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Abra as portas a uma carreira internacional

Sofia Correia regressou a Portugal há cerca de dois meses. Consigo, traz a mais-valia das experiências profissionais que viveu no estrangeiro: primeiro em Madrid, depois em Nova Iorque. A porta para a carreira internacional foi aberta...

29 de Outubro de 2009 às 16:13
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David Martinho, Sofia Correia e Pedro Ferreira fizeram as malas e rumaram a Londres, Madrid e à Índia, através do programa de estágios internacionais da AIESEC. Seja testemunha das suas histórias.

Sofia Correia regressou a Portugal há cerca de dois meses. Consigo, traz a mais-valia das experiências profissionais que viveu no estrangeiro: primeiro em Madrid, depois em Nova Iorque.

A porta para a carreira internacional foi aberta pela AIESEC, organização onde já tinha trabalhado durante cinco anos. São as "oportunidades de liderança" com que a plataforma internacional de estudantes do Ensino Superior brinda os seus membros. Enquanto Sofia Correia regressa às origens, David Martinho habitua-se à vida em Londres, quando ainda no ano passado era vice-presidente "Talent Managemet" da AIESEC Portugal.

É assim que tudo acontece na organização de estudantes que marca presença em cerca de 100 países. Além do programa de estágios internacionais, a associação disponibiliza aos seus membros uma experiência de liderança, integrando-os num ambiente de aprendizagem.

Estas experiências têm, regra geral, a duração de um ano, sendo que todos os escritórios da AIESEC são liderados por estudantes ou recém-licenciados. "A oferta que a AIESEC tem para estudantes do Ensino Superior não se esgota na oportunidade do estágio internacional", explica Rui Ramos, vice-presidente de comunicação da AIESEC Portugal.





Pedro Ferreira
Um estágio na Índia desafiou todos os seus limites, afirma.



Crescer e correr

Pedro Ferreira partiu em voluntariado para Bangalore, enquanto estudava Informática e Gestão de Empresas, no ISCTE. "A Índia é um choque."


Há dois anos que Pedro Ferreira é membro da AIESEC, desempenhando, actualmente, as funções de director de Marketing e Comunicação da AIESEC Lisboa ISCTE. Quando entrou para a associação, em Novembro de 2007, estava em curso a criação de um projecto de voluntariado na cidade de Bangalore, na Índia, que juntava estudantes universitários na mesma casa, mas estagiando em Organizações Não Governamentais (ONG) diferentes. Em Julho do ano seguinte, terminados os exames do segundo semestre, deu-se início ao estágio de desenvolvimento. Até essa altura, os participantes tiveram três meses de preparação, dinâmicas e etapas de selecção. "No geral, este processo correu bastante bem. Éramos um grupo ainda considerável, tivemos de nos preparar, entender a cultura, criar espírito de união e tratar de todo o processo legal para estagiarmos no estrangeiro. Quanto à experiência na Índia, posso dizer que me completou e desafiou a inúmeros níveis, muito mais até do que o que esperava", comenta.

Fazer um estágio internacional não era coisa que passasse pela cabeça do estudante do ISCTE. "No entanto, quando me comecei a envolver mais com a organização, a experiência internacional começou a fazer cada vez mais sentido, até que decidi desafiar os meus limites." Pedro Ferreira explica que a Índia surgiu porque, na sua cabeça, representava uma das culturas mais diferentes de tudo o que tinha vivido, "além de representar um local que eu tinha a certeza que me abriria os olhos para o mundo, para a realidade". Em Bangalore, capital do estado de Karnataka, Pedro Ferreira, trabalhou numa ONG de invisuais, durante dois meses.

Inicialmente, o seu estágio incidiria numa área específica, mas depois de discutir os seus pontos fortes, em termos de competências e conhecimento com o Director de Tecnologias de Informação, ambos chegaram à melhor forma de pôr o seu conhecimento em prática. "O estágio acabou por ser bastante multi-disciplinar, acabei por estar envolvido na criação dos materiais de marketing de duas campanhas ambientais, estive também a analisar quais seriam as melhores abordagens para alojar e manter o 'website' deles sem depender de terceiros", entre muitas outras funções que o estudante de Informática e Gestão de Empresas desempenhou. "Por fim, estive envolvido nalgumas actividades musicais com as crianças invisuais."
"A Índia é um choque, é enorme, diferente e consegue ser, no mesmo metro quadrado, o sinónimo da maior das belezas e da maior das pobrezas", diz. Pedro Ferreira também explica como a adaptação foi um desafio interessante: a confusão nas estradas, animais por todo o lado, cores, odores e, "no entanto, uma incrível fluidez e harmonia entre as pessoas". Mas, o que mais chocou o estudante natural de Lisboa foi a desigualdade e a pobreza que existem naquele país. Na verdade, a Índia desafiou todos os seus limites. "A nível profissional, esta experiência ajudou-me a perceber aquilo que sou e onde quero estar daqui a uns anos.

Quando olho para trás, sinto que cresci e que me desenvolvi a vários níveis", comenta. Do seu ponto de vista, a AIESEC existe como uma caixa, na qual os jovens agarram as oportunidades e traçam o seu caminho, que se forem bem aproveitadas, os desenvolve de uma forma vertiginosa. E termina com um conselho a todos aqueles que queiram fazer um estágio de desenvolvimento. "Dêem-se a conhecer, mostrem-se e sejam pró-activos, vão atrás do que vos alicia e desafia, para que possam chegar ao fim e perder de vista o início da vossa jornada. Cresçam e corram, porque ninguém vai correr por vocês."

Os novos membros são integrados numa das áreas do seu comité local: Relações Externas, Finanças, Marketing e Comunicação, Recursos Humanos ou Intercâmbios Internacionais. Nos países em que a AIESEC está presente, existe um comité nacional para coordenar e orientar os vários comités locais do país. A sua direcção também é constituída por estudantes e recém-licenciados, em mandatos de um ano e qualquer membro pode candidatar-se a estes cargos.

Quanto ao programa de estágios internacional, Rui Ramos explica que são uma experiência positiva e prática de aprendizagem e de trabalho, em que é possível desenvolver aptidões e adquirir conhecimentos. Também pretende ser uma experiência cultural e social e é da responsabilidade do comité local integrar o estagiário no país receptor.

Os estágios são direccionados para várias áreas: gestão, desenvolvimento, técnicos ou de engenharia e de educação. "Quanto aos países de destino, os candidatos podem escolher um dos 107 países em que a organização está presente. Este ano, a AIESEC Portugal já conseguiu enviar 84 jovens estudantes para países tão diferentes como a Índia, Brasil, Reino Unido e Polónia", adianta Rui Ramos.

Na hora de seleccionar
Antes de estagiar, os jovens têm a oportunidade de trabalhar numa equipa da organização, para desenvolverem competências pessoais e profissionais, em determinada área. Depois, passam por uma conferência local de indução, na qual têm acesso a mais informação sobre a AIESEC e sobre o programa de estágios internacionais.

É aqui que entram num processo de avaliação da sua experiência e motivação, que passa por três fases: teste de línguas, dinâmicas de grupo (actividade realizada com todos os candidatos, onde são avaliadas competências, nomeadamente, a nível interpessoal) e uma entrevista, com um membro da AIESEC, um psicólogo e um colaborador duma empresa parceira.





Sofia Correia
Nova Iorque e Madrid foram duas paragens onde estagiou.



Próxima paragem: Nova Iorque

Um estágio de cinco meses não foi suficiente para Sofia Correia, que fez as malas e só parou na cidade que nunca dorme.

Sofia Correia, 28 anos, concretizou o desejo que tinha desde o início da licenciatura e partiu à aventura de uma experiência internacional. "No início do terceiro ano da faculdade, tendo noção da mais-valia das actividades extra-curriculares, inscrevi-me como membro do núcleo local da AIESEC", explica a economista. Terminou o curso em 2004, mas só partiu para Madrid em Março de 2007. Ao longo de cinco anos, fez carreira na organização, chegando a desempenhar funções a tempo inteiro no Núcleo Nacional, durante dois anos.

Depois de ter promovido o programa perante empresas e estudantes, resolveu viver a experiência na primeira pessoa. "Conhecia bastante bem o programa e sabia que a minha flexibilidade quanto aos critérios de procura de estágio, assim como uma comunicação regular e fluente com o núcleo local responsável pelo meu processo, seriam essenciais", explica. A única expectativa que teve de ser adaptada foi o tempo de espera provocado pela empresa onde iria estagiar. Mas a experiência, essa, foi "marcante". "Tive a oportunidade de realizar o meu estágio, de cinco meses, numa das maiores e mais prestigiadas empresas de consultoria a nível mundial", diz. Sofia Correia foi estagiária na Price Waterhouse Coopers, onde dava apoio às equipas de consultores que desenvolviam relatórios de cariz financeiro. "A área financeira não era a área na qual eu queria fazer carreira, mas aproveitei a experiência para ganhar conhecimentos", explica. A AIESEC apoiou-a em toda a sua estadia. "Ao longo do estágio, mais do que um suporte, foram como uma família, e, acima de tudo, bons amigos, que mantenho até hoje."

E, em Madrid, não foi só o trabalho que a enriqueceu. Os amigos que fez foram "o ponto mais enriquecedor enquanto pessoa". "Acho que, acima de tudo, temos de estar preparados para os problemas que possam surgir, aproveitar as dificuldades para crescermos, aprender com elas. Será esse o ponto que fará toda a diferença." E a calorosa recepção dos colegas espanhóis também ajudou.

Mas cinco meses não foram suficientes. Depois do estágio, Sofia Correia continuou na mesma empresa e, entretanto, teve outro desafio na área de marketing. "Não regressei directamente de Madrid para Portugal. Senti que ainda faltava algo nesta experiência de viver fora e num contexto cultural e profissional diferente." Por isso, fez as malas e foi para a cidade que nunca dorme, Nova Iorque, durante sete meses. "Acabou por se revelar como a experiência que melhor poderia ter complementado este período. Regressei há pouco mais de dois meses, pelo que estou ainda a viver o desafio da reintegração", comenta.

Para Sofia Correia, a experiência que viveu transmite às potencias empresas empregadoras a sua flexibilidade para enfrentar novos desafios. "Notei isso, sobretudo, nas oportunidades profissionais que surgiram quando optei por ficar em Espanha." Agora, está em Portugal à procura de novo emprego, que lhe permita pôr em prática tudo o que já aprendeu. "Acabo por constatar que as empresas nem sempre reconhecem essa mais-valia. Nem sempre o facto de trabalhar em diferentes áreas, contextos culturais, adquirir conhecimentos diversos e tomar uma decisão consciente sobre a área profissional que mais nos motiva é, efectivamente, valorizado pelas empresas", comenta. Quanto ao regresso à terra natal, "é preciso saber que vamos ter que voltar a construir o nosso espaço e sermos pacientes, até encontrar uma oportunidade que valorize a experiência que adquirimos."

Durante este período, o candidato deve contar com a ajuda dos membros do comité local e, posteriormente, poderá ter de fazer uma entrevista "on-line" com a empresa receptora do estágio. "A AIESEC providencia recursos, formação e suporte para o prepararem para viver e trabalhar noutro país", diz o vice-presidente.

Os membros da associação do país receptor também o apoiam na sua integração, acompanhando-o durante todo o período do estágio. E quando voltar para Portugal, também conta com a ajuda da organização. Os estágios podem durar entre oito e 72 semanas e a grande maioria é remunerada, com um salário relativo ao modo de vida no país de destino. Nos de desenvolvimento, é frequente garantir apenas a acomodação, alimentação ou gastos em transportes.

Por cá

"Em Portugal, temos bons exemplos de jovens portugueses que passam por experiências de liderança no estrangeiro, como é o caso de António Henriques, estudante na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que foi, no ano passado, presidente do Comité Nacional da AIESEC Cazaquistão ou Catarina Cunha, ex-estudante do ISCTE, em Lisboa, que foi presidente da AIESEC Croácia. Este ano, um antigo membro da direcção nacional da AIESEC Portugal, Daúdo Vali, está a coordenar o processo de expansão da AIESEC para Moçambique", diz Rui Ramos.





David Martinho
Em Londres, atingiu novas netas pessoais e profissionais.



"Esta é a minha história"

Está há dois meses em Londres, mas pertence à AIESEC desde 2006. Conheça o livro da vida de David Martinho.

Tudo começou no segundo ano da licenciatura. David Martinho entrou no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa e deparou com um "stand" de recrutamento da AIESEC. "O que captou inicialmente a minha atenção foram as oportunidades internacionais, nessa altura estava a considerar fazer um ano no estrangeiro, através do programa Erasmus", comenta. A partir daí, a vida de David na AIESEC nunca mais parou. Depois de ser seleccionado, o estudante de Sociologia verificou que a associação era muito mais do que um núcleo de estudantes. "O meu interesse em fazer parte desta organização foi imediato", diz. Depois de conhecer as oportunidades que a AIESEC disponibilizava, o agora administrador de recursos humanos, adiou a ida para o estrangeiro durante algum tempo. Primeiro, fez parte de uma equipa e no mandato de 2006/2007 passou a responsável por Recursos Humanos da AIESEC no ISCTE. No ano seguinte, teve a oportunidade de apoiar a direcção nacional como suporte nas estratégias de gestão e talento e, em 2008/2009, foi vice-presidente "Talent Management" da AIESEC Portugal.

"Após três anos em funções de relevo na AIESEC, sabia que a área em que queria exercer funções estava relacionada com Recursos Humanos, também sabia que ao entrar no mercado de trabalho português ser ia um 'nonstop'." Por isso, David Martinho resolveu arriscar. Depois de ter terminado a sua licenciatura em 2007 e de ter iniciado um mestrado em Gestão de Recursos Humanos, rumou a Londres, onde está desde Agosto deste ano. A empresa que o acolheu é a Nexen, de petróleo, gás e energia, sediada no Canadá. "As minhas responsabilidades situam-se num patamar intermédio", o que para David Martinho é "óptimo, uma vez que as minhas expectativas iniciais era aprender um pouco de tudo. Quanto ao apoio dado pela AIESEC, o administrador de recursos humanos classifica-o de "fantástico".

"Londres é certamente uma cidade cosmopolita, o que acaba por tornar a experiência em algo muito intenso", explica. Mas ainda não foi o suficiente para David sentir um verdadeiro choque cultural na cidade de Sua Majestade. "O facto de estar a viver e a sustentar os meus próprios custos num pais é diferente, bastante interessante e um factor a considerar por todos aqueles que pensam em fazer um estágio internacional." No que toca à experiência profissional que está a atravessar, David Martinho encontrou o que procurava: "acredito que é uma mais-valia que trago para o ambiente de trabalho corporativo em Portugal". E não se trata apenas do que aprende enquanto profissional, mas também enquanto indivíduo: "a capacidade que desenvolvo em lidar com pessoas de diferentes etnias, nacionalidades". David conta que nos últimos anos aprendeu que o valor de cada pessoa advém do que consegue retirar de cada experiência que vive. "Neste momento, passado dois meses de ter iniciado o meu estágio em Londres, estou satisfeito com a história que estou a escrever (...) Atingi metas pessoais e profissionais, conheci pessoas de todo o mundo, fiz amigos para a vida e aprendi imenso sobre gestão, estratégia e recursos humanos na AIESEC. Estou a estudar Recursos Humanos e a trabalhar em Londres durante um ano... O que vem a seguir? Quem sabe?"

Apesar de a associação internacional ter surgido em 1948, só em 1959 é que chegou a Portugal. Actualmente, celebra 50 anos de actividade e continua com a missão com que nasceu: promover a paz e o desenvolvimento completo do potencial humano. "A instalação da organização em Portugal foi um processo moroso e com sucessivas negas por parte do Governo, só superadas com a perseverança que desde cedo caracterizou a AIESEC Portugal", comenta Rui Ramos.

A "organização mãe", AIESEC Internacional, plataforma internacional para os jovens desenvolverem o seu potencial, promove mais de cinco mil oportunidades de liderança, quatro mil oportunidades de estágios internacionais e mais de 350 conferências por ano. O objectivo é o de criar relações de entendimento cultural entre os países membros.

Em 2009, já contabilizam oito mil trocas de estudantes. Portugal contribuiu com 110, número que inclui os estudantes portugueses, que realizaram estágios no estrangeiro e os internacionais, que a associação acolhe em empresas portuguesas.

A saber
A AIESEC oferece quatro tipos de estágio

Estágios de Gestão

Para alunos com interesse nas áreas de gestão, finanças, "marketing", gestão de projectos e recursos humanos. É o estágio com mais procura, a nível internacional.

Estágios de Desenvolvimento
Experiências de voluntariado que se realizam em ONG e que têm com principal objectivo o desenvolvimento social e comunitário. Estes estágios relacionam-se, normalmente, com um problema social específico da comunidade-alvo, como os Direitos Humanos, HIV - Sida, entre outros. Os projectos são "no terreno", junto das populações.

Estágios Técnicos e de Engenharia
Focados, sobretudo, na engenharia informática, mas também para alunos de engenharia electrónica ou electrotécnica, mecânica e industrial.

Estágios de Educação
Relacionados com promoção, desenvolvimento de currículos, ensino e aconselhamento no sector da educação.
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