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Mais de 30% dos proprietários teme congelamento das rendas devido à inflação

"Assistimos a uma descrença dos donos de imóveis no Estado de direito", diz a vice-presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, entidade autora do Barómetro "Confiança dos Proprietários".

Alexandre Azevedo
29 de Agosto de 2022 às 15:22
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Mais de 30% dos proprietários teme a possibilidade de um congelamento administrativo das rendas, devido à subida da inflação, de acordo com um estudo da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP), divulgado esta segunda-feira.

A conclusão faz parte do 5.º Barómetro "Confiança dos Proprietários" da ALP, que reuniu 259 respostas, das quais mais de metade de proprietários de imóveis na Grande Lisboa.

Segundo o estudo, mais de um terço dos proprietários (36%) inquiridos assinala que o seu maior receio para 2023 é a manutenção do congelamento das rendas nos contratos anteriores a 1990, enquanto outro terço dos inquiridos (34%) teme a possibilidade de um congelamento administrativo pelo Governo de todas as rendas devido à subida da inflação.

Adicionalmente, os dados recolhidos mostram que "quase dois terços dos proprietários que participaram na V edição do Barómetro "Confiança dos Proprietários" da ALP (64,7%) suportam rendas antigas congeladas, e a esmagadora maioria da amostra (97,9%) não acredita que o Governo irá ter a coragem política necessária para acabar com o fenómeno que perdura há mais de um século nos contratos de arrendamento celebrados anteriormente a 1990", apontou a ALP.

"Assistimos a uma descrença dos donos de imóveis no Estado de direito e, por isso, os proprietários inquiridos já não acreditam que vá haver coragem para acabar com os valores irrisórios de décadas das rendas antigas, que nem sequer podem ser atualizadas anualmente pelo coeficiente legal da inflação, como temem novos congelamentos", comentou a vice-presidente da ALP, Iolanda Gávea.

Para a responsável, "os proprietários precisam de um sinal claro e concreto do Governo de que é seguro investir no arrendamento em Portugal, porque têm legitimamente desconfiança".

No arrendamento, proprietários antecipam que, até ao final de 2022, haverá menos imóveis disponíveis, rendas mais caras, e uma adesão marginal dos donos dos imóveis aos programas de arrendamento acessível e aos seguros de perda de rendas.

A ALP constatou ainda que 74% dos inquiridos encaram o segundo semestre do ano sem confiança na evolução do mercado imobiliário português.

Os maiores receios expressos pelos proprietários de imóveis prendem-se com o aumento da carga fiscal sobre a propriedade imobiliária (69,7% das respostas), maior morosidade nos processos de despejo por incumprimento (47,7% dos inquiridos), emergindo também o receio de uma fixação administrativa pelo Estado de valores de renda (mais de 45% da amostra).

Mais de metade dos inquiridos (52,3%) dos inquiridos admitem, porém, que o mercado imobiliário no seu todo não está ajustado aos níveis de rendimentos dos portugueses, mas 47,2% dos participantes consideram que os preços vão continuar a aumentar.

O estudo concluiu ainda que 57% dos respondentes acreditam que Portugal vai manter-se na rota do investimento estrangeiro e que serão clientes internacionais os maiores compradores em 2022.

O barómetro recolheu respostas entre 17 de junho e 15 de julho, através de um questionário anónimo partilhado junto dos associados da ALP.

A grande maioria dos participantes (94,2%) é proprietário de imóveis colocados no mercado de arrendamento tradicional.

Mais de metade (50,8%) da amostra é proprietário de até cinco imóveis urbanos e 22,3% das respostas são provenientes de proprietários que detêm até 10 imóveis no mercado de arrendamento.
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