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O que se ganha com um prémio

Para as empresas que lutam por conquistar o seu lugar no mercado, a chancela de qualidade de um prémio de empreendedorismo é um importante empurrão na direcção certa. A divulgação e a credibilização são o que de melhor se retira destes concursos de ideias, diz quem já ganhou prémios.

O que se ganha com um prémio
16 de Abril de 2009 às 15:18
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Para as empresas que lutam por conquistar o seu lugar no mercado, a chancela de qualidade de um prémio de empreendedorismo é um importante empurrão na direcção certa. A divulgação e a credibilização são o que de melhor se retira destes concursos de ideias, diz quem já ganhou prémios.

Peixe fresco, vestuário para deficientes e ossos sintéticos. São três áreas de negócio distintas e três prémios diferentes, mas a opinião é a mesma: com os prémios de empreendedorismo, ganha-se divulgação e um selo de qualidade. Para além da compensação monetária, claro.

"Ganhar o prémio foi o estímulo que conduziu à criação da empresa", diz o presidente da Atlanti.co, uma empresa que comercializa o chamado peixe de conveniência, amanhado e congelado para uma preparação rápida, e que ganhou, em 2005, o prémio de inovação promovido pelo Banco Espírito Santo na área de economia oceânica. Para Manuel Castro, desde o início que houve um grande empenhamento da equipa e, provavelmente, a empresa teria sido criada mesmo que não tivesse ganho o prémio. Mas o empreendedor admite que o percurso teria sido mais complicado.



Peixe de conveniência

A Pronto e Fresco, que se encontra no mercado com a marca Atlanti.co, introduziu no mercado o conceito de peixe de conveniência. A ideia é disponibilizar peixe fresco, previamente limpo e amanhado, embalado em cuvetes de fácil transporte e pronto a cozinhar. Cada embalagem é acompanhada de uma receita nutricionalmente equilibrada e de preparação fácil, para que o consumo de peixe possa fazer parte da rotina alimentar.

O objectivo desta empresa, que se dedica à transformação e comercialização de peixe fresco, é contribuir para uma melhoria da alimentação dos portugueses através da introdução do peixe na sua dieta. Para isso, desenvolveram uma tecnologia de conservação que permite prolongar o tempo de vida do peixe e um método de embalagem que vai ao encontro das necessidades de uma população mais urbana e com menos tempo para comprar e confeccionar peixe diariamente. Do ponto de vista do negócio, o método de conversação permite, também, reduzir as quebras que estão normalmente associadas a este tipo de produtos perecíveis.

Nome da empresa Pronto e Fresco
Fundação Junho de 2006
Responsável Manuel Castro
Volume de Negócios Cerca de 900 mil euros em 2008
Prémio BES Inovação 2005: 25 mil euros em valor pecuniário; apoio ao registo de patente ou outra forma de protecção de propriedade intelectual, no valor de 10 mil euros; estudo de viabilidade do negócio, no valor de 25 mil euros, executado pelo Banco Espírito Santo de Investimento.



O empresário deixa um alerta a quem pense que basta ganhar um prémio para ter sucesso. "Não é só ganhar o prémio. No nosso caso, beneficiámos de ter uma equipa de gestão que percebia do negócio e tinha experiência para pôr a ideia em marcha. Isso foi determinante".

É também de uma equipa multifacetada que fala Miguel Ângelo Carvalho quando se refere ao grupo de pessoas que se juntou para desenvolver uma linha de vestuário especialmente adaptada aos deficientes motores. A ideia nasceu quando uma aluna de engenharia têxtil pediu a orientação do professor Miguel Ângelo Carvalho para um projecto de investigação sobre vestuário destinado a pessoas com necessidades especiais.

A intenção não era a de criar uma empresa. "Fizemos um convite a empresas nacionais do sector para que, com a nossa ajuda, adaptassem as suas colecções aos nossos modelos e colocassem a roupa na loja. Ninguém respondeu". Para que a ideia pudesse ver a luz do dia, a equipa inicial alargou-se e decidiu concorrer à segunda edição do Prémio Nacional de Empreendedorismo Start, com o projecto Weadapt.

Depois de ter vencido o concurso, a ideia ganhou uma nova vida e foi alvo de uma ampla divulgação, o que fez disparar o valor da marca. "Depois do prémio, recebemos uma série de contactos de empresas - até de algumas das que nos recusaram antes - e hoje somos nós que queremos esperar e escolher com quem vamos trabalhar", diz Miguel Carvalho.



Roupa para casos especiais

A Weadapt nasceu de uma investigação através da qual se constatou que o vestuário convencional disponível no mercado não consegue dar resposta às necessidades específicas dos deficientes motores.

Para além de pouco confortáveis e pouco funcionais, as roupas vendidas nas lojas normais não favorecem esteticamente esta fatia da população. Foi com este conhecimento de base em mente que a equipa da Weadapt desenvolveu uma colecção composta por peças de vestuário especialmente pensadas para quem vive sentado.

Criou fechos de velcro invisíveis e outras soluções que aumentam a autonomia e a auto-estima de quem as usa.
A empresa está agora a lançar-se no comércio electrónico de peças de vestuário adaptadas a deficientes motores e o objectivo, nesta primeira fase, é o de trabalhar apenas para as pessoas que se deslocam em cadeiras de rodas.

Com o desenvolvimento da actividade, a empresa quer produzir roupa adaptada a outras necessidades especiais, onde serão também incluídos os idosos, e exportar a ideia para os Estados Unidos.



Nome da empresa Weadapt
Fundação Novembro de 2008
Responsável Miguel Ângelo Carvalho
Volume de Negócios previsto 622,3 mil euros em 2009 e 1,681 milhões de euros em 2010
Prémio Start 2008: 50 mil euros a integrar no capital social da empresa; pacotes de comunicação Optimus, condições preferenciais no BPI, formação na faculdade de economia da Universidade Nova de Lisboa, "software" da OutSystems e publicidade no jornal "Público". O prémio é uma iniciativa do BPI, da Optimus e da Universidade Nova de Lisboa.



Para esta empresa, o valor pecuniário do prémio foi também um factor importante, pois sem ele provavelmente teriam de se endividar para poder criar a primeira colecção. Com o dinheiro que receberam, e que entrou directamente para o capital social da empresa, foi possível investir na colecção. "Contratámos uma atleta reconhecida no ténis em cadeira de rodas como modelo, fizemos o catálogo, um desfile em que não olhámos a custos. Gastámos uma fortuna", reconhece o fundador da Weadapt. Mas dá o dinheiro por bem empregue, pois o facto de "ser falado e ser reconhecido" é o mais importante.

Uma ponte para o capital de risco
Os prémios também são importantes pelas portas que abrem a novos financiamentos. Para Cláudia Ranito, da Medbone, mais do que o dinheiro que recebeu - que contribuiu para a aquisição dos equipamentos essenciais -, salienta o facto de o prémio ser também importante como ponte para o capital de risco.

Entre os inúmeros projectos que todos os dias procuram obter fundos junto de "business angels" e capitais de risco, é importante ter um bom acompanhamento e alguém "que saiba apontar os caminhos certos", acrescenta.



Inovação no fabrico de ossos sintéticos

A Medbone está neste momento à procura de instalações para montar a unidade de produção que lhe vai permitir arrancar com a comercialização daquilo que pode ser vulgarmente chamado de implantes ósseos sintéticos.

Através de processos de fabrico inovadores, a Medbone desenvolveu substitutos ósseos em biomateriais, que terão aplicações nas áreas da ortopedia, medicina dentária e veterinária, dando resposta à falta de osso existente no mercado.

A empresa quer, assim, dar o seu contributo para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida de vítimas de acidentes rodoviários ou portadores de lesões ósseas, como é o caso dos desportistas. Os produtos começam a ser comercializados no verão de 2009.

Nome da empresa Medbone
Fundação Março de 2008;
Responsável Cláudia Ranito
Volume de Negócios Previsto 500 mil euros no primeiro ano de actividade;
Prémio DNA Cascais 2008: 2.500 euros em conta BPI a integrar no capital social da empresa; consultadoria especializada da DNA Cascais para robustecimento do plano de negócios; apoio personalizado na obtenção de financiamento; acesso à semi-final do concurso START 2008.



A gestora executiva da Medbone teve conhecimento do prémio da Agência DNA Cascais através de um anúncio e decidiu concorrer, "mais por curiosidade do que por outra coisa", diz. Nesta altura, o projecto de fabrico de implantes ósseos em biomateriais estava ainda a dar os primeiros passos e o empurrão dado pelo prémio foi bem-vindo. No caso da DNA Cascais, para além do prémio, a agência presta ainda aconselhamento e assistência na criação da empresa e na elaboração de um plano de negócios. Um serviço importante sabendo-se que os planos de negócios são um dos pontos fundamentais na avaliação dos candidatos.

Manuel Castro diz que o processo de candidatura ao prémio do BES foi mais simples porque já tinham a maior parte do trabalho feito. "A ideia foi sendo amadurecida ao longo de alguns anos", diz. Quando se apresentou a concurso, a Atlanti.co já tinha elaborado o plano de negócio, o plano de "marketing", estudos de mercado recentes e outra documentação que foi mais tarde avaliada pelo júri. Ter o trabalho de casa adiantado é um conselho que deixa a quem pensa candidatar-se a um prémio de empreendedorismo.
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