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REN não quer ser "sacrificada" por OPA da China Three Gorges à EDP
"Unbundling": É esta regra europeia que Rodrigo Costa espera que não venha a impor quaisquer problemas à REN. Tudo pela presença do Estado chinês no capital da EDP, reforçado no pós-OPA, e da REN.
A REN, que tem a chinesa State Grid como principal accionista, não quer sentir um efeito colateral da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela também chinesa China Three Gorges à EDP, segundo deixou claro o seu presidente executivo, Rodrigo Costa, em declarações ao Público.
"Não é opção para nenhum dos accionistas ver a empresa sacrificar nada disso que tem hoje", afirmou Rodrigo Costa ao jornal Público, à margem de uma cerimónia de assinatura de acordos entre empresas e a China, inserida na visita oficial do presidentes chinês a Portugal.
O receio de sacrifício de activos está relacionado com a OPA à EDP por uma razão: o cumprimento de regras europeias. A legislação comunitária obriga a uma separação entre o transporte a produção de energia, o chamado "unbundling".
A oferta precisa, aliás, de passar no crivo da Comissão Europeia – em que um dos pontos em análise é o cumprimento de regras do sector eléctrico com a separação entre as actividades de comercialização e produção do transporte.
O regulador, a ERSE, pode ter de ver a atribuição de certificação à gestora das redes eléctricas nacionais por conta do maior poder do accionista chinês na eléctrica comandada por António Mexia.
Isto porque a China Three Gorges, dona de 23% da EDP, lançou uma OPA para superar pelo menos a fasquia dos 50%. E há ainda uma participação de quase 5% da eléctrica nas mãos da estatal chinesa CNIC. A REN, por sua vez, tem 25% do capital nas mãos da chinesa State Grid.
A preservação da certificação atribuída pela ERSE à REN poderá mesmo ter de respeitar imposições caso a OPA seja bem-sucedida. Rodrigo Costa não admite. "Nós somos certificados. A certificação não é uma opção, faz parte do nosso contrato de concessão, e todos os accionistas, sem excepção, compreendem isso", continuou Costa ao jornal.
Rodrigo Costa não quis comentar o tema específico do desenrolar da OPA à EDP, ainda que admita que o está a seguir "bastante bem".
As ofertas da China Three Gorges sobre a EDP e EDP Renováveis foram lançadas em Maio, mas continuam sem grandes novidades, tendo em conta as autorizações regulatórias necessárias e as tensões entre Estados Unidos, onde a EDP Renováveis tem presença, e a China. António Mexia defendeu que a vinda do presidente chinês a Portugal nada mudou no calendário da oferta.