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Carros autónomos profetizam um “boom” da construção nos subúrbios

O ano é 2027 (ou 2037), a era dos carros autónomos. Os moradores das cidades trocaram as chaves dos carros por serviços de transporte particular. Os lugares de estacionamento na rua foram substituídos por passeios mais amplos e ciclovias, enquanto as imobiliárias estão ocupadas a transformar garagens em casas, muito mais necessárias.

Krisztian Bocsi / Bloomberg
22 de Outubro de 2017 às 14:30
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Essa é uma visão de como os carros autónomos afectarão o mercado imobiliário dos EUA, apresentada num relatório do Centro Imobiliário do MIT. Mas não é a única. Mesmo que os espaços de estacionamento recuperados alimentem uma explosão da construção nas áreas centrais, os veículos autónomos estimularão as construtoras a avançarem mais para fora do raio urbano, confiantes de que os compradores de casas vão tolerar trajectos mais longos até ao trabalho quando não precisarem de conduzir, segundo o relatório, patrocinado por uma unidade da Capital One Financial Corp.

 

No primeiro cenário, as cidades assemelham-se mais a Nova Iorque, com ruas amigáveis para os pedestres e frotas de veículos autónomos para transporte público. No segundo, são mais parecidas a Dallas ou Phoenix, que já funcionam como uma colecção de bairros afastados do centro.

 

"Trata-se de uma polarização", disse Albert Saiz, co-autor do artigo, que também engloba assuntos como o futuro do espaço de retalho e estratégias para a produção de casas mais acessíveis. "Eu vejo ambas as coisas a acontecer ao mesmo tempo."

 

Caminho longo

Não existe clareza sobre quanto falta para que os veículos completamente autónomos estejam prontos para dominar as ruas, ou de como os governos decidirão regulá-los. As 25 maiores cidades dos EUA geraram um total combinado de 5 mil milhões de dólares no ano passado com multas de estacionamento, registos de veículos e outras receitas relacionadas, segundo os dados compilados pela revista Governing. Os governos também vão precisar de lidar com a probabilidade de que, com a queda do custo dos veículos, as empresas de frotas possam sobrecarregar as ruas com eles.

 

Em Nova Iorque, "o planeamento do uso de terrenos será permanentemente alterado" apenas em 2040 para acomodar os carros autónomos, segundo o estudo deste mês da Regional Plan Association, um grupo de estudo e defesa urbana da área metropolitana.

 

Ainda assim, Saiz está optimista sobre os carros autónomos irem liberar espaços para a construção. As construtoras imobiliárias já estão atentas a estruturas de estacionamento, postos de gasolina e concessionárias de automóveis, apostando que poderão dar uma nova utilidade às instalações quando a propriedade de veículos se tornar obsoleta, afirmou Rick Palacios, director de estudos da John Burns Real Estate Consulting.

 

Palacios também acredita que os veículos impulsionarão a expansão nas imediações das cidades, mas na sua opinião as construtoras começarão a renovar construções nas áreas urbanas centrais e passarão às áreas suburbanas depois de terminarem os espaços de estacionamento e outros terrenos antigos.

 

Em áreas urbanas já populares, os carros autónomos poderiam estimular a gentrificação e aumentar ainda mais o valor dos imóveis, revelou Saiz, por e-mail. Por outro lado, os veículos poderiam reduzir o valor dos imóveis ao criar uma nova oferta em áreas longe do centro.

 

"Lamento não ter uma única resposta", disse, "mas isto é ambíguo!"

(Título original: Driverless Cars Will Open the Door to a Building Spree)

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