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Lucros da Corticeira Amorim caem 22% para menos de 70 milhões em 2024
A líder mundial da cortiça perdeu vendas de 46,5 milhões de euros, tendo fechado o exercício com uma faturação de 939 milhões, com o EBITDA a recuar 11% para 157,6 milhões. Mesmo assim, o “board” propõe aumentar o dividendo bruto a distribuir de 20 para 32 cêntimos por ação.
Depois de ter ultrapassado a mítica cifra dos 1.000 milhões de euros de faturação, em 2022, a Corticeira Amorim perdeu vendas de 36 milhões no ano seguinte, tendo no último ano recuado 46,5 milhões em relação ao anterior, para um total de pouco mais de 939 milhões de euros.
O resultado líquido da líder mundial da cortiça teve uma trajetória ainda mais pronunciada neste período: os lucros caíram mais de um quinto em 2024 em relação ao exercício precedente, depois da queda de quase 10% registada no ano anterior face aos quase 100 milhões obtidos em 2022.
"Após resultados atribuíveis aos interesses que não controlam, a Corticeira Amorim encerrou o ano de 2024 com um resultado líquido de 69,7 milhões de euros, uma redução de 21,6% face ao período homólogo, penalizado também pelo aumento dos encargos financeiros decorrentes do maior endividamento médio", explica a empresa, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Os resultados não-recorrentes ascenderam a 1,4 milhões de euros.
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) consolidado caiu 11%, para 157,6 milhões de euros, enquanto a margem EBITDA recuou 1,2 pontos percentuais para 16,8%, "penalizada sobretudo pelos efeitos dos menores níveis de atividade, do aumento dos preços de consumo de matérias-primas cortiça e da qualidade da cortiça de alguns lotes trabalhados", explica a Corticeira Amorim.
Dividendo sobe, dívida desce
Apesar do recuo nos lucros em 2024, a administração liderada por António Rios Amorim propõe distribuir um dividendo bruto de 0,32 euros (referente aos resultados de 2024), mais 12 cêntimos do que nos três anos anteriores.
De destacar que, no final de dezembro passado, a dívida remunerada líquida da Corticeira Amorim ascendia a 195,7 milhões de euros, menos 45,2 milhões face a um ano antes, "impactada favoravelmente pela redução das necessidades de fundo de maneio (16,4 milhões de euros) e pela venda da Timberman (18,9 milhões de euros)", assinala a empresa com sede em Mozelos, Santa Maria da Feira.
Em termos comerciais, "o contexto adverso do mercado, com impactos significativos nos volumes, condicionou significativamente a evolução das vendas", que caíram 4,7% no último ano, sendo que todas as unidades de negócio da Corticeira Amorim registaram uma contração das vendas, com exceção da Amorim Cork Composites, que faturou mais 2,7%.
As vendas da Amorim Cork totalizaram 732,3 milhões de euros, o que significa que o negócio das rolhas gerou 76% da faturação consolidada da Corticeira Amorim.
Amorim Cork Solutions incorpora Flooring e Insulation
"Num contexto de mercado desfavorável, com acrescida incerteza e volatilidade, a resiliência da Corticeira Amorim e a contínua ação visando a melhoria da eficiência operacional e a otimização do mix, revelaram-se determinantes em 2024", considera o presidente da empresa, na mensagem que acompanha o comunicado publicado no site da CMVM.
António Rios de Amorim realça que "o ano foi também marcado pela aquisição da Intercap S.r.l., especializada na produção de cápsulas de ‘surbouchage’ para espumantes e vinhos tranquilos", que reforça as competências e a abrangência da empresa na sua oferta no segmento de vinhos espumantes.
E destaca a reorganização do negócio "não rolhas" numa única unidade de negócio, a Amorim Cork Solutions, "potenciadora de sinergias a todos os níveis, e a adoção de um novo modelo de distribuição nos revestimentos, privilegiando uma rede internacional de distribuidores em detrimento de empresas de distribuição próprias, o que implicou a alienação da participação detida na Timberman Denmark", recorda.
"Encaramos com otimismo o ano de 2025"
Sobre o novo ano, o empresário afirma que a Corticeira Amorim encara "com otimismo o ano de 2025, que se afigura igualmente desafiante".
"Acreditamos estar numa posição privilegiada para converter desafios em oportunidades, diferenciando-nos dos nossos concorrentes, respondendo com responsabilidade e qualidade à confiança dos nossos clientes", enfatiza, frisando que, "após dois anos consecutivos de forte inflação da matéria-prima cortiça, o resultado da campanha de 2024 foi mais favorável".
Já o negócio "rolhas" deverá "continuar condicionado pela evolução do consumo global, mas as melhorias do mix de produto, as iniciativas de melhoria da estrutura de custos e ganhos de eficiência operacional deverão traduzir-se em aumentos de rentabilidade", afiança.
De resto, conclui Rios de Amorim, "o novo modelo organizativo da Amorim Cork Solutions deverá fortalecer o negócio ‘não rolhas’, garantido uma maior flexibilidade operacional, otimizando os ativos existentes e potencializando a valorização da cortiça como matéria-prima de referência".