajar a mais de 20 quilómetros/hora.
E para aqueles a quem custa sair da cama, há também novidades. O despertador Sensorwake estimula o seu olfacto para o tentar acordar, libertando os mais variados aromas, desde o cheiro do mar, até café, croissants acabados de fazer ou chocolate.
Ainda agora a CES 2016 abriu portas e não lhe faltam novidades. A feira decorre até 9 de Janeiro, pelo que vale a pena continuar atento às tendências que vão moldar o futuro, que se antevê ‘smart’ e onde tudo está conectado.