Notícia
Itália: Director de jornal económico investigado
Em causa estão alegações de manipulação de dados de assinaturas digitais e desvio de fundos para prestação de serviços fictícios na editora do Il Sole 24 Ore. Além do director, há mais oito responsáveis sob investigação.
Os serviços de inspecção fiscal italianos fizeram esta sexta-feira, 10 de Março, buscas na sede do maior jornal económico italiano, o Il Sole 24 Ore, no âmbito de uma investigação sobre alegada manipulação de dados económicos e desvio de fundos.
Além de Roberto Napoletano, o director da publicação desde Março de 2011, as investigações levadas a cabo pela Guardia di Finanza di Milano visam mais dois responsáveis da administração do jornal e sete outros responsáveis ligados à rádio do grupo, a Radio 24, e à agência noticiosa Radiocor.
Em causa estão alegações de inflacionamento do número de edições digitais vendidas e falsificação das contas, além de apropriação indevida de fundos estimada em cerca de 3 milhões de euros, escreve o jornal La Stampa.
Foram apreendidos vários documentos na sede do jornal - propriedade da confederação industrial Confindustria através de 67,5% do Gruppo 24 Ore - além de vários escritórios. Benito Benedini e Donatella Treu, antigos responsáveis máximos do grupo editorial, também estão entre os visados.
Entre os investigados estão o antigo director da área digital do Il Sole 24 Ore, Stefano Quintarelli, o antigo director editorial Massimo Arioli, o ex-director da área de vendas Alberti Biella e um responsável da Fleet Street News Ltd, que está encarregue de recolher os dados dos assinantes digitais para atrair mais anunciantes.
Em Novembro do ano passado, o meio Valori avançava que o jornal teria pago à Di Source (que controla a Fleet Street News mas de quem não se conhecem os proprietários) para gerir e activar subscrições digitais inactivas, relacionadas com subscrições em pacote feitas por clientes empresariais. Desta forma, o título terá conseguido inflacionar os dados de audiências, apresentando por exemplo em Março do ano passado 109,5 mil cópias digitais vendidas, contra as 2.363 do La Repubblica.
Segundo o La Repubblica, o esquema existe pelo menos desde 2012, tendo sido denunciado pela associação de consumidores Adusbef e por alguns jornalistas daquele meio económico.
A investigação do desvio de verbas recai igualmente sobre a Di Source, para onde terão sido alegadamente canalizados pagamentos por serviços não prestados entre 2013 e 2015. Arioli terá sido um dos fundadores da empresa, enquanto era também director financeiro da editora.
Segundo a Reuters, o Il Sole 24 Ore emitiu um comunicado no qual garante que a nova administração do título, "comprometida com a reestruturação e relançamento da empresa, reafirma a sua intenção de colaborar com a investigação para apurar o que se passou."
A empresa registou prejuízos de cerca de 61,5 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano passado. As acções do Il Sole 24 Ore caem 4,26% para 31,7 cêntimos na bolsa de Milão.