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Dona do Público diz que greve dos jornalistas "é reflexo do desafio da reinvenção”
“Respeitamos o direito à greve”, afirmou um administrador da Sonae, que antecipou em 24 horas a apresentação de contas do grupo, que estava inicialmente marcada para amanhã, dia da primeira greve geral de jornalistas em mais de 40 anos.
A apresentação de contas da Sonae relativas a 2023, que estava há muito tempo marcada para quinta-feira, 14 de março - o mesmo dia da greve geral dos jornalistas - foi há uma semana reagendada para quarta-feira, tendo a respetiva conferência de imprensa sido realizada durante a manhã.
Questionada por um jornalista sobre esta matéria, a CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, endossou a missão a João Günther Amaral, Chief Development Officer (CDO) da Sonae. "Respeitamos o direito à greve", começou por afirmar Amaral, considerando que a greve geral de jornalistas é um "reflexo do desafio de reinvenção" que a comunicação social enfrenta em todo o mundo.
"Entendemos que o que está a acontecer é reflexo do enorme desafio que os meios de comunicação social enfrentam hoje em dia, não só em Portugal, mas na Europa e no mundo. E que é um desafio de reinvenção, com tudo o que está a acontecer ao nível das plataformas digitais e da canalização dos meios que eram investidos em jornais e que geravam as receitas dos jornais e de outros meios de comunicação social, e que estão a ser canalizados para outro lado", explicou o CDO da Sonae.
Sinalizando que se vive atualmente "um momento de reinvenção do que vai o ser futuro de cada uma dessas plataformas", concluiu que "é nesse contexto que aparece este momento, em que pela primeira vez em 40 anos há uma greve de jornalistas".
O Sindicato dos Jornalistas agendou uma greve geral para 14 de março contra os baixos salários, precariedade e degradação das condições de trabalho do setor.
Entretanto, os trabalhadores do Público – que é detido pela Sonae, através da Sonaecom -, reunidos em plenário há uma semana, consideram essencial que a empresa garanta aumentos salariais este ano face "à prolongada ausência" de atualizações remuneratórias e à subida do custo de vida.
"Perante o forte sinal de descontentamento que acreditamos sairá da greve [geral de jornalistas] de 14 de março de 2024, o plenário de trabalhadores convida o conselho de administração a apresentar uma proposta de aumentos salariais, para apreciar num próximo plenário", lê-se num documento com a posição coletiva dos trabalhadores do jornal.