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Negócios alternativos no turismo

Visitar uma cidade já não significa visitar os monumentos de sempre e os sítios da praxe graças a alguns empreendedores apostados em animar os passeios turísticos. O Negócios foi conhecer os sucessos - e revezes - de quem resolveu fazer negócio com a ideia de que mostrar uma cidade não tem de ser algo de enfadonho.

28 de Julho de 2011 às 11:39
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Quem viaja, viaja sempre para descobrir algo de novo. Contudo, na maior parte das vezes, acaba-se por ceder aos guias turísticos comuns, à visita estafada de monumentos e a dias e dias a caminhar por ruas de mapa em punho à procura do tal sítio fantástico recomendado pelos amigos e tão difícil de encontrar.

Para ajudar qualquer turista incauto com problemas de decisão, há empresas que fornecem soluções criativas para que, conhecer uma cidade nova, não signifique apenas a visita dos monumentos habituais e dores nos pés à chegada do hotel.

"Inovação" é, por isso, palavra de ordem. Tanto Bruno Gomes, da We Hate Tourism Tours, como Ângelo André, da Blue Dragon, e João Mendes, da Go Car Tours, encaram como essencial uma renovação da "ideia de guia turístico". Os "tours" guiados aborreciam Bruno Gomes, que daí foi tirar o nome para a sua empresa, a We Hate Tourism Tours - uma empresa que aposta em viagens pouco convencionais - como passeios de jipe ou de carrinha - para captar turistas cansados das voltas do costume.

Ângelo André, da Blue Dragon, realça também uma das características deste tipo de empreendimentos: o sentido de dever da Blue Dragon em relação à cidade-berço da empresa, o Porto. O empreendedor propõe-se captar mais turistas para a cidade e aumentar o tempo de estadia destes, actualmente numa média de dois dias. "Precisamos de despertar a necessidade de o turista querer ficar mais tempo", diz. E como? Outra vez através da inovação na oferta. "Temos uma visão de cidade diferente" e, por isso, "uma oferta diferenciadora", diz fazendo referência, por exemplo, aos "tours" temáticos realizados no Porto.

Contornar as dificuldades
Mas, num sector tão complicado, tão marcado pela sazonalidade, será que esta aposta na inovação compensa? Os três empresários apostam que sim.

Apesar da forte sazonalidade do negócio, que obriga a contenção de custos durante o Inverno, e das muitas burocracias que é preciso contornar na criação de um negócio deste tipo (para além das burocracias típicas relacionadas com a abertura de um qualquer negócio em Portugal) os empresários contactados pelo Negócios revelaram-se otimistas e apostados em fazer vingar as suas ideias.

João Mendes afirma que "as portas não se abrem facilmente" e que "é difícil individualmente convencer parceiros e operadores de mercado que o serviço é revolucionário", mas, no fundo, partilha da necessidade de persistência de Bruno Gomes. Para o responsável da We Hate Tourism, as dificuldades obrigam o negócio a ser mais criativo e a tornar a empresa mais forte.

Como há sempre excepções que confirmam a regra, a Bike Iberia é um dos casos em que a persistência não foi suficiente. Jorge Mimoso, fundou a empresa em 2003 e hoje já não consegue viver do negócio. Com poucos clientes, esta empresa de passeios de bicicleta em Portugal e Espanha não conseguiu singrar e o empreendedor teve de aceitar "uma oferta irrecusável", relacionada com a sua área, a economia e ir mantendo o negócio. "É desmotivante trabalhar em Portugal", diz. "O país está a empobrecer".






Uma arma chamada TripAdvisor

O TripAdvisor (http://www.tripadvisor.com) é, apontado como essencial para a captação de novos clientes no negócio de turismo alternativo. Página fundada em 2000, o TripAdvisor agrega milhares de críticas relacionadas com o mundo do turismo - desde hotéis, passando por praias, voos e guias turísticos - e as empresas contactadas pelo Negócios não são excepção.

Segundo João Mendes, da GoCar Tours, "um 'feedback' extremamente positivo por parte de outros clientes" no TripAdvisor "induz confiança no serviço e leva o cliente a experimentar", o que acaba por contribuir para "uma importante fatia da dinamização e 'brand awareness' do negócio". Ângelo André, da Blue Dragon, concorda: "70% do nosso mercado leu as críticas do TripAdvisor", reconhecendo a importância de críticas benéficas na captação de clientes.

Bruno Gomes, da We Hate Tourism Tours, reforça a importância do TripAdvisor como fonte de clientes: "Sem dúvida que, neste momento, é uma fonte importante de informação para os turistas acerca da cidade". No entanto, alerta para o facto de as críticas serem feitas por uma enorme comunidade de turistas e de a empresa não ter controlo sobre isso. "Podem ser muito boas ou muito más", refere. Mas Bruno Gomes aceita a possibilidade de más críticas com "fair-play": "na We Hate Tourism Tours gostamos dessa pressão".

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