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Biodevices - Tecnologia pronto-a-vestir

Se o seu médico lhe pedir um electrocardiograma, talvez já não tenha de se deslocar a um centro de exames. Se for um dos clientes da Biodevices, basta vestir a t-shirt inteligente e deixar que esta registe os batimentos do seu...

Biodevices - Tecnologia pronto-a-vestir
18 de Junho de 2009 às 11:39
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Luis Meireles
, CEO da Biodevices (à esq) segura uma tshirt VitalJacket, com um monitor de onda cardíaca incorporado. O dispositivo móvel Vital Jacket HWM é uma t-shirt inteligente que monitoriza continuamente a onda e a frequência cardíaca do utilizador.


A empresa, com produção 100% nacional, espera conquistar o mundo com um conceito inovador, o de medir sinais biológicos através de uma simples t-shirt

Se o seu médico lhe pedir um electrocardiograma, talvez já não tenha de se deslocar a um centro de exames. Se for um dos clientes da Biodevices, basta vestir a t-shirt inteligente e deixar que esta registe os batimentos do seu coração. Já se o desporto for a sua paixão, é possível que o futuro lhe reserve uma Vital Jacket especialmente adaptada às suas actividades.

Esta t-shirt inovadora é uma peça de roupa aparentemente banal que, quando aliada a uma placa de hardware, permite monitorizar a frequência cardíaca de quem a veste. Segundo explica o administrador da Biodevices, Luís Meireles, a Vital Jacket "não é um produto em si mesmo, mas sim um conceito, que consiste em medir sinais vitais através do vestuário".

Com o decorrer do tempo, a empresa pretende explorar outras potencialidades deste conceito, como a medição da saturação de oxigénio ou da temperatura corporal. A ideia é apostar numa especialização daquilo que já existe, mas sem grandes alterações. A área da saúde continuará a ser importante, explorando a monitorização à distância e as plataformas de telemedicina, mas o desporto também está nos planos da Biodevices e passa por uma adaptação do conceito original às especificidades das várias modalidades desportivas. "No futuro, podemos criar uma Vital Jacket para o ciclismo, outra para o atletismo", prevê Luís Meireles.

A primeira versão do produto, a Vital Jacket Heart Wave Monitor, foi lançada recentemente no mercado e é fruto de uma investigação levada a cabo nos laboratórios da Universidade de Aveiro. Foi no Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro que a Biodevices nasceu, quando João Paulo Cunha, professor e investigador do instituto, foi convidado a tirar da gaveta alguns dos seus protótipos. Nessa altura, convidou Luís Meireles, com quem tinha já trabalhado num outro projecto empresarial, para o ajudar a transformar os modelos em produtos comerciais.

A tecnologia é portuguesa, a produção também, mas a grande aposta desta empresa está para além das fronteiras nacionais. "O nacional é um óptimo mercado de teste", refere Luís Meireles, mas defende que o verdadeiro objectivo da empresa é conquistar o espaço internacional, onde as hipóteses de crescimento são maiores. "A nossa missão é produzir em Portugal, com tecnologia portuguesa, mas exportar e colocar esta tecnologia de ponta em termos globais", esclarece o administrador.

Até agora, a Biodevices tem acordos assinados em três países - Espanha, Reino Unido e Brasil -, mas espera ver este número crescer à medida que são concluídos os contratos em negociação. O objectivo é encontrar uma espécie de distribuidores especializados, a que a empresa prefere chamar parceiros de negócio. "Trata-se de um produto novo e é preciso ter alguém que não só o comercialize, mas saiba explicar como funciona, quais as suas potencialidades", clarifica Luís Meireles.

Dentro de semanas, o tempo que prevê para a chegada do selo de certificação médica, a Biodevices vai poder alargar horizontes e penetrar noutros mercados enquanto meio auxiliar de diagnóstico.

Falando ainda de parceiros, a Biodevices conta com a ajuda de um aliado estratégico. A Petratex, que ficou conhecida pela criação do famoso fato de banho usado por Michael Phelps nos Jogos Olímpicos, é a responsável pelo fabrico da componente de vestuário da camisola, utilizando o método 'no sew' (sem costuras) que a celebrizou.

Este é um negócio que envolve altos níveis de investimento, não só em termos de equipamentos, mas também no que toca aos recursos humanos. Dos 12 colaboradores da Biodevices, todos com formação superior, um terço são quadros altamente qualificados nas áreas da engenharia electrotécnica, biotecnologia e informática. Felizmente para a empresa, esta teve desde o início o apoio da Diligence Capital, uma firma de capital privado que é sócia da Biodevices e assegura a sua estabilidade financeira, a que se juntaram um financiamento de 70 mil euros proveniente da Iniciativa NEOTEC - Novas Empresas de Base Tecnológica e um incentivo de 700 mil euros do QREN.

Perfil

Nome
Biodevices, Sistemas de Engenharia Biomédica.

Responsáveis
Luís Meireles (administrador) e João Paulo Cunha (investigação)

Produto em Comercialização
Vital Jacket, a t-shirt inteligente que permite medir sinais vitais.

Investimento esperado
500 mil euros.

Previsões para 2009
é esperado um volume de negócios de cerca de 500.000 euros e vendas na ordem das 6.000 unidades, embora as estimativas possam vir a ser ajustadas em função do desfecho mais ou menos célere das negociações em curso.


O investigador que virou empresário

Luís Meireles tem apenas 32 anos, mas já conta com dois projectos empresariais da área das biotecnologias no currículo - a Biostruments e a Biodevices. Doutorado em Biotecnologia pela Universidade Católica do Porto, há já algum tempo que trocou o papel de investigador pelo de empresário, dedicando-se a trazer para o mercado alguns dos projectos que merecem sair da gaveta e ser colocados à disposição do público. Em relação à Biodevices, valeu-lhe "estar no sítio certo, à hora certa" para ser convidado pelo amigo João Paulo Cunha a assumir a liderança empresarial deste projecto.

Nos tempos de ócio, que lamenta não serem muitos, confessa-se um apaixonado pela leitura e pelo cinema. Hoje em dia, fruto dos projectos em que embarcou, tem lido muitos livros relacionados com empresas e com a forma de melhor as gerir. Para além disso, dedica todo o tempo que pode à família e muito particularmente aos seus três filhos.
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