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Trabalhadores da Printer têm dois salários em atraso
Foram pagos os salários até março na empresa presidida por Álvaro Sobrinho, estando ainda por regularizar abril e maio. Insolvência “é provável”, admite empresário.
Os salários da gráfica Printer Portuguesa estão regularizados até ao mês de março, estando em dívida os de abril e maio, segundo o secretário de Estado do Trabalho, que apontou que dois dos 123 trabalhadores da empresa suspenderam contrato.
“Os salários estão pagos até março, portanto, estão em dívida os salários de abril e maio e os trabalhadores estão em contacto com o apoio do sindicato junto da delegação local da ACT [Autoridade para as Condições do Trabalho] no sentido de apresentarem os pedidos de suspensão de contrato para efeitos de obtenção de subsídio”, afirmou Adriano Rafael Moreira na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.
O governante apontou que o sindicato espera que entrem cerca de 60 pedidos, mas que, na terça-feira, apenas havia dois que tinham sido submetidos.
A audição de Adriano Rafael Moreira seguiu-se à do presidente da empresa, Álvaro Sobrinho, em que este apontou que a Printer Portuguesa foi prejudicada por “fatores exógenos”.
“A Printer não funciona atualmente porque o juiz Carlos Alexandre decidiu arrestar as contas da Printer”, criticou o empresário angolano, acrescentando que “no limite, o que devia ser feito era arrestar as ações, não as contas”. “Imagine-se, um acionista de uma empresa que tenha ações em tribunal, vão lá e arrestam as contas da empresa. A empresa vai à falência, qualquer empresa vai à falência”, sublinhou o antigo presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA).
Questionado sobre o funcionamento da empresa com as contas arrestadas, Adriano Rafael Moreira, apontou que a Printer Portuguesa “funcionou durante bastante tempo com o processo judicial” e com as contas arrestadas. “Há mecanismos que a empresa conseguiu no passado que fizeram com que só em abril começasse a ter problemas de encerramento total e que tenha salários em dia até março”, registou o secretário de Estado.
Durante a sua audição, Álvaro Sobrinho admitiu que não vê outra saída para a empresa “a não ser a provável insolvência da Printer – do ponto de vista racional e dos ‘cashflows’ [dinheiros] gerados”. Sobrinho afirma que mesmo que um acionista queira recuperar a empresa, o negócio “vai ter sempre” de ultrapassar danos reputacionais.
Além dos cerca de 120 trabalhadores, o empresário apontou que a insolvência poderá afetar perto de 380 trabalhadores na região de Sintra, e de “pequeníssimas empresas que dependem da Printer para sobreviver”.