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Têxtil vendida pela Sonae às portas da pandemia faliu e deixa 70 desempregadas
A Temasa, do Marco de Canaveses, que tinha sido adquirida por Andreas Falley há cinco anos, informou os trabalhadores, na passada segunda-feira, que iria apresentar a empresa à insolvência, tendo no dia seguinte dispensado o pessoal de apresentação ao trabalho.
Em janeiro de 2020, dois meses antes de a pandemia de covid-19 sequestrar Portugal, o empresário Andreas Falley, que deve o seu nome ao pai alemão, adquiria ao grupo Sonae a Temasa – Têxtil do Marco, localizada em Marco de Canaveses, terra natal do falecido Belmiro de Azevedo.
Criada em 1985, a Têxtil do Marco tinha começado por confecionar apenas roupa de bebé, mas nos últimos anos já tinha alargado a produção para roupa de criança e adulto.
Tinha como principal cliente a Zippy, marca do universo Sonae, mas também era a responsável pela produção das fardas escolares do Colégio Efanor (também da Sonae), assim como o vestuário de trabalho dos funcionários das lojas Worten, Bagga MO e Zippy, entre outros.
Quando foi comprada por Falley, a Temasa contava com um efetivo de cerca de 80 pessoas e faturava aproximadamente meia dúzia de milhões de euros, dos quais cerca de 20% conseguidos nos mercados externos.
17 de fevereiro de 2025: as cerca de 70 trabalhadoras são informadas, por e-mail, que a empresa vai apresentar-se à insolvência.
O administrador judicial que vier a ser nomeado pelo tribunal "deverá elaborar um relatório onde enumera os credores, inventaria os bens apreendidos para venda e determina o destino a dar à empresa (em princípio deverá ser o encerramento)", pode ler-se na informação transmitida às trabalhadoras e que foi citada pelo jornal local "A Verdade".
No dia seguinte, as trabalhadores receberam uma nova comunicação da empresa, também por e-mail, onde a administração da Temasa explica que, "neste momento, não tem encomendas que justifique manter a empresa a laborar", pelo que "dispensa todos os colaboradores de se apresentarem ao trabalho, mantendo todos os direitos até ser declarada a insolvência".
Em declarações ao jornal "A Verdade", as trabalhadoras dão conta do "mau ambiente" que começou "há cerca de dois anos", com "humilhações, sobrecarga de funções, processos indisciplinares sem fundamento, pessoas com depressões devido à pressão psicológica, tudo com o intuito de saturar o funcionários e eles próprios tomarem a decisão de se despedirem como fizeram algumas colegas. Neste momento temos em divida salários e subsídio de Natal 2024", revelaram à mesma publicação.
De acordo com o jornal de Marco de Canaveses, as trabalhadoras permanecem, desde o dia 17 de fevereiro, à porta da empresa à espera de respostas sobre o futuro da mesma.
O Negócios tentou contactar a empresa, mas a Temasa manteve-se muda.