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Famílias que dependem da Televisão Digital Terrestre continuam mal servidas
Cerca de 16% das famílias portuguesas dependem da Televisão Digital Terrestre (TDT) e continuam mal servidas, concluiu a Deco, que numa amostra de 10 regiões apenas encontrou boa recepção de sinal na rede TDT em duas.
Apesar de a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) apontar a elevada estabilidade do sinal, graças à medição da sua rede de 400 sondas instaladas no país, a associação de defesa dos consumidores Deco diz que MEO -- detentora da licença de TDT -- "apresenta mapas de cobertura nem sempre fiáveis".
Nas medições que efectuou em 10 regiões de norte a sul do país, a Deco verificou que "a realidade é menos simpática do que a 'pintada'" pela ANACOM, apontando como caso mais flagrante Monte Gordo, distrito de Faro.
"Apesar de a MEO, detentora da licença, e a ANACOM apresentarem uma total ausência de problemas, nos nove locais onde efectuámos medições registámos valores de potência insuficientes e níveis elevados de ruído que não permitem uma recepção estável", refere a Deco na sua edição de Fevereiro.
Como Monte Gordo é "uma zona que não dispõe de canais alternativos de recepção, os consumidores ficam sem solução", acrescenta.
A Deco fala ainda da "clara expansão dos serviços de televisão pagos" nos últimos anos, com pacotes que englobam vários serviços, como a ligação à net e o telefone fixo, mas diz que o custo nem sempre é acessível a todas as franjas da população.
A Deco defende que a transição e a utilização da TDT tem sido um verdadeiro teste à paciência dos portugueses.
"Além da eventual despesa com a compra de descodificador, cabos, antena ou deslocações de técnicos e dos poucos canais disponíveis, os consumidores queixam-se de falhas recorrentes na recepção das emissões em várias localidades", lembra a associação, sublinhando ainda que há zonas do país que "não têm cobertura por antena e são obrigadas a recorrer ao satélite".
Contudo, em ambos os tipos de cobertura, segundo a Deco, tanto as medições que fez como alguns relatórios do regulador provam que "a informação sobre a cobertura nas diferentes localidades é pouco fiável".
"Para piorar, as campanhas de informação foram escassas e pouco esclarecedoras", acrescenta.
De modo a tentar minorar os problemas de recepção, em maio de 2013 a ANACOM decidiu que a rede TDT, que funcionava num único canal (o 56), passaria a ser emitida em várias frequências e que o processo de aplicação desta medida ocorreria de forma faseada.
"A solução para a grande maioria das falhas passa, de facto, pela possibilidade de usar diferentes frequências. Mas, actualmente, ainda há uma larga parcela do território sem acesso aos canais alternativos, em parte por falta de uma comunicação eficaz à população", considera.
A falta de interesse na TDT e os diversos problemas com a cobertura e a recepção do sinal resultaram na frustração dos consumidores e muito provavelmente contribuíram para o aumento da subscrição dos serviços pagos de televisão, sublinha a Deco, relembrando que "a MEO é a detentora da licença de utilização da TDT e uma das grandes operadoras de televisão paga nacionais".