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Web Summit: Ecossistema de start-ups era o "maior ponto fraco" de Portugal

O antigo secretário de Estado Leonardo Mathias afirmou à Lusa que o Web Summit veio para Portugal devido a quatro factores, entre eles as infra-estruturas, e garantiu que o maior ponto fraco da candidatura era o ecossistema de start-ups.

Miguel Baltazar
07 de Outubro de 2016 às 07:46
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"O maior ponto fraco, apesar daquilo que tem sido dito por membros do actual Governo, que me choca porque têm a obrigação de saber como é que foi ganho - este processo está todo documentado, não foi inventado por mim - (...) e membros de entidades que estão a trabalhar com a Web Summit" que a maior cimeira de tecnologias "veio para Portugal por causa do ecossistema português das start-ups. Ora, esse era exatamente o nosso maior ponto fraco", disse, em entrevista à Lusa Leonardo Mathias.

O ex-secretário de Estado Adjunto e da Economia, que liderou a candidatura portuguesa, explicou que, "em termos de ecossistema daquilo que se chama cidade digital, Portugal está em 17º na Europa" e no "documento da União Europeia 'EU Startups & Technology', Portugal está em 13º".

Já em termos de conectividade das start-ups e ligação a novas ideias, "Portugal está abaixo da média europeia, em 18º", acrescentou.

"O nosso maior problema era que Amesterdão estava em segundo em todas estas áreas e Berlim estavam em terceiro", explicou.

Estas cidades estavam na corrida para a realização da maior cimeira de tecnologias do mundo, considerado como Davos da tecnologia.

"Nós temos um ecossistema interessante, embrionário, se tanto", apontou o antigo governante.

"Gostava de tornar claro que a Web Summit vem para Portugal não por causa do ecossistema de start-ups que existe, mas apesar do sistema de capital de risco, de start-ups, de crescimento digital, que fique claro e que não haja a menor das dúvidas", sublinhou Leonardo Mathias.

"O segundo ponto fraco e que tínhamos uma resolução bastante difícil: não tínhamos voos directos de São Francisco e de Los Angeles para Lisboa" e "para os organizadores era extremamente relevante porque essa comunidade de 'venture capital', de start-ups, de novas ideias é fundamental para alimentar toda a Web Summit" e torná-la "num evento verdadeiramente global e não um evento regional europeu ou do hemisfério Norte", disse.

O terceiro ponto fraco da candidatura de Lisboa era que Portugal "não tinha nenhum 'track record' [historial]".

Ou seja, "nunca tínhamos organizado, como país, um evento desta dimensão", disse, sendo que a comparação mais aproximada tinha sido o evento anual dos rotários [Rotary Club], que juntou 25.000 pessoas num fim de semana e não tinham tantos requisitos de organização.

Perante isto, Leonardo Mathias, apoiado pela Agência para o Investimento e Comércio de Portugal (AICEP), Turismo de Portugal e Turismo de Lisboa, arregaçou as mangas e apresentou uma proposta com quatro pontos positivos.

"O ponto um foi e continua a ser as infraestruturas", disse, recordando a qualidade da infraestrutura que foi montada da FIL e do Meo/Arena, que considera extraordinária e única, bem como o facto de o aeroporto ser relativamente perto, haver transportes públicos e capacidade hoteleira.

"O ponto dois foi o que eu chamo a criatividade da nossa proposta na altura", afirmou.

"Era uma proposta de três anos, mais dois. As outras propostas [das outras cidades] eram propostas para um ano, demos sempre a noção de continuidade, da relevância que isso tem para eles como nós", salientou Leonardo Mathias.

Por outro lado, "todo o espírito da Web Summit é: eu sei que vem o banqueiro no seu jato privado ou o bilionário do Facebook no seu jato privado que aluga todo o hotel Ritz, mas também quero no meu evento o tipo que vem de mochila, de comboio, ou que vem de Easyjet não sei de onde".

Por isso, "tenho de ter capacidade de acomodar o bilionário, mas eu quero acomodar o tipo que vem com o dinheiro contadinho, mas que se calhar a ideia dele é a melhor ideia e é aquele que vai mudar a mentalidade do mundo de negócios", explicou.

"Conseguimos garantir, ainda antes do evento se realizar, uma pré-reserva de 10 mil quartos, com controlo de inflação de preços a três anos. Foi um trabalho muito duro do Turismo de Portugal e do Turismo de Lisboa", acrescentou.

"Eles [organização] sentiram, e espero que esteja assim hoje em dia também, um apoio forte a nível de todo o governo, consegui sensibilizar todos os meus colegas, nomeadamente os colegas da Administração Interna, para a importância da Polícia de Segurança Pública, da Polícia Judiciária, do SEF, porque vão entrar 5.000 ou 7.000 americanos, o trânsito vai ser alterado, vai haver eventos, há VIP que nunca mais acabam", disse.

"Depois, com toda a modéstia, houve claramente uma empatia" com a equipa, acrescentou, citando temas propostos como a "noite das senhoras", o tema das escolas, envolvendo alunos do secundário e da faculdade, o tentar "procurar uma alternativa".

Por exemplo, "termos um vale, não sei se seguiu, para transportes públicos para quando os participantes chegassem".

As "infraestruturas, criatividade da proposta, uma empatia e uma base de confiança e, por último, não posso deixar de dizer, viram com bondade de haver uma estabilidade de equipa", uma vez que os organismos continuam a funcionar independentemente de quem está no Governo na altura, explicou, foram os quatro pontos fortes que trouxeram a Web Summit para a capital portuguesa.
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