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CTT e Sonae Sierra juntos num veículo com 398 imóveis no valor de 139 milhões
O operador postal manterá a maioria do capital do veículo que irá gerir o património imobiliário da empresa, indo para já vender 3,6% da CTT IMO Yeld à Sierra por cinco milhões de euros, prevendo vir a encaixar 37 milhões com a alienação de uma posição de 26,5% a outros investidores.
Cerca de 10 meses depois de terem anunciado o arranque de "negociações exclusivas" com um coinvestidor para a criação de um veículo para deter e gerir os seus ativos imobiliários, os CTT informaram o mercado que firmaram um acordo com a Sonae Sierra, o braço imobiliário do grupo liderado por Cláudia Azevedo.
"Os CTT e a Sierra, multinacional que opera de forma integrada no negócio imobiliário, anunciam um acordo para a criação de um veículo de investimento inovador, estratégico e de longo prazo, dedicado à gestão do património imobiliário dos CTT, que inclui cerca de 400 imóveis de logística, retalho e uso misto, distribuídos por todo o território nacional", avança a Sonae Sierra, em comunicado.
Já em comunicado à CMVM, os CTT detalham que o contrato de compra e venda de acções firmado com a Sierra prevê que esta fique, por cinco milhões de euros, com uma participação de 3,6% do veículo imobiliário, enquanto os "investidores adicionais, tanto institucionais como ‘family offices’, irão adquirir uma participação de 26,5%, representando um investimento de 37 milhões de euros".
Em causa está a transferência de 398 ativos, que totalizam 240 mil metros quadrados de área bruta locável, para o novo veículo, baptizado de CTT IMO Yeld, "com uma avaliação acordada da transação de 139 milhões de euros", lê-se no comunicado enviado pelos CTT à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
"O portefólio inclui ativos imobiliários de diversas tipologias, como retalho, logística, escritórios e outros, em localizações prime e secundárias em Portugal, estando mais de 50% do seu valor concentrado nos distritos de Lisboa e Porto. Estes ativos fazem parte das atuais e futuras redes de logística e de retalho dos CTT", realça o operador postal.
CTT com "a opção de reduzir a sua participação para um nível mínimo de 50,1%"
A transferência dos activos para o novo veículo irá decorrer em duas fases distintas – "a fase um, na conclusão da transação prevista para o segundo semestre de 2003, através da transferência depropriedades correspondentes a pelo menos 75% da valorização acordada", enquanto "a fase dois está prevista para ocorrer até 12 meses após a conclusão da fase um, com a transferência dos imóveis pendentes para a CTT IMO Yield".
A Sierra e os investidores irão adquirir ações do novo veículo nas duas fases da transação.
Seguir-se-á a celebração pelos CTT dos contratos de arrendamento para os ativos que integram a sua operação de retalho e logística, passando a ser o principal arrendatário da CTT IMO Yeld.
A CTT IMO Yeld será, então, convertida numa sociedade de investimento de capital fixo imobiliário (SICAFI) e a Sierra nomeada como gestora do património, devendo a operação de compra e venda de acões ser, finalmente, executada.
Após a conclusão da transação, que está ainda dependente do cumprimento de uma série de condições, incluindo as autorizações da CMVM e da Autoridade da Concorrência, "a CTT IMO Yeld será controlada integralmente no grupo CTT, não obstante, mantendo a opção de reduzir a sua participação para um nível mínimo de 50,1%", informa a empresa, que apresentou esta quinta-feira, 4 de maio, os seus resultados relativos ao primeiro trimestre deste ano.
CEO dos CTT: "Valorizar o património (…) enquanto mantemos o foco na nossa actividade ‘core’"
"É com enorme satisfação que hoje anunciamos a criação deste veículo para a gestão do património imobiliário dos CTT. Este passo, muito relevante, marca o início da estratégia de valorização destes ativos, com um modelo inovador, que permitirá uma gestão dinâmica do portefólio, acompanhando a evolução das necessidades da empresa e do mercado, quer em Portugal quer em Espanha", afirma João Bento, CEO dos CTT, no comunicado enviado pela Sonae Sierra às redacções.
"A escolha de um parceiro muito experiente na gestão destes ativos permite-nos captar investimento, valorizar o património e dispor de um apoio especializado para necessidades de relocalização para zonas mais interessantes, enquanto mantemos o foco na nossa atividade core", sublinha o mesmo gestor.
Já Luis Mota Duarte, CFO e responsável pela área de investment management da Sierra, considera que esta operação "enquadra-se na estratégia de crescimento do negócio de investment management da Sierra, focada na criação de veículos adaptados aos objetivos de rentabilidade e sustentabilidade de diferentes tipos de investidores".
Para o CFO do braço imobiliário da Sonae, "a confiança dos CTT reforça a posição da Sierra enquanto gestora de investimento imobiliário de referência na Península Ibérica e resulta das comprovadas competências" que o grupo garante ter nas várias áreas em que atua no mercado, "desde investment a development, asset e property management, que em conjunto perfazem todo o ciclo de desenvolvimento e gestão de um ativo e nos permitem entregar valor estratégico, comercial e operacional, de forma customizada, para melhor garantir uma rentabilidade sustentável", afiança.
(Notícia atualizada às 19:21)