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Mortágua liga farmácias e laboratórios “desligados” pela crise

A plataforma Magium, criada numa pós-graduação do IPAM, é usada por 60% das farmácias portuguesas e distribuiu 2,5 milhões de produtos em 2015, gerando uma facturação de 11,7 milhões de euros.

31 de Março de 2016 às 14:00
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Nunca antes vista e prolongada no tempo. Foi assim a quebra do mercado farmacêutico em ambulatório, quer em volume de negócio quer em unidades, registada em 2011, o ano em que Portugal pediu um resgate financeiro à troika. A adaptação a essa nova realidade não demorou: as farmácias cortaram funcionários e aglomeraram-se para negociar mais e melhor com a indústria; as farmacêuticas também encolheram as equipas comerciais e procuraram introduzir novas tecnologias no negócio.

 

Uma dessas novas ferramentas chama-se Magium, foi criada por José Rui Peixoto numa pós-gradução em Gestão de Marketing no IPAM e logo em 2012 passou da academia para o mercado através do investimento de 150 mil euros (custos de desenvolvimento) do grupo FHC Farmacêutica, cujo volume de negócios ascende a 180 milhões de euros e inclui distribuidores grossistas de medicamentos para o mercado interno e externo, um laboratório farmacêutico ou uma unidade de consultoria e assuntos regulamentares.

 

Esta ferramenta informática B2B ("business-to-business") do grupo sediado em Mortágua, uma pequena vila portuguesa no distrito de Viseu, arrancou com quatro e tem actualmente como clientes cerca de 30 laboratórios – entre os quais as multinacionais Johnson & Johnson, GlaxoSmithKline e Boehringer Ingelheim e as maiores nacionais, Bial, Medinfar ou Tecnimede –, que representam 3.800 referências de produtos farmacêuticos. Do outro lado da "linha" estão 1.694 farmácias com o software Magium instalado, 60% das que existem em Portugal.

 

"Até 2011 era natural uma multinacional ter em Portugal 150 delegados de informação médica com responsabilidade de visitação a farmácias e médicos. As equipas foram reduzidas para 15 a 20 pessoas, sobretudo na área dos genéricos e dos medicamentos OTC [não sujeitos a receita médica], o que gerou dificuldades em fazer acompanhamento comercial e cobrir o painel de cerca de 2.800 farmácias em Portugal", descreveu ao Negócios o director-geral da Magium Farma.

 

José Rui Peixoto é o director-geral da Magium Farma. um negócio que surgiu na pós-gradução em Gestão de Marketing que fez no IPAM.
José Rui Peixoto é o director-geral da Magium Farma. um negócio que surgiu na pós-gradução em Gestão de Marketing que fez no IPAM. Direitos Reservados

José Rui Peixoto relatou que cada comercial "não tem tempo de fazer o acompanhamento devido a 200 ou 300 farmácias durante o ano", sobrando assim muitas que não são acompanhadas. Sobretudo "as pequenas e deslocalizadas não compensam serem visitadas por um delegado do laboratório", acrescentou o vila-condense de 33 anos, que é formado em Ciências Farmacêuticas em Coimbra e lidera as 14 pessoas que trabalham em exclusivo nesta plataforma, que desde Dezembro dispõe também de uma aplicação móvel ("app") e foi complementada com serviços de telemarketing, emailing e envio de conteúdos à farmácia.

 

Os laboratórios que pagam por este serviço – e como é um serviço de promoção este tem um "fee" relativo a cada venda líquida – podem entrar em contacto directo com as farmácias, dar informação sobre os produtos e veicular conteúdos promocionais. Outra vantagem, detalhou o gestor, é "um maior controlo do mercado", já que ao vender ao armazenista, e não directamente, perde a rastreabilidade da venda, não sabendo para onde seguem essas unidades.

 

Às farmácias e para-farmácias, por outro lado, o director-geral da empresa, que fez toda a carreira na indústria farmacêutica, promete o acesso aos produtos inovadores e a conteúdos informacionais, mas sobretudo um aumento da rentabilidade, pois podem comprar o produto ao preço do laboratório, e não do intermediário grossista a que habitualmente compravam.

 

Internacionalização "prescrita" em Cabo Verde

 

As vendas da Magium Farma ascenderam a 11,7 milhões de euros em 2015, um ano em que foram transaccionadas 2,5 milhões de unidades através desta plataforma. José Rui Peixoto apontou que "o futuro passa por continuar a crescer em Portugal, chegando à totalidade das farmácias e diversificando a carteira também para a área da cosmética e dos dispositivos médicos".

 

"Expandir para países com oportunidades semelhantes" é outro dos objectivos da empresa, que este ano arranca com uma operação piloto em Cabo Verde. No entanto, o gestor é cauteloso nos planos: "O medicamente é uma área muito regulada e regulamentada, o que representa uma dificuldade. A regulamentação farmacêutica é muito diferente de país para país, mesmo dentro da União Europeia".

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