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China ameaça retaliar se Alemanha banir o 5G da Huawei

O embaixador chinês na Alemanha apontou a mira aos milhões de veículos alemães que são vendidos na China.

Bloomberg
15 de Dezembro de 2019 às 18:19
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O embaixador chinês na Alemanha ameaçou Berlim com uma retaliação se a Huawei Technologies for excluída como fornecedora de equipamento sem fios 5G. E para tal, aludiu aos milhões de veículos alemães vendidos na China.

 

"Se a Alemanha tomar uma decisão que leve à exclusão da Huawei do mercado alemão, haverá consequências", declarou ontem o embaixador Wu Ken num evento do jornal Handelsblatt. "O Governo chinês não ficará impávido a assistir", acrescentou, citado pela Bloomberg.

 

Os comentários do embaixador surgem numa altura em que se observa uma resistência crescente à Huawei por parte de alguns pesos-pesados na coligação no governo da chanceler Angela Merkel.

 

Esses membros do governo desafiaram a política de Merkel relativamente à China com um decreto-lei que poderá proibir as operações de vendedores "não fiáveis" de tecnologia 5G.

 

Apesar de esta legislação alemã não citar explicitamente a Huawei, está feita à medida da empresa chinesa e surge após meses de debate acerca da segurança no 5G, sublinha a Bloomberg.

 

A Huawei, recorde-se, tem rejeitado repetidamente as alegações de que o seu equipamento está preparado para espionagem e sabotagem.

 

O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, pôs hoje alguma água na fervura, ao advertir contra a aprovação de leis que visam empresas específicas. "Não devemos virar-nos contra empresas específicas, devendo, em vez disso, insistir em que todas as componentes eletrónicas e de alta tecnologia usadas na Alemanha cumpram os mais elevados requisitos de segurança", declarou Altmaier numa entrevista publicada este domingo no Der Tagesspiegel.

 

Boas e más notícias

 

Recorde-se que na passada quarta-feira, 11 de dezembro, a Huawei ganhou um contrato com a Telefónica para expandir o 5G na Alemanha. Nos termos desse contrato, a gigante chinesa vai ajudar a Telefónica alemã, juntamente com a finlandesa Nokia, na construção e expansão de uma rede de quinta geração da internet.

O anúncio, feito pela Telefónica e divulgado pela Bloomberg, foi uma boa notícia para a Huawei, principalmente depois de a Deutsche Telekom ter decidido deixar de encomendar equipamento de fornecedores chineses.


Mas as más notícias depressa regressaram. Dois dias depois, na sexta-feira, a operadora de telecomunicações da Noruega afastou a Huawei do 5G. Com efeito, a Telenor escolheu a Ericsson como a principal fornecedora de 5G na Noruega, afastando a Huawei após uma década de colaboração.

 

A Telenor disse ter realizado um "extenso" processo de avaliação a nível de segurança, tendo tido também em conta outros fatores, como a qualidade técnica, inovação e modernização da rede.

 

A "guerra" com os EUA

 

A questão da Huawei é um tema sensível também pelo facto de a Administração de Donald Trump ter procurado mobilizar os aliados dos Estados Unidos no sentido de afastarem a Huawei do fornecimento de tecnologia 5G.

 

E Portugal faz parte da lista de países aconselhados nesse sentido. No passado dia 5 de dezembro, o secretário de Estado dos EUA advertiu Portugal contra a escolha da Huawei para o 5G.

 

Na sua passagem por Lisboa, Mike Pompeo alertou Portugal contra a atribuição das redes 5G de telecomunicações à Huawei, ao que o Governo português respondeu assegurando que qualquer decisão terá em conta a segurança nacional.

 

E mesmo Washington tem dado o benefício da dúvida. Em maio, a Administração Trump anunciou ter colocado a Huawei numa 'lista negra' de entidades proibidas de fazerem negócios com empresas dos Estados Unidos, alegando motivos de "segurança nacional" e acusando a empresa de trabalhar com as autoridades de Pequim.

Pouco depois de ser anunciada a decisão inicial de Washington, foi indicado que esta só entraria em vigor 90 dias depois, prazo que em agosto foi renovado por mais três meses. No passado dia 18 de novembro deu-se nova "renovação", com o novo prazo para negócios entre os dois lados a manter-se até 16 de fevereiro de 2020.

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