Notícia
Metal português vai criar programa de atração de imigrantes para continuar a bater recordes
O setor da metalurgia e metalomecânica tem agora um plano estratégico e de ação, o “Metal 2030”, que traça as principais prioridades e estratégias que deverão guiar a mais exportadora indústria portuguesa nos próximos anos.
Após ter batido um novo recorde de exportações em 2022, somando 23.080 milhões de euros, mais do que duplicando este registo em 10 anos, o setor português do metal (metalurgia e metalomecânica) continua em grande, tendo fechado os dois primeiros meses deste ano com um aumento homólogo de 15,2%, o que traduz o melhor resultado de igual período da última década.
Posto isto, agora que Portugal começa a implementar os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030, que "é o último programa para as indústrias se modernizarem com apoios públicos europeus", a associação do setor (AIMMAP) decidiu que "seria a altura certa para fazer essa análise e definir uma nova visão até 2030".
"Metal 2023 – Plano Estratégico e de Ação para o setor da Metalurgia e Metalomecânica em Portugal" é o nome do estudo, elaborado pela AIMMAP em colaboração com a consultora EY, que é apresentado esta quarta-feira, 3 de maio, no Porto, e que traça "um conjunto coeso de projetos estruturantes a desenvolver" pelo setor do metal.
Do documento, o Negócios destaca, por exemplo, o "Programa Metal 5.0", que visa a criação do Programa de Qualificação e Transformação 5.0 da cadeia de valor do Metal, numa parceria conjunta entre o CATIM, a AIMMAP e as empresas do setor, que "deve ter como primeira ação o desenvolvimento de um ‘roadmap’ da Indústria 5.0 segmentado em graus de maturidade digital das empresas e ações-tipo para cada nível de maturidade, salientando as vantagens associadas a cada ação-tipo".
O programa deverá "depois traduzir-se em iniciativas de qualificação empresarial de base tecnológica em equipamentos e ferramentas associadas à Indústria 4.0 ( IoT, inteligência artificial, big data) e à automação (robótica), que inclua também investimentos em inovação produtiva focados na reconversão da indústria (retrofitting)".
Também deverá "procurar estimular a inclusão de vertentes inovadoras de Indústria 5.0 e de automação/robotização nos projetos colaborativos de I&D+I a levar a cabo no âmbito do Eixo 1 - Inovação e upgrading".
"Mais crescimento, mais produtividade, mais sustentabilidade, mais capacitação e mais imagem"
Deparando-se com "fortes entraves ao nível da atração e retenção de pessoal qualificado em várias área funcionais", o "Metal 2030" também preconiza a criação de um "Programa de Atração de Talento" e de um "Programa de Atração de Profissionais Imigrantes".
"A AIMMAP pretende desenvolver um Plano de Ação para a Atração de Imigrantes", avança a associação do setor, elencando uma série de medidas a implementar, a começar pelo óbvio "levantamento dos perfis profissionais necessários à atração de imigrantes", assim como o "envolvimento com as entidades locais no desenvolvimento, junto dos centros de apoio aos imigrantes" e de "balcões de atendimento" orientadores à integração no setor.
A "otimização de parcerias CENFIM [centro de formação do setor/entidades congéneres nos PALOPS e outros países de proximidade cultural/regional, com vista à capacitação no local para posterior imigração", a criação, por parte do CENFIM, de "certificado de competências" de equivalência, a partir de parcerias com centros de formação de outros países, e a criação de missões ao estrangeiro para a atração de profissionais são outras medidas a executar para atrair profissionais imigrantes, são outras acções a executar.
E mais estas três medidas: "Aprofundamento da relação com o EURES (rede de cooperação europeia de serviços de emprego), sensibilização das entidades oficiais para a necessidade de desburocratização e aceleração dos processos de legalização de imigrantes, e estímulo ao desenvolvimento de políticas para o regresso de emigrantes portugueses ao país.
Para chegar ao final desta década com "mais crescimento, mais produtividade, mais sustentabilidade, mais capacitação e mais imagem", que constituem os cinco objetivos a atingir pelo setor até 2030, o estudo apresenta - para além da atração, retenção e capacitação de talento, e da qualificação empresarial - quatro outros eixos estratégicos de intervenção – inovação e upgrading; descarbonização e economia circular; internacionalização e IDE; e concertação estratégica e financiamento.
Composto por cerca de 23 mil empresas, maioritariamente microempresas (81%), e por uma força de trabalho de quase 246 mil pessoas, o setor português do metal está concentrado sobretudo nas zonas mais industrializadas do Norte e Centro do país, tendo fechado 2021 com uma faturação de 34,6 mil milhões de euros.