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Mercado imobiliário espanhol a caminho do segundo crash da década

Os especialistas apontam para quedas de preços entre 6,5% e 15%. Desde a última crise em 2014 os preços dispararam 32%.

13 de Junho de 2020 às 15:00
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O mercado imobiliário em Espanha, avaliado em 6 biliões de euros, parece estar a caminho de um novo crash, de acordo com economistas que analisaram os efeitos da pandemia na procura de casas em Espanha.

 

É ainda muito cedo para estimar a dimensão total da quebra na procura causada pelas medidas do estado de emergência decretado em março, mas os especialistas estão a apontar para quebras nos preços de venda entre 6,5% e 15%.

 

"Estamos no prólogo de uma queda que só será visível em setembro", diz Gonzalo Bernardos, professor de economia da Universidade de Barcelona. "Até ao final do ano os preços devem descer 12%, uma vez que esta deverá ser a crise económica mais rápida que já tivemos".

 

Este provável "crash" surge depois dos preços do imobiliário em Espanha terem disparado 32% desde o início de 2014, altura em que terminou o anterior colapso do preço das casas. A descida dos preços do imobiliário acontece num país em que cerca de 80% das casas são detidas pelos seus moradores e onde os aforradores apostam no mercado imobiliário para aplicar as suas poupanças.

 

Grandes quedas

Há mais especialistas a apontar para quedas de preços acima de 10% este ano. É o caso de Raymond Torres, do think tank Funcas, e de Alejandro Inurrieta, economista que já foi consultor do Governo espanhol. Fernando Rodriguez de Acuna, diretor da consultora R.R. de Acuna & Asociados prevê uma descida de 6,5%.

 

As consultoras assinalam que nenhum fator é tão importante para definir o preço das casas como o crescimento do emprego e as perspetivas para a evolução da economia. De acordo com o Banco de Espanha, no pior dos cenários o PIB espanhol pode encolher 15% este ano e a taxa de desemprego – que já estava nos 14% antes da pandemia  - pode disparara para entre 18,1% e 23,6%.

 

Os dados apontam para uma correlação entre os níveis de infeção da convid-19 e a dimensão das quedas nos preços das casas.

 

Navarra e Castela e Leão, duas das regiões mais afetadas pela pandemia, registaram as quedas mais acentuadas nos preços em maio, face ao período homólogo, de acordo com a análise da Bloomberg aos dados do ministério da Saúde, do instituto de estatística espanhol e do Idealista.com, maior site de venda de casas em Espanha.

 

Em sentido contrário, as regiões com menos casos por 100 mil habitantes – Andaluzia,  Baleares e Murcia – assistiram uma subida de preços entre 3,8% e 6%.

 

Existem também alguns sinais de que o colapso do mercado imobiliário espanhol não vai ser tão severo como na crise anterior. Os preços das casas usadas em Espanha vão descer entre 6% e 7% este ano, mas também vão recuperar de forma muito mais rápida, diz Miriam Goicoechea, da CBRE.

"Não temos um excesso de oferta que tenha de ser vendida, nem temos o nível de endividamento que assistimos na crise de 2008", diz Goicoechea. "Estes dois fatores vão ditar que teremos uma recuperação muito mais rápida".

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