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UE garante estar unida sobre gás russo: "Estamos todos de acordo que continuaremos a pagar em euros"
Bruxelas vai dar orientações detalhadas nos próximos dias sobre o que as empresas podem ou não fazer, para que não choquem com as sanções impostas à Rússia.
Em conferência de imprensa, após o Conselho extraordinário de Energia, a ministra francesa para a Transição Ecológica, Barbara Pompili, que conduziu os trabalhos dos ministros da Energia, foi confrontada com a possibilidade de países como a Hungria poderem vir a fazer cedências, mas a responsável garante que a mensagem foi unânime durante a reunião: "Estamos todos de acordo que continuaremos a pagar em euros e não permitiremos que os contratos sejam alterados unilateralmente", disse.
A comissária europeia adiantou ainda que Bruxelas vai dar orientações detalhadas nos próximos dias sobre o que as empresas podem ou não fazer, para que não choquem contra as sanções impostas à Rússia.
Bruxelas exibe frente unida contra a Rússia
Do lado português, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, confirmou que o tom reinante na reunião desta segunda-feira foi de apoio em peso da UE a estes países que enfrentam o não cumprimento dos contratos por parte da Gazprom, como a Bulgária e Polónia.
Unidade e rapidez foram precisamente as mensagens que os ministros europeus do Ambiente e Energia quiseram deixar em mais um Conselho Europeu extraordinário dedicado à energia, convocada de emergência depois da russa Gazprom ter decidido unilateralmente suspender o fornecimento de gás a vários Estados-membros.
"Houve da parte dos Estados membros uma condenação à Gazprom e foi demonstrada solidariedade aos países afetados", disse o ministro português à saída da reunião, em conferência de imprensa.
Ao mesmo tempo, disse Duarte Cordeiro, houve também a conclusão de "acelerar todos os processos de coordenação e mecanismos de solidariedade", dando prioridade a medidas legislativas como o "reforço da capacidade de armazenamento de gás, bem como a rapidez no processo das compras coletivas de gás natural e hidrogénio, para garantir a oferta a preços acessíveis a todos os países". No final de Maio, Bruxelas quer ter pronto para apresentar o plano RePower EU.
"Toda a reunião foi focada no gás e na Gazprom e nas respostas de curto e médio prazo" a esse problema, disse o ministro português.
Em cima da mesa poderá ter estado também o plano para um embargo de Bruxelas ao petróleo russo até ao final do ano, medida que já foi rejeitada pela Hungria, que está disposta a ceder às exigências e a pagar na moeda russa. O embargo poderá também abranger o gás natural, refere a Bloomberg.
"A rapidez é da maior importância aqui", disse aos jornalistas o ministro irlandês do Ambiente Eamon Ryan, à chegada a Bruxelas, citado pela Bloomberg. Apesar de cada país estar a tentar traçar o seu próprio plano para deixar de depender do gás russo – comprando a outros produtores mundiais, acelerando as renováveis ou usando outras fontes de energia, como o carvão, entre outras – a UE continua a insistir em projetar a imagem de uma frente unida contra as exigências do Kremlin de pagar o gás em rublos e assim provocar divisões no seio dos 27.
O que a União Europeia quer é um embargo gradual ao petróleo russo, mas a Hungria já avisou que vetará a decisão, se for demasiado apressada. Outros países querem uma ação mais rápida.
A Polónia, que defende o embargo ao petróleo russo, irá propor também a mesma sanção em relação ao gás, em simultâneo, avança a Bloomberg, citando a ministra do Ambiente Anna Moskwa. "Este é o próximo passo, é urgente e absolutamente necessário que seja incluído no próximo pacote de sanções", disse a responsável polaca.
(Notícia atualizada às 18:55)