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Governo acredita que relatório sobre Efacec "vai suscitar grande discussão pública"
Em causa está uma auditoria do Tribunal de Contas que aponta para um agravamento do custo de nacionalização e posterior privatização da empresa da Maia. A intervenção pública custou 484 milhões de euros, mas a fatura pode ultrapassar os 500 milhões. "É muito dinheiro dos portugueses", reconhece o ministro da Presidência, Leitão Amaro.
O Governo acredita que as conclusões do relatório do Tribunal de Contas (TdC) sobre a operação de nacionalização e posterior privatização da Efacec vão "suscitar uma grande discussão pública" e "séria", esperando ainda pela divulgação pública do documento.
"O Governo teve conhecimento da versão preliminar do relatório do Tribunal de Contas e podemos dizer isto: uma discussão séria e atenta do país vai iniciar-se", afirmou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que fala em "muito dinheiro dos portugueses".
"500 milhões de euros - e pode ser mais. É muito dinheiro dos portugueses e o país merece e precisa que se discuta a qualidade, o rigor e a defesa do interesse público com que essas decisões foram tomadas", acrescentou o ministro da Presidência, que destaca o "impacto tremendo" e admite que outras "instâncias poderão avaliar", falando em "profundíssima preocupação". O ministro da Presidência atirou para o Parlamento o "espaço do debate político" sobre esta matéria. "O sítio certo na democracia portuguesa quando se faz o debate e responsabilização políticas, com um impacto tremendo, é o Parlamento. Outras instâncias podem analisar, como o Tribunal de Contas, para outro tipo de responsabilização", concluindo que "sabemos com profundíssima preocupação a dimensão do buraco feito para as contas dos portugueseses".
Em causa uma auditoria que o TdC está a terminar, mas que, de acordo com o jornal Observador, quantifica o valor do financiamento público em 484 milhões de euros até à privatização concluída em outubro de 2023. A versão preliminar indica que o Estado poderá ainda ter que suportar uma fatura adicional de 80 milhões de euros, elevando o montante injetado na empresa para 564 milhões, devido às responsabilidades contingentes assumidas pela Parpública na venda aos alemães da Mutares.
De acordo com o Observador, há potencial de ganho para o Estado numa nova venda da Efacec, mas a avaliação feita na versão preliminar da auditoria é a de que a nacionalização da empresa não cumpriu nenhum dos objetivos iniciais.
A parte significativa dos apoios públicos, no montante de 445 milhões de euros, foi realizada através da Parpública. A este valor juntam-se mais 35 milhões de euros do Banco Português do Fomento. No caso da Parpública, havia 200 milhões de euros de suprimentos, a que acresciam 231 milhões de euros colocados no fecho da operação — 201 milhões de capital e 30 milhões para fazer face a eventuais contingências em balanço na altura da venda.
O Observador dá ainda conta de um valor de 4 milhões gastos no processo de venda, segundo contabiliza o Tribunal de Contas na documentação preliminar da auditoria à Efacec, apurou o Observador. E ainda um montante referente a juros de suprimentos, que, aliás, estão em litígio entre a Parpública e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças.