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Empreendedores em associação

Trazem as ideias e a Beta-i põe-lhes a "quinta". Até atingirem os seus objectivos, o pé não descola do pedal do lado direito. Cumpre-se a regra dos 120 quilómetros por hora e passado um mês, o programa acaba. Agora, há pelo menos seis empreendedores a desbravar caminho em Portugal.

07 de Julho de 2011 às 10:19
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A Beta-i pretende ser uma mais-valia na conservação de um ecossistema de empreendedorismo português.

Nome Pedro Rocha Vieira
Idade 34 anos
Cargo Presidente da Beta-i



Mariana Pessoa estava grávida de oito meses quando regressou a Portugal. À sua espera estava o marido, Frank de Brabander, com a casa pronta para começarem uma nova família juntos. A Pumpkin surgiu por necessidade. Tornou-se um negócio tão crescente que no início de 2012 vai estar em Espanha. Em Fevereiro, mudaram-se de computadores e colaboradores para a Beta-i. São a primeira empresa incubada da associação sem fins lucrativos, cuja missão é inovar o empreendedorismo.

"A Beta-i começou a ser pensada no final de 2009, por um conjunto de quatro ou cinco pessoas com ideias semelhantes", explica Pedro Rocha Vieira, presidente da associação. Queriam criar uma estrutura de apoio ao empreendedorismo e aproveitaram as valências de cada um para elaborar um projecto diferenciador. Em Julho de 2010, estavam prontos para activar a versão beta da inovação.

"A natureza jurídica de uma associação reflecte mais o que queríamos que a Beta-i fosse: uma plataforma independente de agregação de várias iniciativas de empreendedorismo e inovação." Já existem alguns projectos de apoio, mas Pedro Vieira considera a maioria "muito formal ou institucional". "A ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários é exemplo de que existem boas iniciativas, mas, ainda assim, é um pouco institucional." O objectivo é outro: criar um espaço o mais aberto possível. Em Novembro, passaram para um escritório, que pertence à NetValue Ventures, um fundo de investimento criado para investir em "startups" na área da "web" e do "mobile". Branco, "clean", reflecte os objectivos da associação: abertura, proximidade, facilitar.

A associação está focada no início da cadeia de valor do empreendedorismo. Criam as ferramentas necessárias e trazem metodologias ligadas à experimentação. "O que nós queremos é utilizar metodologias que se promovam pelo teste de tentativa e erro para uma intensidade e melhoria dos projectos." E justifica: "a cultura do empreendedor português ainda se rege muito pelo medo de falhar."

Da inspiração à incubação
A Beta-i quer mais testes, colaboração, abertura, rapidez e pensamento global. Portugal não chega. É este o seu "DNA" em termos de valores: independência, multidisciplinaridade, formação contínua e aprendizagem entre pares. Focam-se em quatro áreas: Inspiração, Ideação, Aceleração e Incubação.

A primeira visa promover a cultura do empreendedorismo através de iniciativas como a TEDxEDGES, um evento de um dia que traz grandes empreendedores internacionais a Portugal. Em Outubro, a segunda edição chega à Fundação Champalimaud. Todos os meses têm o Beta Talk, reuniões em que convidam dois empreendedores a falarem sobre a sua experiência. A "Silicon Valley Comes to Lisbon" traz outros dois de Silicon Valley, nos Estados Unidos da América, para partilharem o seu conhecimento com estudantes, académicos e público em geral.

Na segunda fase, organizam "workshops" que ajudam a identificar ideias de negócios, como o "Change Play Business", uma metodologia de inovação que combina técnicas de jogo e estratégias, ou o "Global Service Jam", um modelo de desenvolvimento multidisciplinar para criar soluções de alto valor e potencial, capazes de ter impacto significativo na sociedade. O "Social Innovation Camp Lisboa combina programadores informáticos e designers com pessoas que compreendem um problema social. Objectivo: construir soluções "web" e "mobile" para desafios sociais.

"A Aceleração "é o 'cuore' da nossa actividade: ajudar as pessoas que já têm uma ideia de negócio a acelerá-la e a prepará-la para os investidores", revela Pedro Vieira. É aqui se incluem os "Beta-Dive" (programa de um dia, no qual a Beta-i Acciona os seus associados a ajudarem uma empresa ou ideia a ultrapassar um problema concreto), os "Startup Weekend" (a que se juntaram recentemente), os "Beta-Grow" (para "startups" que estejam a entrar no mercado com protótipo desenvolvido, queiram acelerar o crescimento e apresentar o projecto a investidores) e os "Beta-Start" (um mês para que os empreendedores acelerem as ideias e cheguem mais rapidamente ao seu objectivo, através de sessões de "mentoring", colaboração e workshops). "Os empreendedores colaboram com os mentores, discutem ideias abertamente, perceberem se o projecto está adaptado às necessidades da equipa, tentam melhor a apresentação aos investidores e perceber qual o seu factor diferenciador."

A Incubação existe para quando os projectos estão a arrancar e precisam de se inserir num espaço que tenha custos mais económicas. A Beta-i mantém-se no escritório cedido pela NetValue Ventures, mas já entrou em contacto com outros parceiros para terem um espaço maior.

Mudar a cultura
"Hoje, em Portugal, há muito dinheiro para investir por causa dos veículos do QREN. As pessoas acham que não mas há", diz Pedro Vieira. O decreto-lei de 9 de Fevereiro de 2011 informa que desde o início do ano, o montante concedido a uma empresa não pode exceder os 200 mil euros durante um período de três exercícios financeiros. "A dificuldade reside em encontrar bons projectos e nós queremos contribuir para isso: identificar e melhorar a qualidade dos projectos entregues aos investidores."

A Beta-i vive do empenho, dedicação e da paixão de uma equipa de pessoas que vê a questão do empreendedorimo como "essencial". "A vida académica está em mudança, já não se encontram trabalhos para a vida, vive-se numa lógica de projectos e é preciso espaços que estejam preparados para lidar com esta nova dinâmica", comenta. O principal obstáculo da associação é precisamente esta transição, a mudança cultural onde as coisas ainda demoram a acontecer. Têm dificuldade em encontrar um modelo de negócio, apesar dos patrocínios, mas já têm alguns parceiros que apoiam a causa. "Queremos contribuir para que se quebre outra barreira, em que os investidores possam falar com os empreendedores. Estamos a tentar aproximar estas partes de uma forma confiante e com um sentido prático", conclui.
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