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"Joint venture" da família Azevedo com chilenos investe 50 milhões em Oliveira do Hospital
A Sonae Arauco, que é uma das maiores empresas mundiais de soluções derivadas de madeira, quer que a sua fábrica oliveirense, que emprega 200 dos 2.600 trabalhadores do grupo, seja uma “referência mundial do setor”.
Após uma semana de tensão política em Oliveira do Hospital, em torno da unidade de produção para autoconsumo de energia da Sonae Arauco, com a instalação de um parque de painéis solares na zona do vale do Alva, projeto que está a levantar muito polémica no concelho, a empresa anunciou esta sexta-feira, 4 de abril, que está a investir cerca de 50 milhões de euros na sua unidade oliveirense.
Com o objetivo de "reforçar a competitividade e a sustentabilidade das suas operações, potenciar as exportações e contribuir para a comunidade", os investimentos em curso abrangem "projetos nas áreas da economia circular, descarbonização e eficiência operacional, bem como a reflorestação e recuperação de zonas afetadas por incêndios", detalhe a Sonae Arauco, em comunicado.
"Os projetos em curso vão contribuir para fazer da unidade da Sonae Arauco em Oliveira do Hospital uma referência mundial no setor", garante Rui Correia, CEO da empresa.
"Estamos a investir na transição verde e digital da unidade de forma a melhorar a sua competitividade a longo prazo e a assegurar a sua sustentabilidade", realça, afiançado que os responsáveis da Sonae Arauco estão "comprometidos com a comunidade de Oliveira do Hospital, gerando valor económico e social para todos, nomeadamente ao nível da criação e redistribuição da riqueza e da melhoria do território e da floresta", aponta.
Na área da descarbonização, o grupo assegura ter assumido "o compromisso global de reduzir as emissões de dióxido de carbono (de âmbito 1 e 2) em 59% até 2029".
Além da implementação do projeto de produção de energia renovável solar para autoconsumo, que "permitirá assegurar cerca de 30% das necessidades da sua unidade localizada no concelho", ao nível da eficiência operacional o grupo diz que está a investir em dois novos armazéns em Oliveira do Hospital, que "vão permitir reforçar a competitividade da empresa e consolidar a sua capacidade de entrega".
Este projeto "inclui a digitalização e automação dos armazéns, bem como do processo produtivo, oferecendo ganhos de eficiência e melhoria do impacto das operações", salienta a Sonae Arauco.
Ao nível da economia circular, além de um investimento recente na criação de uma nova uma linha de pré-triturado, que "está já a permitir aumentar a capacidade de incorporação de madeira reciclada, com o objetivo de chegar aos 85% em 2026", a empresa está a estudar "o desenvolvimento de uma tecnologia inovadora para separar o MDF da estilha reciclada rececionada na fábrica".
Este investimento, sinaliza, "permitirá alavancar uma maior incorporação de madeira reciclada em soluções de MDF e sublinha o compromisso da empresa com a sustentabilidade e a inovação do setor", sendo que todos estes projetos industriais estão incluídos em agendas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A Sonae Arauco enfatiza, ainda, as suas atividades de reflorestação e de recuperação de áreas ardidas em Oliveira do Hospital, encontrando-se "já a gerir uma área ardida em 2017 no Vale da Macieira", e afiança que está "neste momento a negociar uma proposta de arrendamento e intervenção numa área de cerca de 50 hectares, que prevê controlo de invasoras, redução de risco de incêndios, gestão do pinhal existente, recuperação de linhas de água e plantação de folhosas".
"Oliveira do Hospital desempenha um papel central na estratégia do grupo, pelo que estamos a reforçar o investimento no concelho com projetos inovadores e sustentáveis que nos colocam na vanguarda do setor", conclui José António Silva, diretor da Sonae Arauco oliveirense.
A Sonae Arauco é um dos maiores empregadores no concelho, responsável por "mais de 200 postos de trabalho diretos e cerca de 600 empregos indiretos".
Detida em 50% pela chilena Arauco e outros 50% pela Efanor, "holding" da família de Belmiro de Azevedo, a Sonae Arauco emprega cerca de 2.600 pessoas em nove países (Portugal, Espanha, Alemanha, África do Sul, Reino Unido, França, Holanda, Suíça e Marrocos), opera 23 unidades industriais e comerciais, vendendo os seus produtos em 70 países.
Fechou o exercício de 2023 com uma faturação da ordem dos 900 milhões de euros.