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Há um "call-center" para tirar dúvidas aos farmacêuticos

Na sede da Associação Nacional das Farmácias trabalha-se para todo o país, em tempo real. Desde as 40 pessoas que acodem às dúvidas de quem está longe, às que antecipam os passos a seguir.

20 de Julho de 2015 às 16:08
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O "call-center" que dá apoio às dúvidas das farmácias


É um dos principais pontos turísticos de Lisboa: o miradouro de Santa Catarina (conhecido como miradouro do Adamastor) oferece um dos melhores pores-do-sol da capital e o fim da tarde é, muito adequadamente, a hora de ponta. Pela manhã, contudo, os raios de sol estão do outro lado. Por isso, o palacete onde está sediada a Associação Nacional das Farmácias ganha outro protagonismo.

É aqui que trabalham, todos os dias, 200 pessoas, com funções que vão desde o estudo dos medicamentos à elaboração de manuais com as decisões a tomar em diversas situações, passando pela coordenação do programa nacional de vacinação para a gripe ou de troca de seringas. Existe ainda um Laboratório de Estudos Farmacêuticos, em Barcarena.

Mas no palacete, construído sobre as ruínas da antiga Igreja de Santa Catarina e impecavelmente recuperado, têm especial destaque as 40 pessoas que trabalham no Centro de Informação do Medicamento (CEDIME). Humberto Martins, director da Área Profissional da associação, explica que "qualquer farmácia da mais pequena aldeia à principal avenida pode ligar e colocar dúvidas sobre a manipulação de medicamentos".

Sandra Lino, responsável pelo CEDIME, detalha um pouco mais. A equipa "de 40 farmacêuticos" funciona de segunda a sexta-feira das 9:00 às 19:00 para "dar as melhores informações às farmácias, de acordo com várias bases de dados". Num "dia normal", chegam à ANF "20 a 30 questões", mas no "pico" da operação, que ocorre "habitualmente no Verão", são "60 questões diárias".

Rute Horta mostra alguns dados sobre as farmácias

E o que é que as farmácias costumam perguntar? "Habitualmente ligam a colocar questões de contra-indicação de algum medicamento, de dosagens ou a perguntar o que é melhor para determinada situação", revela Sandra Lino. Por vezes "ligam a perguntar por queixas atípicas dos utentes, para perceber se é preciso referenciação médica ou não" - entenda-se, apoio no centro de saúde ou no hospital.

"Há muita procura de zonas mais isoladas, com questões muito particulares. Pedem-nos muitas vezes resposta por escrito para entregar aos utentes", conta Sandra Lino.

Anabela Madeira, do Programa de Troca de Seringas

Mas há muito mais a acontecer na ANF. Ali ao lado, o Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (CEFAR), liderado por Suzete Costa, é responsável por "grande parte dos números que se conhecem em Portugal sobre saúde". O CEFAR é constituído por cinco estatísticos, três economistas, quatro farmacêuticos e um técnico de base de dados e, através dessa equipa, consegue perceber "o impacto, utilização, despesa relacionada com medicamentos, e a perda de remuneração das farmácias desde 2011" - que se cifrou em mais de 300 milhões de euros, certifica Suzete Costa.

Da teoria à prática
Um pouco mais longe desta zona da ANF, tendo de atravessar alguns corredores com vista para um jardim e escadas com poucos degraus, encontra-se Rute Horta, que coordena o departamento de Serviços Farmacêuticos. É aqui que se "conceptualizam as metodologias a adoptar nas farmácias". Desde guias práticos de apoio à intervenção, constantemente actualizados, com instruções sobre como proceder, por exemplo, em caso de tensão elevada, até à idealização do programa de vacinas anti-gripe.

"Cerca de metade das vacinas anti-gripe são administradas nas farmácias", o equivalente a um milhão de pessoas, que se deslocam às 2.100 farmácias que participam neste programa. É preciso pagar para levar a vacina na farmácia, nota Rute Horta. Foi também neste departamento que começou a ser idealizado o Programa de Troca de Seringas, que valeu à ANF o título de vencedor dos Prémios Saúde Sustentável, em "Outras Categorias".

Como fez mais com menos

Os programas que poupam dinheiro
A Associação Nacional das Farmácias passou por um período difícil, com as suas quase 2.800 associadas a enfrentarem perdas de remuneração de 300 milhões de euros - 444 entraram em insolvência ou foram penhoradas, algo impensável antes da crise. Mas antes deste período de turbulência, as farmácias foram responsáveis por poupar ao erário público pelo menos 400 milhões de euros com o inovador Programa de Troca de Seringas, que operacionalizaram sob liderança da Comissão Nacional de Luta contra a sida. As farmácias viram-se obrigadas a interromper a participação neste programa em 2012, devido à crise que se abateu sobre o sector, mas estão de volta este ano - até final de Junho em 1.356 farmácias. A estimativa menos modesta aponta para uma poupança a rondar os dois mil milhões de euros.


Pontos fortes

A Associação Nacional das Farmácias disponibiliza vários serviços às associadas que lhes permitem estarem sempre actualizadas sobre as melhores práticas internacionais no sector.






O programa anti-gripe
As farmácias assumem uma fatia importante do programa de vacinação anti-gripe. Embora nos centros de saúde a administração da injecção seja gratuita, metade das pessoas prefere fazê-lo na farmácia. Rute Horta diz que é por uma questão de confiança.

A introdução dos genéricos
A ANF puxa dos "galões" no que toca a medicamentos genéricos: diz que estuda a viabilidade destes medicamentos desde 1990 e que o seu laboratório foi "fundamental na credibilização" destes fármacos.
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