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Entidades públicas angolanas têm 50 milhões de euros a pagar à Reditus

A tecnológica portuguesa, cujo principal accionista é Pais do Amaral, espera receber 50 milhões de euros, que representam 29% do seu activo, até ao último trimestre de 2020. Desde 2013 que não recebe fundos do projecto angolano.

03 de Abril de 2018 às 09:58
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A Reditus tem 50 milhões de euros a receber de entidades públicas angolanas por um projecto iniciado em 2009. Desde 2013 que não há qualquer pagamento vindo de Luanda. A administração, que deixou de contar com Pais do Amaral, acredita que receberá todo o montante até Outubro de 2020.

 

"A Reditus, SGPS, S.A. vem pelo presente informar que existem créditos a receber pelas suas participadas, sobre entidades públicas angolanas, no montante de aproximadamente 50 milhões de euros", assinala a tecnológica num comunicado enviado esta segunda-feira, 2 de Abril, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) relativamente ao recebimento de divisas de crédito sobre aquelas entidades.

 

Segundo a empresa, de que Pais do Amaral deixou de ser administrador no ano passado, o valor "representa um peso de 84% sobre o saldo total de clientes, 29% sobre o total do activo e 157% sobre o capital próprio". O activo da Reditus, cujo presidente executivo é Francisco Santana Ramos (na foto), ascendia a 170,4 milhões de euros em Setembro do ano passado, com um passivo de 137,8 milhões, resultando em capitais próprios positivos de 32,6 milhões.

 

"É convicção da administração da Reditus que os créditos serão recebidos em Portugal, em euros, ao longo de um período estimado de 24 a 30 meses, estando nomeadamente, a ser negociado o seu recebimento através do ‘plafond’ protocolado da convenção de cobertura de riscos de crédito à exportação de bens e equipamentos e serviços Portugal - Angola, com cobertura do seguro de crédito da Cosec - Companhia de Seguros de Créditos, S.A.", continua o comunicado da empresa de tecnologias da informação.

 

Quer isto dizer que o recebimento esperado deverá ocorrer entre Abril e Outubro de 2020.

Projecto de 2009 sem pagamentos desde 2013 

Segundo explica a empresa, "estes créditos resultam da execução de serviços e de fornecimento de bens e equipamentos no âmbito de projectos tecnológicos, que se iniciaram em 2009, tendo a primeira facturação ocorrido em 2013". Foi também nesse ano que "foram recebidos aproximadamente 9 milhões de euros".

 

Não houve pagamentos posteriores relativos ao projecto. Aliás, desde 2014 que há referência a valores a receber de entidades públicas angolanas devido às "dificuldades no repatriamento de capitais pela falta de divisas", que se iniciou com a crise do preço do petróleo. 

 

No relatório e contas de 2016, o último documento anual revelado, a Reditus informava ter dívidas a receber de terceiros na ordem dos 60,4 milhões de euros, sendo que apenas 7,5 milhões dos quais não estavam vencidos. Dos restantes, 35,2 milhões estavam por pagar há mais de um ano.

 

Angola é um dos mercados onde a Reditus está presente, e onde pretende expandir-se (a companhia quer "aproveitar o eventual espaço criado pela saída de algumas empresas do mercado angolano").

 

A Reditus tem passado por mudanças nos últimos anos. Acordou a venda da Roff em 2016, alienando um dos grandes activos, sendo que a estrutura accionista também se alterou recentemente. Pais do Amaral é o principal accionista, com 25% do capital, seguido do BCP, com 19%, e da família Moreira Rato, que detém 10%. O quarto maior accionista era José António Gatta, com 10%, que vendeu toda a sua participação ao longo do último ano. Já Pais do Amaral manteve-se como accionista, mas deixou de pertencer à administração.

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