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Android poderá ser multado por Bruxelas ainda este mês

Não é segredo que a Google está prestes a receber mais uma série de multas pesadas de autoridades da concorrência.

Bloomberg
04 de Julho de 2018 às 18:00
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A decisão pode ser conhecida a 18 de Julho, a julgar pelo buraco no calendário da Comissão Europeia na semana seguinte à visita do presidente dos EUA, Donald Trump, a Bruxelas.

 

Mas enquanto a dimensão da multa vai fazer manchetes - após a multa recorde de 2,4 mil milhões de euros no ano passado -, o impacto mais duradouro pode ser a disputa sobre a forma de a Google responder às preocupações em relação ao sistema operativo Android.

 

A União Europeia provavelmente exigirá que a Google mude a forma de gerir o seu negócio de telecomunicações móveis, segundo fontes próximas do dossiê, que pediram para não serem identificadas porque o processo não é público. Isto obrigará a unidade da Alphabet a interpretar o que deve fazer para gerar mais concorrência, salientam as mesmas fontes. Os órgãos reguladores não mantiveram nenhuma discussão significativa com a Google sobre como a empresa deve tratar as questões que geram preocupação, segundo duas das fontes.

 

Além da incerteza em torno de como deve cumprir uma possível ordem, a operadora do motor de busca deverá contestar qualquer decisão da UE contrária ao Android nos tribunais europeus, a única forma de suspender uma decisão da Comissão. A empresa pode pedir a suspensão de um pedido da UE sobre o Android até que o processo de recurso esteja concluído, o que pode levar anos, segundo uma das fontes.

 

O anúncio da União Europeia pode ocorrer a 18 de Julho ou perto desta data, segundo uma das fontes. Esta é a data de uma das quatro reuniões de comissários da UE este mês, nas quais geralmente aprovam decisões importantes. Os órgãos reguladores podem estar ansiosos por evitar um agravar da disputa comercial com os EUA ao multar uma das empresas mais importantes do país no dia 4 de Julho, Dia da Independência americana, ou a 11 de Julho, altura em que o presidente dos EUA, Donald Trump, participa numa reunião em Bruxelas - cidade a que já chamou de inferno.

 

A Google montou um negócio de anúncios com banners e vídeos, em grande parte, graças à sua importância central nos dispositivos Android. O Google responderá por um terço de todos os anúncios móveis globais em 2018, segundo a empresa de pesquisa eMarketer, o que gera para a empresa cerca de 40 mil milhões de dólares em receitas fora dos EUA. A empresa corre o risco de perder este motor se for forçada a disponibilizar parte deste "palco" em milhões de telefones Android.

 

Uma ordem judicial provavelmente forçaria a Google a cancelar ou renegociar contratos, abrindo caminho para que aplicações concorrentes sejam pré-instaladas nos aparelhos, o que poderá corroer as vastas receitas obtidas com anúncios em dispositivos móveis.

 

"Se a Google for forçada a oferecer alternativas, a sua posição dominante na publicidade será enfraquecida", disse Roger Entner, analista da Recon Analytics. "A decisão colocaria o império dos anúncios para dispositivos móveis da Google numa situação mais equilibrada com o restante do sector", acrescenta o mesmo analista.

 

(Texto original: Android Fine May Come in Mid-July as EU Dances Around Trump)

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