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Setores intensivos em energia enfrentam fechos iminentes e pedem mais apoio

Os setores de consumo intensivo de energia foram atingidos pela escalada dos preços do gás e da eletricidade, que nalguns casos subiram dez vezes. Associações setoriais estão apreensivas, avisam que há empresas que podem fechar e pedem mais apoios. Governo quer aumentar ajuda à indústria dependente do gás de 400 mil para 500 mil euros, noticiou terça-feira o Público.

Miguel Baltazar/Negócios
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metalurgia está a pagar oito vezes mais de gás

As empresas metalúrgicas estão hoje a pagar oito vezes mais de gás do que pagavam. “As que aderiram às compras de grupo promovidas pela AIMMAP pagavam 20 euros o MW/hora e agora estão a pagar 160”, afirma Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da associação, frisando que até maio as empresas ainda beneficiaram da iniciativa, mas “com estes aumentos brutais antevemos que no último trimestre tenham muitas dificuldades”. Até agora “conseguiram acomodar o aumento dos custos com matérias-primas, energia e salários nos preços de venda”, que subiram 20% a 30%, adianta, acrescentando que no mercado doméstico já se sente alguma retração. “Estamos inquietos com o que pode vir a acontecer”, diz.

fecho iminente de 50 empresas de cerâmica

O problema da vertiginosa subida do preço do gás natural coloca o setor cerâmico nacional à beira do colapso. “O aumento do preço foi de entre cinco e 10 vezes. Um caso concreto: nos últimos seis meses, uma empresa que tinha uma fatura mensal de 500 mil euros passou para 2,5 milhões de euros”, sinalizou o presidente da associação do setor (Apicer). E deixou o alerta: “Há situações muito difíceis. Em setembro, algumas podem fechar em definitivo. Estimamos que possam vir a parar umas 50 por razões ligadas ao aumento do preço do gás natural.” Em vez do “insuficiente” apoio estatal de 400 mil euros, José Luís Sequeira defende a atribuição de um subsídio que cubra 75% do aumento do preço.

Indústria de componentes auto vai "falar com o ministro"

Com custos de energia que nalguns casos triplicaram, a indústria dos componentes para a indústria automóvel foi obrigada a “diminuir significativamente a margem”, lamenta o presidente da associação do setor, a AFIA. José Couto explica que os clientes “não aceitam reduções de preços”, o que obrigou os fornecedores a absorverem os custos acrescidos. “Esse foi o maior impacto”, afirma, acrescentando que as perspetivas não são otimistas: a seca agrava a produção energética, e por isso está “muito preocupado com o próximo ano”. O setor usa sobretudo eletricidade, e o apoio estatal é para as indústrias dependentes do gás, algo que José Couto defende que tem de ser alterado: “Teremos de olhar para os custos da eletricidade”, alerta.

Subida vertiginosa do jetfuel ameaça retoma da aviação

A aviação foi um dos setores que mais sofreram com aumentos vertiginosos no preço dos combustíveis. Para travar a forte subida desta despesa, as transportadoras aumentaram os preços das tarifas. Além disso, a aviação também sofreu restrições no tráfego aéreo. Com o encerramento do espaço aéreo ucraniano parou o tráfego de 3,3% do total de passageiros europeus e de 0,8% do tráfego mundial. A Rússia fechou o espaço aéreo a 40 países que também baniram as companhias russas. O país representa 5,2% do total do tráfego mundial, sendo utilizado por 24,2 milhões de passageiros. Sendo este um dos principais acessos à Ásia, as transportadoras foram forçadas a seguir novas rotas aumentando, entre uma e cinco horas, o tempo de voo entre a Europa e a Ásia.

combustíveis impactam na logística das papeleiras

Para além da energia elétrica, o setor da pasta e do papel sente o impacto que o aumento do preço dos combustíveis tem tido “em todas as operações logísticas, quer a montante das indústrias (com impactos nos custos da madeira) quer a jusante (com impactos no escoamento dos produtos, nomeadamente para exportação)”, diz Francisco Gomes da Silva. De acordo com o diretor-geral da Celpa, as empresas têm procurado incorporar os acréscimos de custos através de ganhos de eficiência, mas também já subiram os preços de venda, ainda que Gomes da Silva faça notar que parte dos aumentos se deve à recuperação da procura, na sequência do fecho de unidades industriais, o que a guerra na Europa ainda veio acentuar.
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