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A mais antiga fabricante alemã de calçado atira 420 pessoas para o desemprego em Portugal
A marca de calçado Peter Kaiser foi o único ativo que se salvou na falência da empresa, que fechou a fábrica na Alemanha e vai apresentar à insolvência a que tem em Felgueiras. O Bloco de Esquerda insta o Governo a encontrar uma solução para a viabilização da unidade portuguesa.
Em 1838, Peter Kaiser abria em Pirmasens, na Alemanha, uma fábrica de chinelos, que evoluiu para a produção de sapatos para mulheres, sob a marca do seu fundador.
Já neste século, decidiu abrir uma fábrica em Felgueiras, que emprega 420 pessoas e fechou 2019 com uma faturação da ordem dos 21 milhões de euros.
No final do ano passado, em resultado da crise pandémica, a mais antiga fabricante alemã de calçado apresentou-se à insolvência, tendo entretanto fechado a fábrica-sede e atirado os seus 170 trabalhadores para o desemprego.
Em sede de insolvência da Peter Kaiser Schuhfabrik, o ex-diretor-geral Stefan Frank e um casal de investidores firmaram a aquisição da marca de calçado, mas deixaram cair a área de produção.
Entretanto, no Norte de Portugal, a chamada "fábrica dos alemães", a P.C.F. - Produção de Calçado de Felgueiras informou os trabalhadores, no final da semana passada, de que iria avançar para a insolvência.
Com a maioria do pessoal em lay-off, tendo os restantes funcionários sido enviados para casa, a subsidiária portuguesa da Peter Kaiser não sobreviveu à falência da casa-mãe, que era a sua principal cliente e fornecedora.
No pandémico ano de 2020, a P.C.F. faturou menos um terço do que no ano anterior, tendo registado prejuízos de quase meio milhão de euros.
Em carta enviada aos seus funcionários, a P.C.F. explica que, "sem perspetivas de, num futuro próximo, existirem outros recursos que possibilitem a manutenção da atividade e o cumprimento das obrigações vencidas, sobretudo as obrigações perante os trabalhadores", a empresa "vê-se na obrigação legal de se apresentar à insolvência".
"Apesar de ser uma decisão difícil, é a única que, face às circunstâncias, permite assegurar e garantir o interesse de todos os envolvidos, na medida do possível", considera a P.C.F., que ainda não pagou parte dos salários de fevereiro.
Na passada sexta-feira, o Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre esta matéria, perguntando à ministra do Trabalho se "está a tutela disponível para analisar com a empresa, no quadro dos apoios extraordinários às empresas concedidos no contexto da pandemia, uma solução que permita a viabilização da empresa e a manutenção dos postos de trabalho.