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Ambição: elemento fatal?

Olhando para o ser humano nos seus diversos níveis de actuação, surge uma pergunta directa: porque agiu de determinada forma? O que é que pretendia alcançar? Esta é a questão preponderante ao analisar a ambição, que não se deve confundir com...

08 de Abril de 2010 às 15:19
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Olhando para o ser humano nos seus diversos níveis de actuação, surge uma pergunta directa: porque agiu de determinada forma? O que é que pretendia alcançar? Esta é a questão preponderante ao analisar a ambição, que não se deve confundir com ganância.

Originalmente considerava-se a ambição como a virtude pela qual a pessoa aspirava a metas mais elevadas e estava disposta a lutar por ideais que justificavam os seus esforços. No entanto, a ambição começou na prática a ser vivida como uma procura de sucesso a todo o custo, um desejo de poder tanto socialmente como materialmente.

A ambição deixou de ser uma virtude impulsionadora da superação das dificuldades para se tornar num motor da megalomania individual. De facto, o egocentrismo vai aqui buscar a sua motivação, revelando a fraca personalidade do seu agente, que não é capaz de traçar metas para além de si mesmo. Esgota as suas iniciativas em projectos pessoais e tantas vezes mesquinhos, numa procura insaciável de afirmação. Desenvolve uma estratégia cega, baseada num autoritarismo que de todos desconfia, preocupada apenas consigo mesma. As actuações são decididas tendo em conta os seus interesses mais imediatos.

Um ego dominado pela ambição é incapaz de lançar oportunidades abertas e arriscadas, temendo perder as posições já alcançadas. Cada passo tem de ter em vista o crescimento imediato e um reconhecimento do seu êxito. A sucessão é uma ameaça e não a continuação de um empreendimento, que no fim de contas não passou de uma construção de façanhas pessoais. Surgirá a solidão e por fim o abandono de um projecto que mais do que raízes, só possuía folhagem.


"O Rapaz do Pijama às Riscas"





Realizador:
Mark Herman
Actores: Vera Farmiga; Asa Butterfield
Música: James Horner
Duração: 94 min.
Ano: 2009




Um filme duro e cru na abordagem de uma história passada no decorrer da II Guerra Mundial. Uma família alemã tem de abandonar a sua casa para ir viver para o campo. O pai fora nomeado responsável nazi de um campo de concentração. A sua carreira ganhava importância e a nomeação é festejada. A mulher e os filhos acabam por aceitar com relutância, mas a restante família opõe-se.

Instalam-se numa casa fora dos muros de arame farpado. Não tinham liberdade de movimentos e não comunicavam com ninguém que não pertencesse ao regime. Um professor vinha dar aulas particulares aos filhos. Um dia o rapaz vai explorar o jardim. Encontra uma criança do outro lado da vedação. Apesar de não perceber bem em que consistia ser "prisioneiro" fala com ele e ficam amigos.

A mulher do oficial nazi não suporta as injustiças que se estão a praticar. Enfrenta o marido: como é que ele tolerava ser cúmplice de tamanha iniciativa? O filho houve estas discussões. Vai-se dando conta da realidade. Um outro oficial nazi que os acompanhava leva-o a tomar consciência do que era actuar no curto prazo, pois cortara sem escrúpulos com a família para seguir apenas os seus interesses pessoais. Impunha medo ao rapaz que decide então corrigir alguns erros cometidos para com o seu amigo preso no campo. Procura ajudá-lo, acabando por demonstrar com factos ao pai o horror das suas atitudes.



Tópicos de análise



É essencial pesar as consequências das decisões em si mesmo e nos outros.
A ambição deixa de contar com a sabedoria dos outros, encerrando-se em si mesma.
O poder real deve manifestar-se no serviço e não na prepotência.








"Maldito United"






Realizador:
Tom Hooper
Actores: Michael Sheen; Timothy Spall
Música: Robert Lane
Duração: 98 min.
Ano: 2009




Este filme baseia-se em factos reais e foi elaborado pelo mesmo argumentista e contou com os actores de obras multi-premiadas como "A Rainha" e "Frost/Nixon". Neste caso, segue também a trajectória de uma pessoa concreta, o treinador de futebol de vários clubes ingleses nos anos 60 e 70, como o Leeds United ou o Nottingham Forest.

O treinador de uma pequena equipa consegue chegar ao topo do futebol inglês. Forma uma equipa com o seu adjunto e essa união proporcionava-lhes vitórias atrás de vitórias. No entanto, vamos percebemos que há uma necessidade em se afirmar perante um outro treinador e vencê-lo. Esse objectivo leva-o a atacar os directores da sua própria equipa e a afastar-se do seu adjunto. Procura uma estratégia rápida e imediata em que possa vencer o adversário a qualquer custo. Quando surge a oportunidade de treinar a equipa do seu velho rival, não hesita.

Aceita correr o risco, anunciando aos mass media o seu propósito e minimizando o trabalho do seu antecessor. Serão 44 dias infernais, em que tudo perde e se desmorona. Como no livro "Moby Dick", a ambição cegara-o para a realidade.

Decide então voltar atrás e reconhece os seus erros. Pede desculpa e junta-se ao seu eterno adjunto. Aceitam pegar numa outra equipa secundária e levam-na à conquista do troféu de Campeão da Europa. Aprendera que a ambição tem uma dose certa de manuseamento.



Tópicos de análise



Procurar ser aceite nos Mass Media é diferente de ser aceite na realidade.
Os colaboradores merecem ser reconhecidos pois as vitórias nunca são de um só.
Deixar-se guiar por um objectivo fechado em si mesmo impede ver a totalidade.










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