Após acumular sete meses seguidos a bater máximos históricos, dos quais somou seis registos acima dos 2.000 milhões de euros, foi sem ponto de surpresa que a indústria portuguesa de metalurgia e metalomecânica acabou por fechar o último ano com um recorde nas exportações.

"No conjunto dos 12 meses de 2022, as empresas do Metal Portugal venderam ao exterior 23.080 milhões de euros, apresentando um crescimento de 16,1% face a 2021", revela a associação do setor (AIMMAP), esta sexta-feira, 10 de fevereiro, em comunicado.

Contas feitas, "se 2021 era até agora o melhor ano de sempre, 2022 ocupa agora esse lugar superando o valor atingido no ano anterior em 3.194 milhões de euros", conclui a mesma organização patronal.

De acordo com a análise da AIMMAP, os países que tiverem um maior crescimento absoluto foram a Alemanha, Espanha, França, Estados Unidos, Angola, Irlanda e Itália, "um grupo de países que, na sua grande maioria, se carateriza por uma enorme sofisticação e exigência, facto que não surpreende dada a aposta sustentada do Metal Portugal na qualidade, inovação e valor acrescentado", sustenta.

A merecer destaque está o crescimento de 23% nas exportações para o mercado alemão e os 64% para os Estados Unidos, enquanto "as vendas para o Reino Unido (excluindo a Irlanda do Norte) recuperam e aceleram trajetória de crescimento, registando uma taxa de crescimento de 8,9%".

Já as vendas para a Suécia e os Países Baixos, "mercados de grande importância e que assumem destaque nomeadamente no plano de internacionalização desenhado pela AIMMAP, continuam a crescer de forma consistente e muito expressiva - 33,2% e 18%", respectivamente.

Os subsetores metalurgia de base, produtos metálicos e máquinas e equipamentos foram conjuntamente os que mais contribuíram para a performance das exportações do setor em 2022, seguidos pelo material de transporte.

Indústria quer reforma fiscal e "excepção ibérica" até final de 2024  

Para Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP, estamos perante "uma consistência só possível num setor de excelência que, para bater o recorde das exportações, bate muitos outros recordes. Estamos a falar de um setor vanguardista no investimento em qualidade, inovação, tecnologia, formação, bem como em padrões de sustentabilidade cruciais no posicionamento do setor, que todos os dias escala para níveis superiores em mercados de extrema exigência e sofisticação", considera.

Apesar desta fulgurante performance do setor, Campos Pereira alerta que "o primeiro trimestre de 2023 têm obrigatoriamente de seguir critérios muito cautelosos", ainda que prometendo que, "neste contexto de crise global, as empresas do Metal Portugal continuarão resilientes e a dar provas de que sabem utilizar as caraterísticas que melhor as diferenciam, para desbravar e conquistar novos mercados".

Não obstante, afirma, "é conhecido o importante impacto direto e indireto que o setor tem em toda a economia nacional", considerando "urgente que se adotem medidas suficientemente competentes para mitigar os grandes obstáculos, e é fundamental que o Governo português se associe ao seu homólogo espanhol, pedindo à Comissão Europeia que prolongue até ao final de 2024 a exceção ibérica, que abrange Portugal e Espanha desde 15 de junho de 2022, a qual estabelece um preço máximo no gás para a produção de eletricidade", defende.

Além disso, "e num contexto em que a atual conjuntura leva a que as empresas enfrentem estruturas de custos incomportáveis", o mesmo dirigente associativo acrescenta que "a prometida e sucessivamente adiada reforma fiscal, iria permitir aliviar de forma justa e expressiva os encargos que as empresas suportam para simplesmente exercer a sua atividade e criar riqueza para todo o país".