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A Era da Guerra dos tronos chega ao fim. E agora HBO?
O HBO contratou mais pessoal para as áreas de desenvolvimento e produção para aumentar a programação original, mas não será fácil encontrar outro sucesso da escala da "Guerra dos Tronos".
Este domingo à noite o HBO transmite finalmente o último episódio da temporada final da "Guerra dos Tronos", a sua série mais popular de sempre, deixando um vazio na programação que é suficientemente grande para lá caber um dragão.
Até o comediante da HBO, John Oliver, brincou este mês com a ansiedade gerada com o fim da série. "Daqui a duas semanas este canal está tão f…..", disse Oliver.
Mas os gestores do HBO sabiam há muito tempo que este dia chegaria, tendo nos últimos tempos avançado com novas séries, incluindo uma prequela da "Guerra dos Tronos", para manter os subscritores satisfeitos. Desde que passou a ser detido pela AT&T, o HBO tem reforçado o lançamento de conteúdos originais em 50%, o que aumenta as probabilidades de acertar num novo sucesso.
"Temos uma cultura de estimular o talento e de gastar no talento", diz Casey Bloys, diretor de programação da HBO. "Vamos gastar dinheiro" para conseguir um novo sucesso, afirmou.
Em 2019, o HBO contratou mais pessoal para as áreas de desenvolvimento e produção para aumentar a programação original. Não será fácil encontrar outro sucesso da escala da "Guerra dos Tronos", sobretudo numa altura em que estão a ser transmitidas cerca de 500 séries em todo o mundo.
A era do "streaming" acentuou a pressão sobre a HBO de várias formas. Concorrentes como a Netflix, Amazon e Hulu estão a apostar numa programação mais ambiciosa, competindo por um número finito de dinheiro e horas de lazer dos consumidores.
Ao mesmo tempo, é agora mais fácil cancelar o HBO se ver a "Guerra dos Tronos" era o único motivo da subscrição. Basta um clique online. Como revelou um consumidor no twitter: "A única coisa boa com o fim da ‘Guerra dos Tronos é que agora posso finalmente cancelar a subscrição do HBO".
O HBO tem cerca de 140 milhões de clientes em todo o mundo, incluindo cerca de 50 milhões nos Estados Unidos, onde 7 milhões têm a versão online HBO Now.
Serviço de streaming
Encontrar um novo sucesso passou a ser ainda mais importante para a AT&T uma vez que a HBO é um elemento chave do serviço online que vai ser lançado. A visualização de vídeos através de smartphones e tablets foi uma das razões que levou a empresa a gastar 85 mil milhões de dólares para comprar a Time Warner, que controla a HBO. O serviço online que vai ser lançado no final do ano também inclui filmes da Warner Bros e outras séries de sucesso, como Friends, que é um dos conteúdos mais vistos da Netflix.
"Teremos conteúdos muito bons na programação quando ‘Guerra dos Tronos’ acabar", disse recentemente o CEO da AT&T, Randall Stephenson, numa conferência com investidores. "É um fator chave e teremos que acelerar o nosso investimento", acrescentou.
O HBO já experienciou no passado esta ansiedade com o fim de séries de grande sucesso. Vários jornalistas decretaram um futuro negro para o HBO quando acabaram as séries "Sopranos" e "O sexo e a cidade". Alguns concorrentes até alteraram o nome do canal para "HB – Over". Mas depois destes dois sucessos terminarem, vieram "Girls", Veep" e "Guerra dos Tronos" – e Emmys suficientes para calar os críticos. Só com a série que agora termina o HBO conquistou 47 Emmy.
Contudo, o gestor que liderou o HBO ao longo dos últimos anos já saiu do canal. Richard Plepler demitiu-se no início deste ano no âmbito de uma reestruturação da companhia depois da AT&T ter comprado a Time Warner.
O veterano da HBO
Bloys é agora o líder criativo da HBO. Este veterano há 15 anos na companhia enfrenta um desafio crescente de aumentar a produção do HBO, ao mesmo tempo que mantém a reputação e qualidade do canal.
"Há certamente espaço para alterar o que historicamente consideramos ser o HBO, mas uma coisa que não vai mudar é a qualidade", disse. "2019 é um bom exemplo do que podemos fazer com mais recursos e mais programação".
O compromisso da AT&T ao aumentar o orçamento da HBO passa por permitir que os responsáveis do canal lancem novos programas que atraiam audiências entre os mais novos. Neste âmbito Bloys citou "Euphoria", uma série cujos protagonistas são estudantes.
No que diz respeito à contagem de subscritores, no passado tem subido quando é lançada uma nova temporada de "A Guerra dos Tronos" e descido quando esta termina. Mas a expectativa ao longo do tempo é que se registe um aumento líquido.
Os especialistas do setor dizem que a HBO tem um "impressionante" conjunto de programas a lançar em breve. No próximo mês "Big Little Lies" com Meryl Streep. E novas temporadas de "Succession," "Ballers," "Silicon Valley," "The Deuce" e "Westworld", bem como o filme "Deadwood".
"Apesar do volume ser relativamente baixo, [o HBO] tem a programação mais forte entre os canais tradicionais e digitais", disse Matthew Ball, antigo gestor da Amazon Studios. "Quando Richard Plepler saiu do HBO, também deixou à AT&T conteúdos que vão render ao longo de vários anos".