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Queiroz Pereira assume "desencanto" com política para o eucalipto

O empresário que controla a Navigator diz que "bem se dispensava este levantar artificial de obstáculos internos" e que "não parece ser este o caminho para evitar a desindustrialização".

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Pedro Elias
27 de Abril de 2017 às 18:54
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O presidente do conselho de administração da The Navigator Company, Pedro Queiroz Pereira, considera que com as novas regras decididas pelo Governo que travam a expansão da área de eucalipto no país "perdem as empresas deste sector, que vêem agravada a sua competitividade externa, e perde o País, sob a forma de escoamento de divisas e de destruição de postos de trabalho".

Na mensagem que abre o relatório e contas de 2016 da Navigator (designação adoptada pela Portucel), o empresário diz reconhecer "que esta perspectiva me provoca algum desencanto, por me obrigar a concluir que, em vez de se melhorar os nossos factores endógenos de competitividade, se torna cada vez mais difícil a vida das empresas produtivas e mais arriscados os investimentos".

"Quando, um pouco por todo o lado, renascem, sob formas mais ou menos encapotadas, barreiras proteccionistas, bem se dispensava este levantar artificial de obstáculos internos", afirma Queiroz Pereira, para quem "decididamente, não parece ser este o caminho para evitar a desindustrialização".

Queiroz Pereira lamenta que em vez de medidas positivas sejam anunciadas "barreiras e obstáculos à plantação e replantação de eucalipto, que é discriminado em relação a outras fileiras florestais, sem qualquer justificação económica ou ambiental e com a consequência, imediata e a prazo, de um ainda maior abandono de propriedades rurais em Portugal".

"Haverá, como é óbvio, o agravamento do já muito oneroso peso das importações de matéria-prima para a indústria de pasta de eucalipto", conclui, considerando que "outros sectores ganhariam em replicar a vitalidade que a fileira florestal do eucalipto tem Portugal".

Mesmo lamentando as medidas do Governo para o eucalipto, a Navigator tem previsto desenvolver em Portugal dois projectos de investimento. Um diz respeito à área do "tissue" em Cacia, com a construção de uma linha de produção com uma capacidade nominal de 70 mil toneladas por ano e um investimento global de 121 milhões de euros.

O segundo projecto tem como objectivo o aumento de competitividade na unidade da Figueira da Foz, num investimento global estimado é de cerca de 85 milhões de euros.

No relatório e contas divulgado esta quinta-feira, o grupo reafirma que "vê com preocupação a intenção do Governo em fazer aprovar, no âmbito da reforma da legislação que regula o sector florestal, um diploma legal que proíbe a plantação de novas áreas com eucalipto, apenas permitindo plantações de novas áreas por troca com plantações já existentes em zonas marginais e de baixo rendimento".

A empresa considera que "esta proposta, que carece de qualquer fundamento técnico e ambiental, não tem em consideração a importância do eucalipto para a economia nacional e irá provocar dificuldades acrescidas num sector onde já existe um desequilíbrio entre a oferta e a procura, e que actualmente já importa cerca de 200 milhões de euros de madeira por ano".

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