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Dona do Novo Semanário avança com despedimento coletivo de quatro jornalistas
A LapaNews, dona do Novo Semanário, avançou com um processo de despedimento coletivo de quatro jornalistas "para fazer face ao que diz serem dificuldades financeiras", denuncia o Sindicato dos Jornalistas (SJ), que estranha "esta opção".
11 de Março de 2022 às 18:59
De acordo com o SJ, "numa primeira fase, os empregadores entenderam que a solução seria um processo de extinção do posto de trabalho, mas a intenção foi travada pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), a pedido dos/as trabalhadores/as e por recomendação do Sindicado dos Jornalistas".
Na altura, a empresa foi "notificada para a obrigatoriedade de respeitar a lei" e se "desejasse avançar com o processo deveria fazê-lo através de um despedimento coletivo, a única forma de respeitar os procedimentos legais".
"O SJ estranha esta opção, considerando que as dificuldades financeiras de um órgão de comunicação social não se resolvem com o despedimento de quatro pessoas", refere.
Além disso, o sindicato "recorda que o Novo, quando surgiu, anunciou ao país que teria financiamento para pelo menos três anos, sem sobressaltos e com máxima estabilidade para os e as jornalistas".
Nesse sentido, o SJ "não entende que, poucos meses depois desta mensagem, seja imposta esta medida que não pode deixar de ser considerada perturbadora, tanto mais que o semanário em causa até procedeu a algumas contratações nos últimos tempos".
O sindicato, "mais do que manifestar solidariedade aos e às jornalistas afetados/as por este processo nada claro, quer alertar para o 'fenómeno' que vai surgindo na comunicação social de empresas que à primeira dificuldade entendem que, para resolver ou contornar a crise, devem dispensar os/as profissionais que são a sustentação de qualquer" media.
Além disso, "estranha ainda que não haja uma única pessoa da administração identificada (e responsabilizada) por uma gestão que, percebe-se agora, se não foi danosa, foi pelo menos desastrosa".
O Sindicato dos Jornalistas lamenta ainda que "sejam sempre" os jornalistas a pagar pela crise ou por eventuais erros de gestão dos órgãos de comunicação social.
Em comunicado, a administração do jornal salienta que, "como qualquer órgão de comunicação social, face ao contexto atual, e após quase um ano de existência em banca, o Novo está a fazer uma reestruturação interna normal".
O Novo "é uma 'startup' e, como é normal numa empresa a dar os primeiros passos, estamos em adaptação permanente do produto e da realidade de recursos humanos, sempre com o máximo de respeito pelos jornalistas, mas sobretudo para assegurar a viabilidade do projeto como um todo, ao futuro que aí vem", conclui.