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Geração millennial agita mercado de casas de luxo nos EUA

Em nítido contraste com o estereótipo “preguiçoso” que definiu a sua geração, os mais jovens não estão a viver no sótão dos pais. Estão a comprar casas de milhões de dólares.

07 de Fevereiro de 2021 às 15:00
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Com 38%, os chamados millennials - adultos nascidos de 1981 a 1996 - representam a maior percentagem de compradores de casas nos Estados Unidos, de acordo com uma pesquisa da Associação Nacional de Corretores de Imóveis divulgada no ano passado. "Eles estão muito interessados em ter uma casa. Simplesmente esperaram mais tempo para comprar a primeira", diz Bradley Nelson, diretor de marketing da Sotheby’s International Realty.

Rompendo com a noção da "primeira casa" que as gerações mais velhas abraçaram, a geração de jovens ricos, diz Nelson, está a apostar em grande.

"No passado, as pessoas compravam uma propriedade modesta, viviam lá até começarem uma família e depois trocavam por uma propriedade maior", explica. "Para a geração dos millennials, não é incomum que a primeira compra seja uma casa de luxo multimilionária nos Estados Unidos ou internacionalmente."

Como resultado, essa geração está a tornar-se rapidamente uma força dominante no mercado imobiliário de ponta.

"Os baby boomers estão a reformar-se em locais mais ensolarados, enquanto o teletrabalho permitiu que a geração mais jovem subisse um degrau na escala da habitação em cidades menores e mais acessíveis", diz um novo relatório da Sotheby’s sobre o luxo global em 2021. "A ênfase em questões como a sustentabilidade aumentará certamente com o envelhecimento dos millennials que, com 72,1 milhões, é a maior geração adulta, com preferências de consumo únicas que influenciarão profundamente a direção do mercado de habitação de luxo."

Os millennials são a geração mais instruída da história, com rendimentos mais altos e maior possibilidade de herdar bens do que qualquer geração anterior, de acordo com relatório de maio de 2020 do Instituto Brookings.

Caracterizadas pelos seus valores tecnológicos e ambientalmente conscientes, as preferências dessa geração devem moldar dramaticamente o mercado, uma dinâmica que se vem revelando durante a pandemia de covid-19. Quase imediatamente após a chegada do coronavírus, por exemplo, os compradores começaram a aglomerar-se em áreas que ofereciam facilidade para caminhar, natureza e uma qualidade de vida completa.

Aspen, Colorado, Austin e Texas foram os principais beneficiários, explica Nelson. "É a diferença de escolher onde quer morar versus morar onde trabalha", diz.

O volume total de vendas em Aspen atingiu um recorde de mais de 1,5 mil milhões de dólares no terceiro trimestre, enquanto em alguns bairros de Park City, Utah, os preços médios de vendas aumentaram mais de 50% durante o verão, de acordo com a perspetiva de luxo da Sotheby’s para 2021.

Fora dos EUA, a Península de Mornington, na costa sudeste da Austrália, também viu um movimento semelhante, afirma o relatório.

Mudanças Permanentes

No futuro, os promotores provavelmente integrarão recursos de alta tecnologia em mais casas e concentrar-se-ão em reforçar as credenciais de sustentabilidade nos novos edifícios, diz Nelson.

Sistemas geotérmicos de economia de energia, painéis solares e telhados verdes, "são as características mais atrativas", acrescenta.

No geral, o mercado imobiliário de luxo está pronto para crescer.

De acordo com uma pesquisa da Sotheby’s International Realty de dezembro, 63% dos afiliados entrevistados disseram esperar que os preços das residências de luxo aumentem nos próximos três anos nos seus respetivos mercados. Mais de 70% dos entrevistados relataram aumento da procura no final de 2020.

Contrariedades

No curto prazo, porém, a distribuição desarticulada da vacina e as novas restrições à circulação podem prejudicar o interesse do comprador estrangeiro. Apenas um terço dos afiliados da Sotheby’s espera ver um aumento na procura no primeiro semestre de 2021, de acordo com o relatório.

Além disso, num contexto de quedas indiscriminadas nas receitas fiscais gerais causadas pela pandemia, os governos em todo o mundo estão a reavaliar os impostos sobre propriedade e riqueza como forma de preencher lacunas orçamentais.

"Para todos os compradores, as implicações fiscais serão centrais nas considerações sobre a compra de uma casa", diz Nelson.

Com o rápido crescimento de jovens compradores ansiosos para conquistar as casas dos seus sonhos, a geração de millennials tem poucas opções que respondam aos seus gostos exclusivos. "Os stocks estão quase em patamares mínimos históricos, especialmente para as casas com os recursos que procuram", afirma.

Ainda assim, Nelson acrescenta que com "a crescente criação de riqueza e o custo de capital a diminuir, há uma tempestade promissora para o mercado imobiliário de luxo".

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