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O que a Internet pode fazer pelo seu negócio
Há histórias de sucesso que se fazem na Internet sem precisar de se ser uma Google ou investir milhares de euros. No mundo dos pequenos negócios, saiba como ganhar eficiência.
19 de Março de 2009 às 15:46
Célia Pereira e Ana Romano, asseguram A Magia do Açúcar Nome da empresa: A Magia do Açúcar Fundação: 2003 Negócio: confecção de bolos. personalizados para festas. Vendas: 40-50 bolos por semana. Vendas impulsionadas pelo canal "on-line": 90% Morada electrónica: http://www.amagiadoacucar.com/ Modelo: Usa o canal "on-line" para receber encomendas por "e-mail" e mostrar configurações possíveis dos produtos. Concretiza a venda presencialmente. A plataforma Blogspot foi o recurso usado para criar a presença "on-line", hoje também com domínio próprio. |
Há saltos que é mesmo preciso dar. Para criar um bom negócio é preciso ter uma boa ideia mas também é preciso divulgá-la o suficiente para encontrar clientes e a forma de o fazer nem sempre passa por abrir lojas. Célia Pereira e Ana Romano podem comprová-lo.
A Magia do Açúcar nasceu praticamente na Internet. A ideia de fazer bolos para festas e aniversários é de Célia Pereira que, para poder acompanhar o filho, desistiu da carreira nos recursos humanos e abraçou um novo desafio profissional. De amigo em amigo, as encomendas foram chegando, mas foi com a criação de um blogue que o negócio ganhou vida. Hoje, "cerca de 90% das vendas passam pelo canal 'on-line'", garante Ana Romano.
A Internet em Exame A Internet pode fazer muito pelo crescimento do seu volume de negócios. Antes de investir, pondere os pontos fortes e fracos das vendas electrónicas. Pontos fortes Baixo investimento. Flexibilidade na gestão do espaço. Oportunidades de fidelização de clientes (comunidade). Pontos Fracos Despesas associadas aos meios de pagamento electrónicos (sobretudo rede Unicre). Dificuldade de manter ofertas competitivas no estrangeiro. Pontos a Considerar Custos associados à construção do "site", registo, domínio e alojamento. Necessidade de manter informação actualizada. Existência de ferramentas gratuitas para quem abdica de "site" com endereço directo. |
Não é aí que a transacção se concretiza mas é esse o ponto de contacto com as doceiras e o local onde o cliente pode ver e escolher as decorações possíveis para cada bolo, fazer alterações e contribuir para o volume médio semanal de 40 a 50 encomendas recebidas.
O contacto inicial feito pela Internet é sempre seguido pela entrega presencial da encomenda, mas, entretanto, já clientes e empresárias pouparam tempo. O modelo tem resultado tão bem que o negócio começou em 2003 e só em Setembro do ano passado foi inaugurada uma loja física, o atelier A Magia do Açúcar.
Uns quilómetros mais a sul e três anos mais cedo, Tiago Cabeça e Magda Ventura fizeram nascer em Évora a Oficina da Terra. Nessa altura já estavam juntos no amor e a partir daí passaram a estar também nos negócios. A aposta na Internet foi quase simultânea à criação do atelier, que nasceu para dar resposta a uma procura crescente das peças de barro que ele desenhava e esculpia e ela pintava. Deram o passo que os afastou definitivamente dos estudos em engenharia de processos e física e química com a noção que o seu mercado de proximidade dificilmente lhes traria o retorno necessário para que daí em diante só tivessem mãos para o barro.
A Internet revelou-se o complemento que faltava e, hoje, Tiago Cabeça não tem dúvidas: "pelo menos 50% do que vendemos é por causa da Internet, directa ou indirectamente". Metade do trabalho desenvolvido pelos artesãos responde a encomendas específicas e, aí, o peso da montra virtual é ainda mais significativo. Cerca de 85% dos pedidos ou são feitos por esta via, ou resultam do interesse por trabalhos lá mostrados.
Parte das peças criadas pela Oficina da Terra é disponibilizada para venda no "site". A maioria segue, no entanto, para mostra na conta do atelier no Picasa, um "site" de edição e partilha de fotografias. Os destinatários são uma lista de clientes fidelizados ao longo dos anos de trabalho e muitos nem sequer conhecem pessoalmente Tiago Cabeça.
A fórmula usada é uma evolução da primeira forma de estar na Internet. Antes, a dupla colocava todo o trabalho para venda directa ao público que entrasse no "site", mas a exclusividade de cada peça obrigou-os a rever o modelo e restringir mercado para assegurar que não defraudavam expectativas.
Considerando os quase cinco mil clientes que compõem a lista com acesso ao catálogo no Picasa e somando as vendas directas no "site", os clientes internacionais da Oficina são uma minoria, cerca de 20% do total. O elevado custo dos meios electrónicos de pagamento para um pequeno negócio, faz com que a maioria dos projectos desta dimensão seja pouco versátil a este nível, a que se juntam elevados portes de envio que podem ser tão ou mais caros que a peça comprada.
Reciclar materiais e fazer nascer artesanato
A história de Maria Inês Oliveira é diferente no conteúdo mas cruza-se com as restantes no método. Também na Mimoarte, a Internet funcionou como uma espécie de megafone que leva o ruído mais longe.
Nascer na Internet para a Internet
O Portugal Heart é um exemplo de uma iniciativa que nasce na Internet para viver da Internet. O projecto de Sílvia Abreu foi pensado para levar para a rede produtos que representassem a região. A partir das Caldas da Rainha começou por vender artesanato, alavancando alguns nomes de peso como a Spal. Rapidamente percebeu que, para tornar o Portugal do seu coração mais atractivo, era necessário diversificar. Fê-lo apostando em mais marcas de artesanato, mas também noutros produtos como cabazes de produtos tradicionais, brindes, produtos decorativos, entre outros. Hoje, tem algumas dezenas de parcerias e dá a alguns produtores e artesãos da região a hipótese de multiplicarem os canais de vendas sem um investimento directo, nomeadamente além fronteiras. O mercado internacional, assim como empresas e particulares no mercado nacional, são alvos do Portugal Heart, que realiza 20 a 25 por cento das vendas para o estrangeiro.
O projecto nasceu em 2006, já a ideia de criar artesanato e mobiliário reciclando materiais germinava na cabeça de Inês. A empresária garante que não teve dúvidas quando ponderou entre a Internet e o mundo físico para começar o negócio. Ganhou a primeira opção com vantagens substanciais ao nível dos custos. "Os custos da presença na Internet são mínimos.
Os encargos com o alojamento do 'site' são a dois anos e com o domínio a cinco", garante a artesã que, desde o início, apostou num domínio próprio e numa página desenhada de raiz, uma opção idêntica à de Tiago Cabeça.
Tiago Cabeça e Magda Ventura, dão vida à Oficina da Terra
Nome da empresa: Oficina da Terra
Fundação: 2000
Negócio: "design" e concepção de peças em barro pintado.
Vendas: cerca de 100 peças por mês.
Vendas impulsionadas pelo canal "on-line": mais de 50%
Morada electrónica: http://www.oficinadaterra.com/
Modelo: Mostra e vende "on-line" os seus produtos. Os pagamentos podem ser feitos usando CTT ou o sistema PayPal. Usa também uma conta no Picasa para mostrar a uma lista de clientes fiéis os trabalhos que não coloca para venda no "site".
Maria Inês Oliveira, criadora da Mimo Arte
Nome da empresa: MimoArte
Fundação: 2006
Negócio: "design" e concepção de peças de artesanato a partir de materiais usados.
Vendas: cerca de 70 peças por mês. Vendas impulsionadas pelo canal "on-line": mais de 70%
Morada electrónica: http://www.mimoarte.com/presentacao.htm
Modelo: Mostra e vende "on-line" os seus produtos num "site" com endereço directo. Pagamentos por transferência bancária.
Esta não é a única via possível, como mostram as responsáveis pela Magia do Açúcar, que, seis anos depois de terem chegado à Internet, ainda se mostram satisfeitas com a página que o "template" de um serviço de blogues gratuito, o Blogspot, lhes permitiu criar. Compraram, entretanto, um domínio que lhes permite ter um endereço próprio, mas mantiveram o "design" antigo por considerarem elevados os custos de criação e manutenção de um "site", face ao volume do negócio, como explica Ana Romano.
As três apostas na Internet permitiram angariar novos clientes e, no caso destes protagonistas, nem foi necessário apostar em publicidade ou noutras formas de se fazerem notar entre milhões de "websites". O "passa-palavra" e alguma atenção da comunicação social à originalidade dos projectos acabou por deixar barata a receita do sucesso.
Para quem está a começar, é importante saber que existe a Associação do Comércio Electrónico, que presta apoio jurídico aos associados e pode dar alguma ajuda na estruturação de um projecto "on-line". Para a ACEP, são regras de ouro, para quem está a começar, o conhecimento da legislação sobre comércio electrónico, um bom conhecimento do mercado e daquilo que se quer vender.
Junte a estes conselhos a noção de que criar um endereço próprio implica custos de registo de domínio e alojamento do "site", para além dos custos relativos à criação da página, embora existam plataformas gratuitas com "templates" bastante versáteis e intuitivos que pode usar para criar uma página de Internet e, posteriormente, fazê-la migrar do serviço que oferece a funcionalidade para um endereço próprio e directo.