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Selftech - Tratar a robótica por tu

Do sonho de quatro amigos do liceu nasceu a Selftech, empresa da Covilhã que criou robôs para vários usos: cicerones em eventos, cortadores de relva ou salva-vidas em locais de acesso difícil. Até há robôs que são actores de teatro.

Selftech - Tratar a robótica por tu
20 de Outubro de 2011 às 11:12
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Há mais de uma década que tratam a robótica por tu e, desde muito cedo, mais do que a simples amizade de colegas de liceu, era a partilha da curiosidade pela electrónica, automação e computação que unia Marco Barbosa, Joel Rodrigues, João Estilita e João Santos.

Foi durante o secundário, em Almada, que a quadra de "carolas" alimentou o interesse pela robótica. Das brincadeiras domésticas passaram à competição. Para ganhar, claro. Triunfaram, mais do que uma vez, no Festival Nacional de Robótica. Foi, por isso, que três deles passaram a percorrer diariamente a ponte 25 de Abril rumo ao Instituto Superior Técnico sentando-se nas cadeiras de engenharia informática.

Joel Rodrigues optou pela economia e pelas finanças, o que mais tarde viria a ser essencial para fazer do quarteto de amigos uma equipa de empresários.

Objectivo: fazer diferente
"Fomos recebidos de braços abertos pelo Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) desde o primeiro ano de caloiros", contam os empreendedores. Inicialmente apenas como "voluntários entusiastas", continuaram a desenvolver robôs para as competições do Festival Nacional de Robótica e a participar nos trabalhos dos investigadores do ISR.

E foi assim que o passatempo se transformou em ocupação, a ocupação em trabalho e os voluntários em investigadores, com idades entre os 27 e os 28 anos. São estes que criam, em 2008, a Selftech, fruto "da experiência acumulada, do acreditar nesta equipa e da vontade de querer fazer algo mais, algo melhor, algo diferente".

Na génese da criação da empresa esteve o projecto de desenvolvimento de um robô cortador de relva para campos de golfe, com o objectivo de reduzir os custos de operação mas, também, a sua pegada ecológica, eliminando emissões e reduzindo o ruído. A ideia para este robô surgiu ainda durante os anos de investigação no ISR. "Identificámos o problema dos elevados custos de manutenção da relva nos campos de golfe e concluímos que dominávamos a tecnologia para criar uma solução mais eficiente."

A máquina é semelhante às habitualmente utilizadas para cortar a relva nos "fairways" dos campos de golfe com a diferença de que é completamente eléctrica e capaz de se movimentar pelo campo sem precisar de condutor. A oportunidade de constituir a empresa só surgiu, aliás, após esta ideia ter sido premiada com o prémio "Criatividade Empreendedora" da Universidade Técnica de Lisboa, em 2008.

Robôs para tudo e mais alguma coisa
Para este robô, a "start-up" tecnológica identificou um grande mercado: parques e jardins públicos, campos de futebol, de rugby e outros, desde que revestidos de relva natural. Mas o segmento escolhido para a primeira versão comercial do sistema foi o dos campos de golfe, pois reúne um conjunto de características que o torna o "target ideal" - não só está em forte expansão como já existem 32 mil campos no mundo.

A Selftefch tem desenvolvido outros projectos de robôs autónomos e sistemas tele-operados, como os robôs cicerones em eventos comerciais, robôs para efectuar salvamentos em ambientes de difícil acesso a humanos ou mesmo robôs-actores (ver caixa).

Na empresa, localizada Parque da Ciência e Tecnologia da Covilhã, trabalham a tempo inteiro dois dos fundadores. "Contamos expandir as actividades para o Brasil em breve", revelam os empreendedores. Segundo os planos, a próxima paragem é Espanha. Os 337 campos de golfe que já existem na Península Ibérica são a principal razão apontada pelos responsáveis da Selftech para a aposta no país-vizinho.






"Há uma grave ausência de capital de risco em Portugal"

Os investimentos realizados pela Selftech já absorveram 200 mil euros, suportados por capitais próprios e pelo programa I&DT do QREN.

Os promotores estão, actualmente, em busca de financiamento junto de investidores privados, nomeadamente, "business angels" e capitais de risco. O objectivo é o de realizar um aumento de capital da empresa em cerca de 350 mil euros. Mas não tem sido fácil. "No que respeita ao empreendedorismo de base tecnológica, julgo que há uma grave ausência de verdadeiro capital de risco em Portugal", comenta Joel Rodrigues. O empreendedor diz que tem trocado impressões com muita gente ficando com a sensação generalizada de que as instituições de capital de risco em Portugal "são extremamente avessas ao risco por comparação a capitais de risco de outros países". No fundo, explica, "actuam como um instrumento de financiamento que só está disponível para projectos de risco já bastante reduzido gerando, assim, uma lacuna grave que impossibilita o arranque de um grande número de projectos com bastante potencial".
Além desta dificuldade, o empreendedor destaca outras duas para as jovens empresas lusas: a grande carga fiscal e a rigidez das regras do mercado de trabalho. "Para uma 'start-up', contratar a pessoa errada pode significar o seu fim, o que significa que a equipa original de qualquer projecto terá de ser capaz de o fazer crescer a uma dimensão suficiente para ultrapassar este problema".






Projectos com assinatura Selftech

Desenho de "software" para robôs autónomos e sistemas tele-operados como, por exemplo, o projecto SIGA (Santander Interactive Guest Assistants) é um dos projecto em que a Selftech esteve envolvida. A empresa foi contratada para desenvolver o "software" de robôs-cicerone, evitando obstáculos. Outro dos projectos em que participou foi o RAPOSA nome dado ao robô tele-operado com capacidades sensoriais das quais se destacam o vídeo e áudio, produzido pela IdMind e concebido para operar em ambientes hostis ou de difícil acesso a humanos, tais como escombros resultantes de um terramoto ou atentado. No projecto "RUR, O Nascimento do Robô", a Selftech fez uma peça de teatro original com actores humanos e robôs autónomos.
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