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Greve na Navigator trava produção de papel e deixa sindicato “muito satisfeito”
Um dos sindicatos responsáveis pela greve de quatro dias nas unidades industriais do grupo Navigator, que termina à meia-noite deste sábado, declarou-se "muito satisfeito" pelo resultado alcançado, alegando que três fábricas não produziram papel.
O resultado alcançado pela greve de quatro dias nas unidades industriais do grupo Navigator, que termina à meia-noite deste sábado, 16 de novembro, deixa "muito satisfeito" um dos sindicatos responsáveis pela sua convocação, que alega que três fábricas não produziram papel.
Em declarações à Lusa, Paulo Ferreira, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Norte (SITE CN), disse que a unidade da Figueira da Foz do grupo Navigator "não produziu papel, as instalações estiveram fechadas e não saiu nenhum camião".
Na Figueira da Foz, a paralisação estendeu-se à pasta de papel - cuja máquina, segundo Paulo Ferreira, incorpora a pasta na produção de papel, enquanto em Setúbal também as duas máquinas de papel estiveram paradas, revelou.
Quanto à unidade de Vila Velha de Rodão, distrito de Castelo Branco, "a produção também foi bastante afetada, com as duas máquinas paradas", embora esta indústria produza "guardanapos e não papel de fotocópia" como acontece na Figueira da Foz, sublinhou.
Já a unidade da Navigator de Cacia, no distrito de Aveiro, "foi a única onde não houve adesão [à greve] pelos trabalhadores e se houve foi residual", admitiu o sindicalista.
Paulo Ferreira voltou a destacar que a paralisação de quatro dias decorreu "pela primeira vez em conjunto" nas quatro unidades industriais da Navigator, promovida por três sindicatos de diferentes localizações geográficas.
"O que prova que o plano de carreiras [uma das reivindicações dos grevistas] é abrangente para todos", frisou.
O dirigente do SITE CN revelou, por outro lado, que na segunda-feira as comissões de trabalhadores de Vila Velha de Rodão, Setúbal e Figueira da Foz vão reunir para avaliarem os resultados da greve e discutir futuras ações.
"Este processo não acaba aqui, a luta continua", enfatizou.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do grupo The Navigator Company disse que a empresa não tem mais comentários a fazer sobre a greve.
Em declarações anteriores, na quarta-feira, primeiro dia da paralisação, a Navigator reafirmou que "não encontra justificação para esta greve", lembrando que a empresa "reduziu o horário de trabalho de 40 para 39 horas semanais em 2019 e para as 38 horas semanais a partir de 2020".
Um fundo de pensões garantido a todos os seus trabalhadores e prémios de performance de mais de 80 milhões de euros atribuídos aos seus colaboradores nos últimos cinco anos foram outros dos argumentos do grupo empresarial para contestar a paralisação.
Na altura, o grupo empresarial adiantou que na fábrica de Aveiro não existia "nenhum trabalhador em greve" e que duas das três fábricas de papel de Setúbal estavam a funcionar, não indicando, no entanto, dados sobre a situação das unidades da Figueira da Foz e Vila Velha de Rodão.
Entretanto, em nota divulgada na sexta-feira, o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) anunciou ter questionado o Governo sobre a situação nas empresas do grupo Navigator e as reivindicações dos trabalhadores.
No texto, assinado pelos deputados Sandra Cunha, Joana Mortágua, José Soeiro e Isabel Pires e dirigida à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o BE pergunta se têm existido "ações inspetivas" às empresas do grupo Navigator, "nomeadamente com fundamento em discriminação salarial ou com base em inadequado enquadramento de carreiras" e quais os resultados dessas ações inspetivas.
Os deputados bloquistas pretendem ainda saber se o Governo "está disponível para promover a negociação entre as estruturas representativas dos trabalhadores e as empresas, com vista a alcançar um acordo que permita ir ao encontro das reivindicações dos trabalhadores e ao cumprimento da lei".