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Têxteis perdem 572 milhões de euros de exportações em 2020

A pandemia fez a indústria portuguesa do têxtil e do vestuário registar um novo recuo de 11% nas vendas ao estrangeiro em 2020, que prosseguem no vermelho após ter falhado a meta de ter uma década de crescimento.

Paulo Duarte
10 de Fevereiro de 2021 às 13:27
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Depois de nove anos consecutivos a crescer, até atingir um novo máximo de vendas ao exterior, as exportações da indústria portuguesa do têxtil e do vestuário encolheram 1% em 2019 e voltaram a recuar 11% em 2020, totalizando 4.643 milhões de euros.

 

De acordo com os dados do INE, compilados pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), a pandemia de covid-19 tirou 572 milhões de euros de receitas ao setor e as maiores perdas aconteceram em Espanha (-25%) e em Itália (-13%), que compraram em conjunto menos 435 milhões de euros. No ano passado, seis dos atuais dez maiores clientes reduziram as compras em Portugal.

 

Em termos absolutos, os melhores desempenhos no ano da pandemia foram registados em França (mais 34 milhões de euros), Dinamarca (mais 6 milhões de euros) e Alemanha (mais 4,9 milhões de euros). As vendas para destinos extracomunitários aumentaram 26%, mitigando parte das perdas de 19% verificadas no conjunto dos mercados da União Europeia.

 

Numa nota de imprensa, a ATP avalia as exportações de equipamentos de proteção individual (EPI) para o combate à covid-19 em cerca de 189 milhões de euros. "Na ausência destes produtos, as exportações do setor teriam sido de 4.453 milhões de euros, ou seja, menos 761 milhões de euros, e a queda teria sido de quase 15%, comparando com 2019", acrescenta o organismo que em agosto de 2019 passou a ser comandada por Mário Jorge Machado, líder da Estamparia Adalberto.

 

Perdas da matéria-prima até à cama

 

Em termos de grandes categorias de produtos, as exportações de matérias-primas têxteis caíram quase 10% e as de vestuário 17%, tendo sido a mais afetada no ano passado. Já a rubrica dos têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados, em que se incluem as máscaras têxteis, registou um crescimento homólogo de 14%.

 

Porém, se não tivessem sido os EPI teria também encolhido 9%, uma vez que caíram as vendas de tapetes e de roupas de cama, mesa e cozinha. Isto porque a categoria de produtos onde se encontram as máscaras têxteis é que teve um crescimento homólogo de 641%, equivalente a um acréscimo absoluto de 166 milhões de euros em 2020.

 

Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).
Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Amândia Queirós



A balança comercial do têxtil e vestuário continuar a ter um saldo positivo, com uma taxa de cobertura de 122% e um valor de 830 milhões de euros, já que as importações também caíram 14%, para 3.812 milhões de euros em 2020.

 

No âmbito do plano estratégico para 2025 em que apontava à liderança mundial em "produtos de nicho e de alta gama", divulgado em dezembro de 2019, antes da pandemia, a associação patronal desenhou um cenário em que previa um aumento das exportações para seis mil milhões de euros e admitia também a perda de 2 mil empresas e 28 mil empregos num espaço de cinco anos.

Alerta no vestuário de tecido e uniformes

 

O segmento do vestuário, em particular, perdeu 540 milhões de euros de vendas no exterior durante o ano passado, ficando 17,3% abaixo da performance no ano anterior. E o último mês do ano só veio confirmar a hecatombe para as confeções nacionais.

 

"A queda era esperada, até porque a situação sanitária tem piorado e muitos países têm imposto confinamentos à população e o encerramento de lojas, o que faz com que o consumo e, consequentemente, as encomendas para Portugal se ressintam", frisou César Araújo, o líder da associação do vestuário (ANIVEC).

 

César Araújo lidera a ANIVEC, especializada no vestuário e confeção.
César Araújo lidera a ANIVEC, especializada no vestuário e confeção. Paulo Duarte



O também presidente da Calvelex insistiu, por outro lado, que há segmentos de atividade numa situação particularmente difícil, como é o caso daquelas empresas que trabalham no vestuário de tecido e uniformes.

 

Numa nota enviada às redações, César Araújo dramatizou que "é preciso apoiar estes negócios, para que, no final desta pandemia, a indústria de vestuário, que emprega mais de 90 mil pessoas, continue a garantir o crescimento dos postos de trabalho e dos rendimentos, como tem feito ao longo das últimas décadas".

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