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Inquérito: Portugueses querem o fim do Mais Habitação e Governo a combater a especulação imobiliária
Quase dois terços consideram que o novo Executivo deveria rever ou terminar com a implementação do polémico programa, e 60% defende guerra contra a especulação imobiliária, revela o inquérito da “proptech” Imovendo a 7.449 proprietários e compradores.
O novo Governo preconiza a revogação das "medidas erradas" do programa Mais Habitação, incluindo o "arrendamento forçado, congelamentos de rendas e contribuição extraordinária sobre o alojamento local".
Ora, um estudo de mercado promovido pela "proptech" Imovendo sobre o comportamento do Governo e as medidas que irá tomar a prazo sobre o mercado imobiliário em Portugal revela que a maioria dos interrogados (63,4%) considera que o Executivo liderado por Luís Montenegro deveria rever ou terminar com a implementação do Mais Habitação.
Apenas 26,8% das 7.449 respostas foram em sentido contrário, tendo havido quem defendesse "melhorar esse programa" ou até mesmo "acabar com sites como o da Imovendo".
Por outro lado, 54,8% espera que o Governo implemente medidas específicas de apoio aos proprietários e 71,4% acredita ainda que as propostas do Executivo podem trazer estabilidade no preço dos imóveis.
Sobre se acredita que o novo Governo deve tomar medidas para combater a especulação imobiliária, 59,5% respondeu de forma afirmativa, com 19% a não concordar com a intervenção estatal e 21,4% a manifestar mesmo não acreditar na existência de especulação, revela o estudo de mercado a que o Negócios teve acesso.
Relativamente às taxas de juro no crédito habitação, 42,9% prevê uma redução enquanto 38,1% sente que o novo Governo não fará diferença. Os remanescentes 19% dividem-se entre os que acreditam em estabilidade e os que esperam um aumento das taxas.
Num olhar mais global para o mercado, 40% dos inquiridos pela Imovendo acredita que as propostas do Governo AD podem impactar positivamente o mercado imobiliário, 26,2% acha que serão indiferentes, enquanto 16,7% avalia o potencial impacto como muito negativo.
"Numa época em que se atravessa uma séria crise financeira, os portugueses demonstram claramente que, enquanto há vida, há esperança, estando bastante expectantes com este Governo relativamente às medidas que irá implementar no mercado imobiliário", afirma Miguel Mascarenhas, CEO da imovendo.
Os inquiridos deixaram algumas sugestões, como "diminuam o IVA em obras de remodelação e de construção"; "promovam a portabilidade do crédito à habitação"; "baixem o imposto sobre as rendas"; "reduzam os impostos"; ou "promovam a transparência e lutem pelo fim da corrupção".
Se fosse deputado na Assembleia da República, que medidas sugeria para ajudar o mercado imobiliário português?, questionava a Imovendo no inquérito promovido, entre 21 e 26 de março.
"Baixa do imposto sobre as rendas (28%). Quem compra imóveis para arrendamento, ter um preço mais acessível, para poder arrendar a um valor mais barato", foi uma das respostas recebidas.
"Primeiro, voltar a permitir 100% de crédito nas habitações, beneficiando assim os jovens. Muitos têm possibilidade de pagar o crédito, mas não de ter a entrada para o imóvel. Depois, baixar o imposto ‘mais valias’, e, por último, reabilitar os edifícios do Estado degradados e alugar ou vender essas habitações", avança outro dos inquiridos.
Houve também quem considerasse como prioridade "facilitar o licenciamento na construção para haver mais oferta, estabilizando os preços das rendas e das habitações".