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Mais de um terço dos jornalistas diz ser alvo de pressões externas

Um estudo realizado por um investigador da Universidade de Coimbra conclui que 35,7% dos jornalistas inquiridos são alvo de pressões externas e cerca de um quarto afirma ser alvo de pressões da direcção e da administração.

Cátia Barbosa/Negócios
15 de Dezembro de 2016 às 07:56
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O inquérito, com uma amostra representativa composta por 806 jornalistas, nota que mais de um terço dos inquiridos refere que já foi alvo de pressões externas no decorrer do seu trabalho, disse à agência Lusa o investigador responsável pelo estudo, João Miranda, que realiza uma tese de doutoramento na Universidade de Coimbra (UC) sobre a auto-regulação profissional do jornalismo.

 

Apesar de uma maior evidência das pressões externas nas redacções, 26,2% dos jornalistas que participaram no inquérito referem também que já foram alvo de pressões da direcção editorial e 23,8% de pressões da administração da empresa.

 

O investigador João Miranda fez um cruzamento de dados para perceber se havia alguma variação significativa em relação à idade, género ou vínculo laboral, concluindo que as pressões são "transversais aos diferentes sectores do grupo profissional".

 

Apesar destes resultados, apenas cerca de 15% dos inquiridos discordam ou discordam totalmente com a ideia de "dispor de total liberdade na produção de conteúdos", nota o estudo a que a agência Lusa teve acesso.

 

Quase 90% dos jornalistas dizem cumprir os preceitos éticos e deontológicos inerentes ao exercício da profissão e a quase totalidade afirma que o seu trabalho nunca ou raramente é modificado sem a sua autorização.

 

O inquérito, que também aborda as rotinas dos jornalistas, conclui que 2,7% dos inquiridos nunca contacta com fontes na redacção de notícias e 10,7% raramente.

 

As percentagens também são reduzidas quando é perguntado aos jornalistas se recorrem sempre ou muitas vezes apenas a notas de agência.

 

No entanto, cerca de 20,5% dos inquiridos raramente sai da redacção e 3,7% nunca a abandona em reportagem.

 

Essa tendência é corroborada pela hierarquia feita pelos jornalistas relativamente às metodologias que utilizam para contactar com as fontes.

 

A principal metodologia é o contacto telefónico, seguido do contacto presencial, sendo que o contacto via 'e-mail' também se torna relevante, sobretudo quando os jornalistas elencam a sua segunda e terceira metodologia mais utilizada no contacto com as fontes.

 

João Miranda salienta ainda o facto de as redes sociais já serem a principal metodologia utilizada por 1,7% dos jornalistas inquiridos.

 

Na componente da auto-regulação, a maioria dos jornalistas (76,4%) consideram fraco o grau de participação da profissão na Entidade Reguladora para a Comunicação Social e mais de metade considera igualmente fraco o grau de participação na Comissão da Carteira Profissional.

 

Cerca de 70% dos inquiridos considera importante a criação de uma Ordem dos Jornalistas.

 

Os resultados do inquérito são apresentados hoje, na Faculdade de Letras, às 16:00, num debate intitulado "Relatos de uma profissão indefinida. Resultados de um inquérito aos jornalistas".

 

O inquérito foi aplicado via 'online' entre os contactos detidos pela Comissão da Carteira, a titulares de carteira profissional de jornalista, título provisório ou cartão de equiparado.

 

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