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Compta vai abrir centro de inovação em Viseu

A Compta quer abrir um novo centro de inovação em Viseu até Junho deste ano. O problema “da captação de jovens talentos”, que têm preferido “o fenómeno das start-ups”, tem dificultado a abertura de mais pólos, segundo o CEO da Compta.

Miguel Baltazar
06 de Fevereiro de 2018 às 22:00
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A tecnológica portuguesa Compta vai abrir um novo centro de inovação em Viseu. A abertura deste pólo de desenvolvimento vai decorrer até ao final deste ano, ou até mesmo "ainda no primeiro semestre", adiantou Jorge Delgado, presidente executivo da Compta, em entrevista ao Negócios.

Actualmente, a tecnológica tem cinco centros de inovação: Lisboa, Porto, Abrantes, Tomar e Évora. E a vontade de expandir a lista já não é de agora. O problema? "Neste momento, a grande dificuldade que temos é a captação de talentos", confessou Jorge Delgado. "Há poucos [talentos] para aquilo que são as apostas. Hoje o fenómeno das start-ups tem consumido grande parte. E é legítimo", acrescentou.

Apesar de dizer que "alguns" jovens licenciados têm sido seduzidos pelas start-ups, sublinhou que é "um respeitador das start-ups", importantes "para impulsionar a tecnologia portuguesa". Ainda assim, acrescenta, "revejo-me mais em situações como a Compta, que já não é uma start-up. A Compta é uma start-up, se quisermos, com outra maturidade", destacou.

O reforço em soluções próprias  – uma estratégia que arrancou em 2016 e que hoje já representa 20% do volume de negócios – tem contribuído para a expansão da empresa e para a crescente necessidade de recursos humanos. As soluções assentes na tecnologia da internet das coisas (IoT na sigla inglesa) para "smart cities" e sectores de actividade como energia, ambiente ou agricultura estão no topo das apostas do grupo que conta com cerca de 240 trabalhadores.

Para tentar contornar a falta de jovens talentos e dar seguimento a esta estratégia, a tecnológica tem, "em primeiro lugar", tentado "reter" os que tem. Para captar fora, tem "intensificado as relações com as universidades" e, nomeadamente, com "os institutos politécnicos". A parceria com as instituições de ensino "é a forma que estamos a encontrar de, logo à saída das universidades, estarmos mais próximos dos jovens".

O problema de abrir mais [centros de inovação] é a dificuldade na captação de talentos. Jorge Delgado
Presidente executivo da Compta

Tendo em conta o crescimento do número de start-ups e o interesse que despertam aos jovens licenciados, outra das estratégias seguidas pela Compta passa pela integração destas "pequenas empresas que estão a criar o seu espaço" no universo da tecnológica. "Nós, inclusivamente, temos uma plataforma de inovação [a Lusideias] que lançámos em Março de 2015 e que tem sido o nosso embrião". "Vamos buscar essas start-ups que a determinado momento do seu percurso de crescimento já trazem alguns talentos". "É uma outra forma para tentar tornear a dificuldade de captar talento", sustentou.

A nova era da Compta
A estratégia de reforço do desenvolvimento de soluções próprias começou a ser traçada em 2016. O que não significa que a Compta "esteja a abandonar o negócio da integração pura, transaccional. Mas está a trazer valor para as ofertas que leva aos seus clientes nacionais e a nível internacional", explicou Jorge Delgado.

O objectivo da empresa, que este ano celebra 45 anos, é que até 2020 as soluções próprias representem metade das suas receitas. Uma meta que o presidente executivo sabe que é "ambiciosa", mas para a qual estão "a trabalhar".

Até agora, estas soluções pesam 20% do volume de negócios, segundo o presidente executivo, com o negócio de integração de Tecnologias de Informação nas empresas suas clientes ainda a representar quase a totalidade.

Aliás, uma das explicações da queda do volume de negócios em 16% para 13,7 milhões de euros no primeiro semestre - últimos dados disponíveis - , prende-se com essa aposta em soluções próprias.

"Na realidade, o volume de negócios foi abaixo daquilo que estava orçamentado", revelou, explicando que o recuo das receitas deve-se ao abrandamento dos investimentos por parte dos principais sectores que constituem a base de clientes da Compta, nomeadamente telecomunicações e financeiro. Mas também ao facto de as soluções próprias serem "de mais pequeno montante". Portanto, justifica, "é normal que haja um decréscimo de volume de negócios na sua totalidade. Porém, no final do dia, a remuneração dos accionistas faz-se com o EBITDA e com os resultados líquidos . E aí, pelo contrário, nós estamos a conseguir subir a margem". "É um caminho que estamos a percorrer. Isto é uma maratona, não são sprints", referiu.

Nos primeiros seis meses do ano o EBITDA consolidado da Compta melhorou 18% para 988 mil euros, enquanto o resultado líquido passou de  21 mil euros negativos no primeiro semestre de 2016 para 121 mil euros positivos no período em análise.

"A PT foi, e é, um cliente importante"

As empresas de telecomunicações, nomeadamente a PT, são dos principais clientes da Compta. Questionado sobre se a renegociação dos contratos com fornecedores - que a Altice implementou quando comprou a Meo - teve impacto na tecnológica, Jorge Delgado comentou apenas: "A PT foi, e é, ainda um cliente importante, como qualquer outro operador, como é a Vodafone ou a Nos". "Claramente, qualquer um destes três operadores está entre os nossos 10 ou 15 maiores clientes", detalhou o CEO da empresa. Agora, continuou, tendo em conta que Portugal "já tem uma boa auto-estrada de comunicações", é "normal que depois dos investimentos dos últimos anos os operadores estejam a investir menos" em tecnologias de informação", acrescentou o presidente executivo da Compta.



Novos mercados fora do mapa

A Compta está presente em 28 mercados. Além do Brasil, onde tem escritório local, a presença da tecnológica além fronteiras é  feita através de uma rede de 16 revendedores. E os objectivos passam por manter a actual estrutura. "Começámos a actividade no Brasil há três anos, e tem vindo a crescer significativamente. Mas a nossa estratégia em 2017, em termos internacionais, foi criar uma rede de parceiros porque não era viável estarmos presentes nestes países todos", apontou Jorge Delgado. Por essas razões, o presidente executivo da Compta adiantou que não faz parte dos planos da empresa olhar para novos países. "Neste momento, vamo-nos concentrar nestes onde estamos", com particular foco em Espanha, França, Alemanha e "muito na América do Sul", detalhou.

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