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Metal vende como nunca e abre apetite de fundos

A indústria metalúrgica e metalomecânica tem a agulha apontada a um novo recorde de exportações este ano, mas não são só os produtos, como as máquinas ou peças, que atraem o mercado: fundos à procura de bons negócios estão cada vez mais de olho nas empresas.
Diana do Mar 26 de Abril de 2023 às 15:00

Nunca vendeu tanto nem nunca foi tão cobiçada como nos tempos que grassam. A indústria portuguesa do metal, descrita como discreta e até “pouco sexy”, que contribui com 4% para o Produto Interno Bruto (PIB), tem intensificado o poder de atração, com o crescente interesse a ir além dos produtos e a recair sobre as próprias empresas que os criam, transformam e colocam no mercado.

“Há uma procura muito grande pelas nossas empresas. Permanentemente sou contactado por representantes ou mandatários de fundos – de capital português e não só – a manifestar interesse em comprar”, diz Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), identificando uma tendência que, apesar de “não ser de ontem”, tem ficado mais evidente. Porquê? “Há excesso de dinheiro no mundo e quando há excesso de dinheiro procuram-se bons negócios. Embora as nossas empresas sejam relativamente discretas, quem vai ver os balanços constata que, de facto, há boas oportunidades para comprar”, responde. Rafael Campos Pereira não tem números que quantifiquem exatamente essa procura, porque não desenvolve esse tipo de contactos. “A minha função não é vender nem ser intermediário e até prefiro que o capital seja português. Preferia que houvesse mais consolidação, com fusões de empresas”, comenta.

Aumentar exportações e diversificar mercados

O apetite pelas empresas do metal explica-se pelos resultados que a indústria tem vindo a obter. 2022 foi o melhor ano de sempre para as exportações que, mesmo num contexto adverso marcado desde logo pelo estalar da guerra na Ucrânia, aumentaram 16,1%, ascendendo a 23 mil milhões de euros. Mas a indústria pretende ir mais além e elevar este ano as exportações a um novo máximo: 25 mil milhões de euros. Um objetivo talvez conservador atendendo a que a conjuntura se apresenta mais favorável, com um alívio generalizado das subidas de custos de fatores de produção, como da energia, dos transportes ou das matérias-primas. Rafael Campos Pereira reconhece-o, mas prefere qualificar a meta de “prudente”, mesmo quando os primeiros dois meses de 2023 mostram uma boa largada, com um aumento anual homólogo acima de 15%, sustentando que haverá um limite ao atual ritmo de crescimento.

Este crescimento começou a ser forjado, de modo mais sustentado, na sequência da “troika”. “O grande aumento dá-se a partir de 2011. A crise ajudou as empresas a serem, porventura, mais ambiciosas na área da internacionalização, obrigando-as a começar a procurar outros mercados”, contextualiza. “Diversificar um pouco mais” os destinos das exportações é, de resto, uma ambição válida hoje. A indústria metalúrgica e metalomecânica vende para 201 mercados, (incluindo os 193 países membros da ONU e outros territórios, como Hong Kong), mas 75% ainda continuam a ser para a União Europeia. Isso tem, no entanto, uma vantagem no atual cenário de “alguma fragmentação da globalização” que “não será tão prejudicial” para Portugal, considerando a lógica de os países comprarem no bloco em que se inserem, observa o dirigente da AIMMAP. “O que pode acontecer é alguns que compram na China passarem a comprar em Portugal”, exemplifica.

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