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Altran com dificuldades em recrutar quadros para o Fundão

Dos 120 postos de trabalho a criar até 2015 através deste investimento de oito milhões de euros, 40 a 60 estarão a trabalhar até ao final do primeiro semestre.

28 de Fevereiro de 2013 às 00:10
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A Altran passou por "algumas dificuldades" na primeira fase de recrutamento de engenheiros para o centro de serviços "Nearshore", que arrancará em Março no Fundão. A informação adiantada por várias fontes – embora negada oficialmente pela multinacional francesa – foi confirmada ao Negócios pelo próprio presidente da Câmara, Paulo Fernandes: "Houve algumas dificuldades iniciais em arranjar, com qualidade, os recursos [humanos] necessários". Dos 120 postos de trabalho a criar até 2015 através deste investimento de oito milhões de euros, 40 a 60 estarão a trabalhar até ao final do primeiro semestre.

A Altran está desde 1998 em Portugal, onde emprega 400 pessoas e procura agora engenheiros informáticos, electrotécnicos e de telecomunicações "com sólidos conhecimentos de francês (preferencial) ou inglês". Um quadro especializado da empresa disse que "já tinha ouvido falar dessa dificuldade", sem "perceber o que se passa: ou oferece más condições ou a malta não quer ir trabalhar para aquela zona". Outro colaborador, que pediu igualmente anonimato, adiantou que "já havia até malta de Civil a concorrer e a entrar", pois "não estava fácil [o recrutamento] até saírem notícias em alguns jornais". Em meados de Janeiro, durante uma visita a Paris, Paulo Portas ajudou a dar visibilidade mediática ao projecto.

O autarca do Fundão explicitou que o reforço da publicitação das vagas acabou por "tornar-se viral", não excluindo a saída de "cérebros" para o estrangeiro nas causas do embaraço inicial. Alguns até poderão regressar, mas "os jovens licenciados serão a grande base de recrutamento". A Câmara está a prestar "apoio logístico e no envolvimento de facilitadores do recrutamento", como as Universidades da Beira Interior, Coimbra e Aveiro, e os Politécnicos de Castelo Branco e Guarda. O processo é "ongoing" e liderado pela Altran, que realizou duas sessões no Fundão no final de 2012 e no início deste ano, e optou por alargá-las a Coimbra e Aveiro, em Março.

Contactada pelo Negócios, a directora-geral da Altran Portugal, Célia Reis, negou as informações recolhidas no terreno e lembrou que o processo "vai continuar nos próximos meses". Sobre a procura de engenheiros fora de Portugal admitiu que, não sendo o "foco", "poderá ser necessidade pontual para passar conhecimento ou experiência para determinado projecto". Já no que toca à alternativa de contratar engenheiros civis para essas posições (por terem alguma programação no plano curricular), a responsável contrapôs que "determinados projectos ou necessidades podem exigir perfis diferenciadores".

Fábrica e pavilhão viram escritório

Apesar de ter recorrido aos "incentivos que o Governo disponibiliza a qualquer empresa", Célia Reis sublinhou que a escolha do Fundão deveu-se "a um conjunto de condições e programas de inserção na vida comunitária e de melhoria de qualidade de vida" oferecidos. A autarquia estima que 80% dos contratados cheguem de fora da região e que as condições "low cost" "diminuem o risco de rotatividade [de quadros], muito elevado nestas posições".

A primeira vaga de programadores ficará no último piso d’ A Moagem, uma antiga fábrica onde já funcionou um bar, uma discoteca e um espaço cultural e que agora é um espaço de "co-work" com 25 micronegócios já instalados. Em Junho, a Altran passará para o pavilhão multiusos, também no centro da cidade, que está a ser "refuncionalizado" para 2.500 metros quadrados de escritórios para empresas.

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